China vai adotar tarifa de 25% sobre 659 produtos dos EUA avaliados em US$ 50 bi, diz Xinhua

Publicado em 15/06/2018 17:14

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PEQUIM (Reuters) - A China vai impor uma tarifa adicional de 25 por cento sobre 659 produtos dos Estados Unidos avaliados em 50 bilhões de dólares, informou a agência de notícias oficial Xinhua citando a Comissão de Tarifas do Conselho de Estado.

Tarifas sobre 34 bilhões de dólares em bens dos EUA incluindo produtos agrícolas, aquáticos e automóveis entrarão em vigor em 6 de julho, noticiou a Xinhua, citando a comissão.

As tarifas também serão aplicadas a automóveis e produtos aquáticos, disse o ministério.

A lista de 659 produtos dos EUA foi mais longa do que uma lista preliminar de 106 produtos publicada pelo Ministério do Comércio em abril, embora o valor dos produtos afetados tenha permanecido inalterado em 50 bilhões de dólares.

Aeronaves, que estavam incluídas na lista chinesa anterior, não constavam da lista revisada.

A data efetiva das tarifas sobre os 16 bilhões de dólares remanescentes de mercadorias dos EUA será anunciada mais tarde, de acordo com o Ministério do Comércio. Entre os 16 bilhões de dólares em produtos dos EUA, estão petróleo bruto, gás natural, carvão e alguns refinados de petróleo.

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira tarifas de 25 por cento sobre 50 bilhões de dólares de importações chinesas, em um movimento que parece estar prestes a desencadear uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Trump disse que as tarifas serão impostas sobre uma lista de importações estrategicamente importantes da China. Ele também prometeu mais medidas se Pequim revidar.

"Os EUA ignoraram a oposição resoluta e a representação solene da China e insistiram em adotar comportamentos que violam as regras da Organização Mundial do Comércio", disse o Ministério do Comércio da China.

"Isso é uma violação dos direitos e interesses legítimos que a China tem direito, de acordo com as regras da OMC, e é uma ameaça aos interesses e à segurança econômica da China."

Guerra comercial assusta mercados e derruba bolsas (no ESTADÃO)

WASHINGTON - O governo Donald Trump desferiu na sexta-feira o ataque inicial da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, ao anunciar a imposição de tarifas sobre importações da China no valor de US$ 50 bilhões.

Horas depois, o governo chinês anunciou uma retaliação na mesma proporção, apesar da ameaça do presidente dos EUA de impor barreiras adicionais caso isso ocorresse.

O risco de uma escalada protecionista derrubou Bolsas de Valores em todo o mundo, em razão de seu potencial impacto negativo sobre o crescimento da economia e do comércio globais. O conflito com a China é o mais novo front de uma ofensiva que já opõe os EUA a seus mais próximos aliados, em razão de tarifas sobre aço e alumínio. E o conflito terá em breve mais um capítulo: o governo Trump deve anunciar dentro de duas semanas restrições a investimentos chineses no setor de tecnologia dos EUA.

Trump afirmou que as tarifas anunciadas na sexta-feira serão de 25%, impostas principalmente sobre bens que utilizam tecnologias “significativas” do ponto de vista industrial ou relacionadas ao Made in China 2025 – a política industrial que impulsiona o desenvolvimento de tecnologias que, aos olhos chineses, serão centrais para a economia do futuro, entre os quais robótica, tecnologia da informação, carros elétricos e equipamentos aeroespaciais. Celulares, TVs e outros bens de consumo foram excluídos por Trump.

Os EUA acusam a China de usar subsídios e empresas estatais para estimular esses setores e de exigir transferência de tecnologia de empresas americanas que buscam acessar o seu mercado consumidor. “Os Estados Unidos não podem mais tolerar perder nossa tecnologia e propriedade intelectual por meio de práticas econômicas desleais”, afirmou Trump na nota em que anunciou a medida, na qual acusa a China de “roubo”.

As tarifas serão aplicadas em duas etapas. A primeira atingirá importações de US$ 34 bilhões e entrarão em vigor no dia 6 de julho. Ainda não está definido quando a barreira sobre os restantes US$ 16 bilhões será adotada. A China vai retaliar nos mesmos valores e datas, com barreiras a centenas de produtos, entre os quais soja e automóveis.

A economista Monica de Bolle, do Peterson Institute for International Economics, disse que as tarifas sobre aço e alumínio já provocaram elevação de preços, movimento que deve se acentuar depois do anúncio de sexta. Se houver pressão inflacionária, ela deverá acelerar o ritmo de elevação de juros nos EUA, com impactos negativos sobre o Brasil. Marcos Jank, presidente da Aliança Agro Ásia-Brasil, teme que o confronto acabe em um acordo prejudicial às exportações do agronegócio brasileiro para a China.

Impacto. Empresas americanas e o governo da China se uniram nas críticas à decisão de Donald Trump de impor tarifas sobre a importação de US$ 50 bilhões em produtos do país asiático. Mas a medida deve agradar à base do presidente, a cinco meses da eleição crucial que definirá o controle do Congresso e o futuro de seu governo.

“No presente momento, lançar uma guerra comercial não é do interesse do mundo”, disse nota divulgada pelo Ministério do Comércio da China. “Nós conclamamos todos os países a atuarem em conjunto para frear com firmeza esse movimento ultrapassado e retrógrado.”

Presidente da principal entidade empresarial americana – a Câmara de Comércio dos Estados Unidos –, Thomas Donohue divulgou declaração contrária à medida. “A imposição de tarifas coloca o custo das práticas comerciais desleais da China diretamente sobre os ombros dos consumidores, fabricantes, fazendeiros e rancheiros americanos. Essa não é a abordagem correta.”

Arthur Kroeber, da consultoria Gavekal, disse ver chance “zero” de Pequim modificar as políticas industriais previstas no programa Made in China 2025 em razão das tarifas de Trump. Segundo ele, setores importantes de ambos os lados serão prejudicados, mas as economias como um todo não sofrerão tanto. 

Como exporta mais para o mercado americano do que importa, a China tem mais a perder em um primeiro momento, observou Kroeber. Mas a continuidade da guerra comercial deve afetar a imagem dos EUA e reduzir no longo prazo a sua credibilidade internacional. 

Em sua avaliação, as restrições a investimentos no setor de tecnologia que deverão ser impostas por Trump dentro de duas semanais serão mais prejudiciais para a China do que as tarifas. “Investimentos chineses no setor de tecnologia nos EUA, na Europa e no Japão são um dos elementos da estratégia de Pequim para avançar no setor tecnológico”, observou Kroeber.

Estratégia. Monica de Bolle, do Peterson Economic Institute, também não vê possibilidade de a guerra comercial forçar a China a mudar sua política industrial. Em sua opinião, o que o governo Trump chama de “roubo” de tecnologia é uma estratégia legítima de desenvolvimento adotada por um país emergente. “A China exige que certas empresas americanas que queiram entrar em seu mercado façam parcerias com empresas locais e transfiram tecnologia. A empresa tem a escolha de entrar ou não.”

Trump usou a necessidade de proteger o setor tecnológico dos EUA como justificativa da medida protecionista anunciada. “Nós temos o poder de grandes cérebros no Vale do Silício, e a China e outros roubam esses segredos e nós vamos proteger esses segredos. Eles são as joias da coroa deste país”, declarou o presidente em entrevista à rede Fox News.

Mas representantes desse setor supostamente beneficiado também criticaram a imposição de barreiras às importações. “Tarifas são a resposta errada às práticas comerciais discriminatórias e prejudiciais da China. Ao impor sanções sobre bens de consumo e componentes essenciais desses bens, o presidente vai tirar dinheiro do bolso dos americanos de maneira desnecessária, prejudicando as pessoas que ele espera ajudar, não punindo a China”, declarou Dean Garfield, presidente do Information Techology Industry Council, que reúne grandes empresas do setor, entre as quais Amazon, Apple e Google.

Com uma cadeia de produção que se estende dos Estados Unidos à China e abrange outros países asiáticos, a Apple foi uma das empresas que se manifestaram de maneira mais aberta contra as tarifas no período anterior ao anúncio de Trump. O presidente da companhia, Tim Cook, se reuniu com o presidente na Casa Branca em abril, e disse ter levantado a questão do protecionismo.

“Eu falei sobre o comércio e a importância do comércio e como eu acredito que dois países realizando comércio entre eles tornam a torta maior”, disse Cook no mês seguinte em entrevista à Bloomberg Television. “Eu senti que tarifas não eram a abordagem certa. Eu mostrei a ele (Trump) algumas coisas analíticas que demonstravam o por quê.”

A julgar pela decisão, Cook não foi convincente o bastante. No fim, Trump foi fiel à sua retórica de campanha e à sua promessa de confrontar a China quando chegasse à Casa Branca.

Brasil. O Brasil não tem a ganhar com a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China e corre o risco de pagar parte da conta caso as duas maiores economias do mundo cheguem a um acordo para ampliar as exportações americanas para o país asiático, avaliou Marcos Jank, presidente da Aliança Agro Ásia-Brasil, entidade criada no ano passado para promover a imagem do agronegócio brasileiro na Ásia.

Jank acredita que Washington e Pequim estão medindo forças com o anúncio de tarifas e de retaliações. Em sua opinião, os dois lados acabarão chegando a um entendimento, que envolverá o aumento das compras chinesas de produtos agroindustriais dos EUA, em detrimento de competidores diretos, como o Brasil.

O movimento nessa direção já começou a ocorrer, ressaltou, com a imposição de medidas antidumping pela China contra a importação de frango brasileiro, na semana passada. O produto nacional havia conquistado espaço no país asiático depois da suspensão de embarques de frango dos EUA, em 2010, e da adoção de medidas antidumping em 2015, lembrou Jank. Segundo ele, ao impor a barreira ao Brasil, a China abre espaço para ampliar as compras de frango dos EUA. “A estratégia de Trump é apertar para forçar uma negociação. O meu temor é o que pode sair dessa negociação”, disse Jank em entrevista da Austrália por telefone.

O executivo lembrou que o Brasil é o principal concorrente dos EUA em vários segmentos do agronegócio, entre os quais mencionou soja, carne bovina, frango e suco de laranja. “Se houver um grande acerto, isso terá impacto em vários setores, mas para o agronegócio brasileiro ele pode ser muito ruim”, observou Jank, que vive em Cingapura. “O Brasil é o terceiro maior exportador agrícola do mundo e é um forte concorrente dos Estados Unidos.”

A tentativa de aplacar Trump com possíveis concessões no setor vai além da China, disse Jank. Em abril, o Japão flexibilizou exigências de emissões de combustível à base de etanol, o que beneficiou os produtores americanos em detrimento dos brasileiros.

O cenário de uma prolongada guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo também será ruim para o Brasil, já que reduziria o ritmo global de crescimento da economia e do comércio, avaliou. “Quando os elefantes brigam, quem apanha é a grama. Nós somos a grama nessa história.” (O Estado se S. Paulo).

EUA anunciam tarifas sobre US$ 50 bilhões de importações da China

 

O governo dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira (15) a implementação de uma tarifa de 25% sobre US$ 50 bilhões em bens importados da China a partir de 6 de julho, e prometeu impor mais taxas se a China adotar medidas retaliatórias, elevando a tensão comercial entre as maiores potências do mundo.

Trump afirmou que a lista inclui bens do plano estratégico chinês "Feito na China 2025" para dominar indústrias emergentes de alta tecnologia que "levará crescimento econômico futuro para a China, mas prejudicará o crescimento econômico para os Estados Unidos e muitos outros países".

“À luz dos roubos de propriedade intelectual e de tecnologia que a China tem feito e de suas outras práticas injustas de comércio, os Estados Unidos irá implementar tarifas de 25% sobre US$ 50 bilhões de bens da China, que contenham tecnologias industrialmente significativas”, afirmou Trump, em comunicado.

Veja a notícia na íntegra no site do G1

China diz que vai reagir a novas medidas tarifárias dos EUA

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PEQUIM (Reuters) - A China planeja impor medidas tarifárias contra os Estados Unidos de tamanho e intensidade similares às novas tarifas norte-americanas em resposta ao anúncio do governo dos EUA, em meio a uma disputa comercial entre os dois países.

As declarações do Ministério do Comércio chinês foram feitas poucos minutos depois do anúncio pelo presidente norte-americano, Donald Trump, de que os EUA adotarão uma tarifa de 25 por cento sobre 50 bilhões de dólares em bens da China relacionados a propriedade intelectual e tecnologia, prometendo mais taxas se a China adotar medidas retaliatórias.

"A China não quer uma guerra comercial, mas o lado chinês não tem opção a não ser se opor fortemente a isso, devido ao comportamento míope dos Estados Unidos que afetará ambos os lados", disse o Ministério do Comércio em seu site.

(Reportagem de Zhang Min em Pequim e Lee Chyen Yee em Cingapura)

Tarifas de Trump são por enquanto erro menor para economia dos EUA (análise da Reuters)

WASHINGTON (Reuters) - As tarifas comerciais impostas pelo governo do presidente norte-americano, Donald Trump, vão reduzir levemente o crescimento dos Estados Unidos e elevar também ligeiramente a inflação no país, uma consequência menor para uma economia de 19 trilhões de dólares que está passando pela segunda fase mais longa de expansão econômica já registrada.

Nesta sexta-feira, Trump impôs tarifas sobre 50 bilhões de dólares em importações da China, uma decisão que veio após decidir pesadas sobretaxas sobre compras de aço e alumínio, que passaram a valer neste mês.

Consumidores e empresas norte-americanas incorporaram o custo das tarifas e a economia em crescimento adicionou mais empregos e reduziu o desemprego para níveis não vistos desde a década de 1960.

Os custos até agora têm sido administráveis e o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, afirmou que a sobretaxa sobre os metais, por exemplo, vai adicionar algumas centenas de dólares ao custo de um automóvel.

A retaliação comercial da China até agora foi confinada principalmente ao setor agrícola, uma pequena parte da economia norte-americana.

Mas isso pode mudar se Trump seguir adotando mais medidas protecionistas, possivelmente disparando uma venda de ações que prejudicaria a confiança dos empresários e dos consumidores, disse Michael Gapen, economista-chefe do Barclays nos EUA.

Os riscos surgem em um momento em que o Federal Reserve tem levado os juros dos EUA para terreno positivo em termos reais pela primeira vez em uma década, uma medida que vai elevar o custo do crédito.

Trump já ameaçou anular o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) após um ano de negociações com Canadá e México, e ordenou uma avaliação sobre se os EUA deveriam impor tarifas sobre importações de veículos sob o argumento de que elas prejudicam a segurança econômica do país.

"Políticas contra o comércio, particularmente tarifas, atuam como um imposto para consumidores e empresas ao elevarem os custos. Ao criar incertezas, elas também pesam sobre o valor de ativos, o que pode pesar sobre o gasto das famílias e reduzir incentivos para investimento de empresas", disse Gapen, do Barclays.

As medidas unilaterais de Trump vão muito além de ações tomadas pelos EUA na história. Antes de Trump, a maior medida comercial adotada pelo país foi imposta na década de 1980, quando Washington forçou o Japão a limitar suas exportações de veículos.

O principal negociador de Trump, Robert Lighthizer, foi fundamental para a medida, que ajudou a proteger as montadoras de veículos da competição japonesa, mas não sem um custo.

Segundo estimativa do centro de pesquisas PERC, o custo adicional ao preço de um carro para consumidores dos EUA subiu em 1.200 dólares por veículo. No geral, o prejuízo dos consumidores somaram 13 bilhões de dólares, afirmou o centro em relatório de 1999.

China, Europa, Canadá e México não se curvaram aos EUA da mesma forma que o Japão fez na década de 1980 e lançaram medidas retaliatórias.

Os aliados dos EUA se mostraram contrariados com a recusa de Washington em negociar exceções para as tarifas sobre importações de aço e alumínio e a questão foi discutida pelo G7 neste mês, em uma cúpula que deixou Trump isolado.

(Por David Chance)

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Fonte:
Reuters

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1 comentário

  • Dalzir Vitoria Uberlândia - MG

    Quem determina preço é oferta e demanda e nao briga de tarifas... vai haver troca de fornecedores.. A produção e consumo e o mesmo...vocês acham que chines é burro dando tiro no próprio pé???? Deixem de ser inocentes.. Cada um cuida de si...gastar menos e ganhar mais para sobrar mais...olhem o que chineses fizeram com o frango..e nós, os bobos, ficamos quietos.. .deixemos de ser inocentes..trouxas...a soja - mantida a perspectiva da safra americana - seguirá a tendencia de baixa e chegará próximo a US$ 8 o bushel... talvez o que salve o produtor seja o dólar devido a instabilidade politica e a incerteza dos candidatos pra resolver o déficit publico... ou seja, nenhum candidato disse como vai resolver...portanto burro o mercado não é... pois, sem resolver o rombo público, vamos continuar na decadência... e com povo idiota achando que vai haver algum milagreiro... e os milagreiros seguem em campanha falando o que o povo quer e não como resolver os problemas ...pois a verdade exige cortes de privilegios... mas que resulta em perda de votos... Gostamos de ser enganados..i

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