Ibovespa fecha em queda com apreensão contínua sobre cena eleitoral e economia no Brasil

Publicado em 06/06/2018 18:37

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa, principal índice de ações da B3, fechou em queda pelo segundo pregão seguido nesta quarta-feira, chegando a se aproximar das mínimas do ano, com o cenário eleitoral incerto e preocupações sobre a economia brasileira mantendo investidores melindrados.

No final do pregão, o Ibovespa acusou queda de 0,68 por cento, a 76.117 pontos. No pior momento do dia, caiu 1,5 por cento, a 75.517 por cento, perto da mínima intradia do ano, de 75.336 pontos, registrada no começo da semana passada. O volume financeiro na bolsa nesta sessão somou 12,983 bilhões de reais.

A queda só não foi maior por causa do desempenho das exportadoras, algumas delas com peso relevante no Ibovespa, como a mineradora Vale, que se beneficiam do maior patamar do dólar ante o real.

Das 67 ações que compõem o Ibovespa, apenas 16 subiram, enquanto as demais 51 encerraram o dia no vermelho.

Entre as maiores quedas, figuraram papéis atrelados ao desempenho da economia doméstica, particularmente consumo, conforme a atividade vem reagindo de forma mais lenta do que o esperado e os dados de emprego ainda não animam.

Na visão do diretor de gestão da Mapfre Investimentos, Carlos Eduardo Eichhorn, a perspectiva é de volatilidade na bolsa à frente, principalmente por causa das eleições e diante da possibilidade de dados começarem a confirmar a piora da economia, em particular após a greve dos caminhoneiros.

"A cada pesquisa, dependendo do que mostrar, pode haver um rebalanceamento das expectativas eleitorais e levar a movimentos abruptos", disse, reforçando que há muitas incertezas no horizonte. "E daí sobra volatilidade", acrescentou.

A Bovespa voltou a destoar de suas pares no exterior nesta sessão, com Wall Street encerrando com alta em seus principais índices, enquanto o índice MSCI de ações de mercados emergentes avançou 0,57 por cento - embora o movimento externo tenha ajudado a limitar as perdas locais.

Profissionais da área de renda variável também veem a bolsa fragilizada pela saída de estrangeiros, com os primeiros dois pregões do mês já mostrando saída líquida de 2 bilhões de reais dessa classe de investidores. No ano, o saldo já está negativo em 6 bilhões de reais.

Em relatório mais cedo, a equipe da corretora H.Commcor destacou que investidores estão sem razões para retomar as compras de ativos brasileiros em uma conjuntura altamente incerta em termos econômicos, fiscais e eleitorais.

DESTAQUES

- ITAÚ UNIBANCO PN caiu 2,54 por cento, em sessão negativa para o setor bancário como um todo, tendo no radar notícia de que o maior banco privado do país perdeu uma disputa de 2,7 bilhões de reais com a União relacionada à operação que formou o conglomerado, há dez anos, segundo o jornal Valor Econômico. O Itaú disse que vai recorrer.

- PETROBRAS PN fechou em baixa de 1,57 por cento e PETROBRAS ON recuou 0,57 por cento, conforme os papéis seguem afetados pelos receios sobre a autonomia da petroleira.

- B2W caiu 6,95 por cento, destaque de baixa do Ibovespa, com papéis ligados ao consumo novamente pressionados dada a retomada mais lenta do que o previsto da atividade econômica e dados ainda fracos sobre emprego. MAGAZINE LUIZA recuou 5,53 por cento.

- GOL PN perdeu 5,40 por cento, em meio à valorização do dólar ante o real, que tem impacto nos custos das companhias aéreas. A Gol divulgou alta de 2,6 por cento na demanda doméstica em maio. A sua controlada SMILES desabou 9,32 por cento.

- VALE subiu 4,36 por cento, no segundo pregão seguido de ganhos, acompanhando a elevação do preço do minério de ferro à vista na China, mas também beneficiada pela valorização do dólar ante o real, que fechou em alta de 0,75 por cento, a 3,8384 reais.

- SUZANO valorizou-se 7,58 por cento, em meio a um ambiente ainda favorável para aumento de preços de celulose, além do efeito benigno do movimento de fortalecimento do dólar frente à moeda brasileira.

- MARFRIG subiu 1,25 por cento, tendo também de pano de fundo o anúncio de que finalizou a compra de 51 por cento da norte-americana National Beef Packing Company, após receber na véspera as autorizações necessárias para finalizar a aquisição.

Ritmo de crescimento do 1º tri possivelmente não se repetirá à frente, diz ministro do Planejamento

BRASÍLIA (Reuters) - A recuperação da economia brasileira vinha ocorrendo em escala crescente no primeiro trimestre, mas o ritmo perdeu força e não se repetirá nos próximos trimestres, disse nesta quarta-feira o ministro do Planejamento, Esteves Colnago.

A economia brasileira acelerou ligeiramente no primeiro trimestre deste ano e cresceu 0,4 por cento ante os três meses anteriores, informou o IBGE. Mas os 11 dias de paralisação de caminhoneiros, com desabastecimento e perdas econômicas, deve reduzir a marcha da economia, segundo economistas. 

Caso o ritmo do primeiro trimestre se repetisse, o Produto Interno Bruto (PIB) terminaria 2018 com expansão de 1,6 por cento, segundo cálculos da Reuters a partir dos números divulgados pelo IBGE. A previsão oficial do governo, no entanto, é de 2,5 por cento de expansão neste ano.

Segundo o ministro, o governo ainda trabalha com estimativas produzidas em março e incluídas na chamada grade de parâmetros orçamentários, um conjunto de estimativas de inflação, crescimento, juros, massa salarial, produção industrial, comércio exterior entre outros.

Porém, ressaltou Colnago, o governo pode revisar os dados ao longo do ano. De acordo com informações do Ministério da Fazenda, o objetivo da grade de parâmetros orçamentários é representar um cenário base que permite uma estimativa mais precisa de receitas e despesas do governo federal e maior previsibilidade sobre coleta de impostos.

Colnago disse ainda que o governo continuará gerando déficits primários até 2021, data em que a relação da dívida bruta com o PIB atingirá 81,1 por cento, durante apresentação na Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional. Naquele ano, as despesas obrigatórias vão representar 98 por cento do Orçamento, acrescentou.

Segundo o ministro, a despesa primária tende a cair em relação ao PIB devido a imposições do chamado teto de gastos, que impede o governo de elevar os gastos públicos acima das despesas do ano anterior, atualizadas pela inflação. O teto permite a geração de superávits primários em seis ou sete anos, acrescentou o ministro.

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Fonte:
Reuters

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