Ibovespa recua 3% e tem maior queda em um ano com forte correção disparada por Copom

Publicado em 17/05/2018 18:10

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SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa brasileira fechou em forte queda nesta quinta-feira, conforme a manutenção da taxa básica de juros do país, contrariando expectativas de corte, pressionou ações de consumo e abriu espaço para um ajuste negativo amplo no pregão, endossada pelo viés pessimista em outros mercados emergentes.

O Ibovespa caiu 3,37 por cento, a 83.622 pontos, maior queda desde maio do ano passado. O volume financeiro da sessão somou 17,278 bilhões de reais, bem acima da média diária do mês, de 12,6 bilhões de reais. No exterior, o índice MSCI de ações de mercados emergentes caiu 0,95 por cento.

No Brasil, o Copom manteve na quarta-feira a Selic em 6,50 por cento ao ano, justificando que o cenário externo tornou-se mais desafiador e apresenta volatilidade, apesar de reconhecer que a atividade econômica do país perdeu força e o comportamento da inflação continua favorável.

"Parece que este é o piso da Selic e que o próximo movimento, quando acontecer, será de alta", disse o Itaú Unibanco, em nota a clientes, ainda no final da quarta-feira.

O analista de investimentos da Modalmais, Leandro Martins, destacou que a manutenção da Selic surpreendeu o mercado e atingiu principalmente as ações de consumo e varejo, que vinham se beneficiando do cenário de cortes de juros, mas também contaminando outros papéis.

"A bolsa estava ensaiando uma recuperação, com o Ibovespa tendo tocado na véspera máxima em dois meses...o Copom mudou bem o cenário", afirmou Martins

O analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila, também atribuiu o movimento na bolsa nesta sessão à decisão do BC, destacando que a retomada da atividade econômica ainda é bem lenta e agora ficou sem o instrumento de juros. "O mercado já especula que a Selic pode subir em setembro", afirmou.

Preocupações com a cena política também respingaram na bolsa, em meio a apreensões sobre eventual avanço do pré-candidato à Presidência da chamada centro-esquerda Ciro Gomes (PDT). A equipe XP Política disse em nota a clientes que há possibilidade concreta de uma aliança de Ciro com o PT.

DESTAQUES

- B2W e VIA VAREJO UNIT caíram 6,16 e 5,50 por cento, respectivamente, com o setor de varejo e consumo como um todo sofrendo após a decisão do Copom.

- BRF recuou 5,82 por cento, tendo no radar também revisão da perspectiva do rating da empresa de alimentos pela Fitch para "negativa", enquanto a nota de crédito foi mantida em "BBB-".

- TIM perdeu 6,36 por cento, com o noticiário da operadora de telefonia incluindo que fechou contrato com a sua controladora, a Telecom Italia, de licenciamento do uso da marca TIM. O presidente da Telecom Italia também descartou qualquer venda da operadora.

- ESTÁCIO cedeu 5,75 por cento, mesmo após prorrogação de programa de recompra de ações, em movimento também influenciado pela manutenção inesperada da Selic. KROTON perdeu 5,53 por cento.

- ITAÚ UNIBANCO PN caiu 5,23 por cento, em sessão negativa para o setor bancário de modo geral. BRADESCO PN cedeu 4,16 por cento.

- VALE recuou 0,93 por cento, contaminada ainda pelo declínio dos preços do minério de ferro à vista na China.

- PETROBRAS PN caiu 5,26 por cento e PETROBRAS ON cedeu 4,49 por cento, após forte ganhos recentes que colocaram as cotações nas máximas desde 2010. Investidores seguem atentos ao noticiário relacionado às negociações sobre o acordo da cessão onerosa entre a companhia e a União. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que um acordo deve ser concluído na semana que vem.

- ELETROBRAS ON subiu 1,28 por cento, tendo no radar notícia do jornal Valor Econômico de que o governo pretende se valer de uma norma do regimento da Câmara dos Deputados para acelerar a votação da proposta de privatização da companhia. ELETROBRAS PNB caiu 1,13 por cento.

Wall St fecha em leve queda por preocupações com comércio e preço do petróleo

NOVA YORK (Reuters) - Wall Street encerrou uma sessão volátil em queda nesta quinta-feira, com investidores enfrentando crescentes tensões comerciais e elevação nos preços do petróleo.

O índice Dow Jones caiu 0,22 por cento, a 24.714 pontos, enquanto o S&P 500 perdeu 0,085584 por cento, a 2.720 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 0,21 por cento, a 7.382 pontos.

Comentários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que a China "ficou muito mimada no comércio" geraram dúvidas sobre seus esforços de evitar uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, aumentando tensões de investidores no início de uma segunda rodada de negociações de alto nível.

"Eu acho que essa bagunça comercial está certamente afetando o humor", disse Jim Bell, diretor de investimentos da Bell Investment Advisors.

"Isso está ficando muito real, empresas americanas estão sofrendo", disse Bell. "O problema com tarifas é que elas são sempre ruins, elas sempre aumentam os custos de quase tudo para consumidores e elas destroem mais empregos do que criam."

Conflitos no Oriente Médio sugeriram uma redução da oferta de petróleo e levaram os preços do petróleo para seu maior nível em três anos e meio. O índice de energia do S&P 500 subiu 1,3 por cento, maior ganho entre os principais setores do S&P.

As ações de small caps dos EUA performaram melhor do os rivais maiores. O índice Russell 2000 fechou em uma máxima recorde pelo segundo dia consecutivo, enquanto empresas maiores com mais exposição internacional foram pressionadas pelos crescentes preços do petróleo e um fortalecimento no dólar.

"Companhias menores não estão tão expostas às dinâmicas do comércio internacional", disse Bell.

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Fonte:
Reuters

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