Subida do dólar é normal; é preciso olhar expectativa de inflação para decisão sobre juros, diz Ilan à GloboNews

Publicado em 09/05/2018 07:37

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Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou na noite de terça-feira que a subida do dólar frente ao real é normal em relação ao que vem ocorrendo no mundo, também destacando que o país está preparado para lidar com a tensão vista nos mercados após os Estados Unidos terem anunciado a saída do acordo nuclear com o Irã.

Questionado em entrevista à GloboNews se o cenário básico do Comitê de Política Monetária (Copom) havia mudado para a reunião que ocorrerá na semana que vem, Ilan respondeu que "o importante é saber o que se tem que olhar num regime de metas da inflação".

"É expectativa de inflação, é atividade e olhar pra frente", acrescentou em seguida.

Segundo pesquisa seminal Focus mais recente feita pelo BC junto a uma centena de economistas, as perspectivas são de alta de 3,49 por cento do IPCA para este ano e em 4,03 por cento em 2019, nos dois casos abaixo das metas de 4,5 por cento e 4,25 por cento, respectivamente, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. O levantamento, contudo, ainda não tinha incorporado os efeitos dos acontecimentos mais recentes da cena externa.

Sobre o impacto do avanço do dólar sobre o real e do petróleo na inflação doméstica, Ilan ponderou que a influência desses fatores dependia de atividade e expectativas de inflação ancoradas", afirmou.

                Já em relação ao comportamento recente do câmbio, Ilan avaliou que o que está acontecendo globalmente é um fortalecimento da moeda norte-americana e a normalização das condições monetárias nos Estados Unidos.

"O dólar fica forte, todas as moedas então ficam mais fracas. Não é uma questão de Brasil, não é uma questão de Colômbia, do México, ou só de Argentina. É uma questão do dólar ficar forte", disse.

"Então nesse caso o que nós temos que fazer é garantir o bom funcionamento dos mercados. Que a mudança de preços ocorra de uma forma normal. E para isso nós vamos estar sempre olhando, monitorando, intervindo quando for necessário. Não deixar nenhum exagero, nenhum excesso, tudo funcionando conforme deveria ser no regime de câmbio flutuante."

O dólar fechou em alta nesta terça-feira, próximo ao patamar de 3,57 reais, num dia marcado por tensão nos mercados externos após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter anunciado que retomará sanções econômicas contra o Irã e retirará seu país do acordo internacional concebido para impedir Teerã de obter uma bomba nuclear.

As sanções econômicas ao Irã podem afetar a produção e exportação de petróleo do país, afetando os preços da commodity. Preços mais caros de petróleo, por sua vez, impactam a inflação e podem levar o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, a ser mais austero e elevar mais do que o esperado os juros, o que poderia atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em mercados considerados de maior risco, como o brasileiro.

"A mensagem é que essas questões aí são questões que ocorrem no mundo, mas que não são problema do Brasil. O Brasil recebe isso como qualquer outro país do mundo. A subida do dólar é uma subida normal, é subida normal em relação ao resto do mundo e não questão do Brasil", repetiu o presidente do BC, que também destacou que o país "está preparado" e que tem seus " amortecedores".

As incertezas em relação à cena externa, inclusive, levaram a uma mudança nas apostas de investidores para a Selic, que agora estão praticamente divididas em relação a uma redução nos juros básicos ou manutenção da taxa no atual patamar, de 6,50 por cento ao ano.

Antes, a crença majoritária era de novo e derradeiro corte na Selic, após o BC indicar em sua última reunião do Copom, em março, que faria mais uma redução neste mês antes de encerrar o ciclo de afrouxamento monetário, em meio ao cenário de inflação e atividade baixa.

Naquele momento, no entanto, o BC ponderou que a reversão do cenário externo favorável para economias emergentes era um risco para provocar eventual pressão inflacionária.

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Fonte:
Reuters

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