Marcelo Odebrecht volta a depor a Moro e diz que vai rever seus arquivos e "complicar a vida" de Lula (na FOLHA)

Publicado em 11/04/2018 22:47 e atualizado em 11/04/2018 23:17
Marcelo falou que vem examinando 600 mil documentos de seu antigo computador para a delação

O ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht voltou a prestar depoimento ao juiz Sergio Moro nesta quarta-feira (11), fez acusações contra o ex-presidente Lula e cobrou um ex-subordinado que se recusa a confirmar sua versão em uma das ações da Lava Jato.

A audiência ocorreu dentro do processo em que Lula é acusado de receber propina da Odebrecht por meio da compra de um terreno para o Instituto Lula, em São Paulo.

A ação penal já se encaminhava para a fase final, mas Marcelo apresentou novas provas no processo neste ano, após passar para o regime domiciliar no fim de 2017. Ele anexou e-mails da época da negociação do terreno que não tinham sido incluídos em sua delação, homologada no início do ano passado.

Com isso, a defesa de Lula refez questionamentos ao empreiteiro. 

Na audiência, Marcelo Odebrecht criticou o executivo Paulo Melo, também delator e apontado por ele como um dos responsáveis pela negociação para a compra para o instituto.

Enquanto o ex-presidente da construtora diz que Melo atuou também providenciando pagamentos ilícitos, o executivo vem dizendo que não participou de lavagem de dinheiro e que entendia que a compra do terreno era legal.

"Acho que Paulo tem que assumir a responsabilidade dele, até para não cair nas costas de outras pessoas que podem ser imputadas de coisas que não fizeram."

O depoimento durou cerca de uma hora e meia. Na maior parte do tempo, o Ministério Público leu as mensagens anexadas e pediu ao empreiteiro para detalhá-las.

Ele contou que recebeu 600 mil documentos de seu antigo computador, que tinham sido recuperados pela PF. O empreiteiro falou que passou até três semanas apenas descartando arquivos sem relação com o assunto da delação. A seguir, selecionou os de interesse da Justiça.

Ao ser questionado pela defesa de Lula na audiência sobre essa seleção, falou: "Quanto mais eu vou [rever arquivos], mais complica a vida dele."

Em uma das mensagens, disse que orientou o ex-executivo Alexandrino Alencar a falar com o então chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, para evitar que a negociação se tornasse pública. 

DISCUSSÃO COM MORO

Menos de uma semana após a prisão de Lula, Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente, voltou a discutir de maneira áspera com Moro.

Logo no início da sessão, Zanin interrompeu Moro e disse que a defesa está sendo cerceada por não ter tido acesso à íntegra do arquivos do computador de Marcelo Odebrecht. A decisão do advogado foi, então, de não fazer perguntas ao delator.

"Eu acho que é um pouco brincadeira da defesa", disse Moro.

Mais tarde, Zanin falou: "Vossa Excelência tem sempre gentis palavras para dirigir à defesa".

Ao fim do depoimento, Moro listou perguntas que Zanin havia formulado anteriormente a Odebrecht e disse que nenhuma delas dependeria do acesso aos arquivos para ser respondida. 

A prisão de Lula não foi mencionada no depoimento.

Marcelo Odebrecht: “Quanto mais eu vou, mais difícil fica a vida dele (Lula)” (em O Antagonista)

Questionado por Cristiano Zanin, Marcelo Odebrecht disse que já deve ter encaminhado à Justiça Federal mais de 3 mil emails.

E acrescentou:

“É melhor que a defesa de Lula fique com os emails, porque quanto mais eu vou, mais difícil fica a vida dele.”

“PF conseguiu recuperar tudo o que foi apagado do meu notebook desde 2002”

Marcelo Odebrecht contou a Sérgio Moro que, duas semanas antes de deixar a custódia, ele recebeu da PF seu notebook pessoal com mais de 600 mil documentos – inclusive os emails.

“A PF conseguiu recuperar tudo o que foi apagado desde 2002”, diz.

Ele explica que deixou para analisar os documentos em janeiro depois que deixou a carceragem, pois seria “basicamente impossível” fazer alguma pesquisa naquelas condições.

Dificuldades na pesquisa levaram Marcelo a só conseguir entregar os primeiros emails no início de fevereiro.

Paulo Melo confirma que Lula e Marisa visitaram imóvel

Em depoimento a Sérgio Moro, o delator Paulo Melo, ex-executivo da Odebrecht, confirmou a participação de José Carlos Bumlai, Roberto Teixeira e Antonio Palocci na negociata do imóvel da rua Haberbeck Brandão.

Ele falou das tratativas para a compra e depois da desistência, ocorrida após visita de Lula e Marisa ao imóvel destinado ao Instituto.

“Lula e Marisa visitaram o imóvel da Haberberck Brandão, mas não gostaram do local e depois desistiram da compra.”

Vídeo: Depoimento de Paulo Melo a Sergio Moro

Confira o depoimento do delator Paulo Melo, ex-executivo da Odebrecht, ao juiz Sergio Moro.

 

Marcelo usou recursos do programa de submarinos de Lula

Em seu depoimento a Sérgio Moro, Marcelo Odebrecht comenta que Demerval Gusmão recebeu um adiantamento para servir de laranja no negócio da sede do Instituto Lula.

“Teve adiantamento do Prosub e se pagou a parcela por dentro”, disse. O Prosub é o programa de compra de submarinos com propulsão nuclear da França.

Segundo Marcelo, a ideia inicial era que Demerval comprasse o terreno, construísse ou alugasse para o Instituto Lula num esquema built-to-suit. “Ele seria ressarcido pela doação que seria feita ao Instituto Lula.”

Na prática, a sede sairia de graça para o ex-presidente agora preso.

Moro autoriza acesso da defesa de Lula ao notebook de Marcelo Odebrecht

Sergio Moro autorizou a defesa de Lula a ter acesso a todo o conteúdo do HD apreendido com Marcelo Odebrecht, informa O Globo.A autorização vai além do acesso às mensagens eletrônicas apresentadas pelo empreiteiro na ação que investiga o prédio que era destinado ao Instituto Lula e a cobertura em São Bernardo do Campo.

Escreve o jornal carioca: “O acesso deverá ser dado até o próximo dia 24, e a defesa pode selecionar novos conteúdos a ser anexados ao processo até o dia 30 deste mês”.

“Apenas depois desta data é que o juiz abrirá prazo para a apresentação das alegações finais, última manifestação das defesas antes do julgamento do caso.”

Marcelo Odebrecht queria que Gilberto Carvalho controlasse Bumlai

Marcelo Odebrecht conta que, quando o assunto da sede do Instituto Lula apareceu na imprensa, em novembro de 2010, com o petista ainda na Presidência, ele ficou alarmado com a “irrresponsabilidade” de José Carlos Bumlai, que estava espalhando a história aos quatro ventos.

Ele então disse a Alexandrino Alencar que pedisse ao Seminário, codinome de Gilberto Carvalho, para controlar Bumlai.Ao final, a compra do imóvel para a sede do Instituto Lula foi desfeita, para não dar na vista.

Marcelo Odebrecht: “Roberto Teixeira entregou o pacote pronto pra gente pagar”

Em seu depoimento a Sérgio Moro, Marcelo Odebrecht dá a real dimensão do papel de Roberto Teixeira no esquema de corrupção que beneficiou Lula.

Advogado e compadre do ex-presidente, além de sogro de Cristiano Zanin, Teixeira cuidava de todos os trâmites do negócio envolvendo a compra de uma sede para o Instituto Lula.

“A gente contratou um advogado externo para fazer avaliação do risco imobiliário. Mas os documentos estavam todos com o Roberto Teixeira.”

“Na prática, o Roberto Teixeira, ele fechava o pacote. Ele só entregou o pacote pronto pra gente pagar.”

Marcelo Odebrecht: “Que Bumlai alinhasse a reforma com Roberto Teixeira e Lula”

Marcelo Odebrecht, ao falar sobre uma das trocas de mensagens com o executivo Paulo Melo sobre a sede do Instituto Lula, disse que José Carlos Bumlai havia procurado Melo para que a Odebrecht também reformasse o imóvel que havia sido adquirido.

“Nesse momento, pedi orientações a Palocci e (Paulo Melo disse a) José Carlos Bumlai que alinhasse (a reforma) com Roberto Teixeira e Lula.”

Bumlai disse a Melo que a sede do Instituto Lula deveria ser inaugurada em maio de 2011. O tempo urgia.

Marcelo Odebrecht: “Deixei claro a Roberto Teixeira que esses custos iam sair da planilha Italiano”

No depoimento de hoje, com os novos emails já entregues à Lava Jato, Marcelo Odebrecht disse,  que depois de comprado o imóvel para a sede do Instituto Lula, ele se viu obrigado a arcar com a segurança do local, como relatado numa mensagem a Paulo Melo.

“Até então meu compromisso era de comprar o terreno. Aí começa a aparecer que tem que manter o terreno. Aí começa a mais gastos envolvidos. Aí fui novamente pedir autorização a Palocci, deixando bem claro ao advogado, a Roberto Teixeira, que eu tinha de ter autorização de Palocci para bancar esses custos, porque esses custos iam sair da planilha Italiano.”

Marcelo Odebrecht: “Não faria nada sem autorização do Palocci”

Marcelo Odebrecht também explica, com base nos emails, que a compra do terreno para servir de sede do Instituto Lula lhe chegou “como um pacote fechado pelo Roberto Teixeira”.

Todas as informações sobre a compra eram fornecidas pelo advogado e compadre de Lula. “Tudo vinha do Roberto Teixeira.”

A liberação do dinheiro para o negócio, porém, passava por Antonio Palocci.

“Outro ponto que acho importante é que não faria nada sem autorização do italiano. No final das contas, o dinheiro ia sair da conta do italiano, isso fica evidente nos emails.”

Marcelo Odebrecht confirma envolvimento de Roberto Teixeira e Bumlai

Questionado pelo Ministério Público, Marcelo Odebrecht confirmou o conteúdo dos emails entregues à Justiça Federal que mostram a negociação para a compra do edifício que serviria de sede para o Instituto Lula.

Marcelo explicou que RT nos emails é Ricardo Teixeira, advogado e compadre de Lula, e que José Carlos Bumlai era referido como “JCB, agricultor ou pecuarista”.

“Ficou evidente que a pessoa com quem conversei primeiro foi o Bumlai e que ele participou até o final.”

Vídeo: Depoimento de Marcelo Odebrecht a Sergio Moro

Confira as três partes do depoimento de Marcelo Odebrecht ao juiz Sergio Moro, na ação penal que Lula responde por suspeita de receber propina da empreiteira, para a compra de um edifício que serviria de sede para o Instituto Lula.

Moro: “A defesa está de brincadeira”

Logo no início da audiência de Marcelo Odebrecht, o advogado Cristiano Zanin entrou em novo embate com o juiz Sérgio Moro.

 
 
 
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Fonte:
Folha/O Antagonista

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