DEM e PSL aumentam deputados, mas PT mantém-se como maior bancada na Câmara

Publicado em 09/04/2018 21:44
Por Maria Carolina Marcello, da REUTERS

RASÍLIA (Reuters) - Após o período da janela partidária, DEM e PSL foram os preferidos dos deputados migrantes, enquanto o PT, que enfrenta um dos momentos mais difíceis de sua história com a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, firma-se como a maior bancada da Câmara, segundo dados preliminares da Secretaria Geral da Mesa da Casa.

Iniciado em 8 de março, o prazo da chamada janela partidária em que parlamentares puderam mudar de legenda sem serem punidos pelas regras de fidelidade partidária foi encerrado à meia-noite de sexta-feira.

O DEM, por exemplo, recebeu ao menos sete deputados, pelos dados da Secretaria Geral, indo a 39. Mas a assessoria da liderança do partido na Câmara diz que a bancada passou a 44 deputados. A diferença pode se dever a tramites burocráticos no registro de filiação.

A leitura interna credita a preferência à movimentação pela refundação do partido, que já vinha se descolando do PSDB e teve como ápice de sua emancipação o lançamento da pré-candidatura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), à Presidência da República.

"O DEM ficou grande e chegou o momento que a gente conseguiu construir um ambiente político no DEM e na relação com aliados", disse Maia mais cedo a jornalistas.

No caso do PSL, a pré-candidatura ao Planalto do deputado Jair Bolsonaro --que filiou-se à sigla no primeiro dia da janela-- serviu como grande atrativo. Bolsonaro lidera os cenários das pesquisas eleitorais quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não aparece como candidato. O partido também foi o destino de ao menos sete deputados, segundo a SGM.

Já o PT, bancada tradicionalmente robusta na Câmara, manteve seu volume e firma-se como a maior bancada da Casa, com 59 deputados.

O PT trabalha para manter acesa a capacidade de atrair votos de Lula, mesmo com a prisão do ex-presidente no sábado. Mas mesmo antes da determinação de execução da pena do caso do tríplex no Guarujá, em São Paulo, o partido já havia colocado como prioridade, além da candidatura presidencial, garantir uma boa bancada na Câmara nas eleições de outubro.

O MDB, por outro lado, assistiu pelo menos 10 deputados desembarcarem de sua bancada. Ainda assim, posiciona-se como a segunda maior bancada da Casa, atrás apenas do PT.

Os dados preliminares foram divulgados às 17h pela SGM e ainda podem ser alterados. Os deputados que migraram podem já ter assinado fichas de filiação dentro do prazo mas os partidos têm até o dia 13 para enviar lista atualizada de filiados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A data limite da janela coincidiu com o prazo de filiação partidária para os interessados em concorrer nas próximas eleições.

Nos últimos momentos antes do fim do prazo, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa filiou-se na sexta-feira ao PSB, dando mais um passo na direção de se candidatar pelo partido à Presidência da República.

Defensores da candidatura do magistrado avaliam que ele poderá ser o grande beneficiário dos votos que iriam para o ex-presidente Lula.

PT reafirma candidatura de Lula, mesmo com prisão

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - Na sua primeira reunião depois da prisão de Luiz Inácio Lula da Silva, a Executiva Nacional do PT reafirmou a candidatura ao Palácio do Planalto do ex-presidente, mesmo que, por ter sido enquadrado na lei da ficha limpa, Lula venha a ter sua candidatura impugnada.

Segundo a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, uma das resoluções da Executiva, que se reuniu em Curitiba, onde o ex-presidente está preso, é a reafirmação da candidatura de Lula à Presidência.

Em nota, a Executiva reafirmou a candidatura de Lula e que esta será registrada em 15 de agosto, data limite para isso.

A rapidez do juiz federal Sérgio Moro em mandar prender o ex-presidente apenas um dia depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que negou um habeas corpus preventivo, surpreendeu o partido e desorganizou o planejamento interno.

Nas quase 48 horas que passou no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, antes de se entregar à Polícia Federal, Lula conversou com seus apoiadores mais fiéis e tentou organizar o partido para o período em que estivesse preso.

Segundo uma fonte que acompanha as conversas, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad --presença constante ao lado de Lula nesse período-- recebeu a missão de continuar conversando com os demais partidos de esquerda, do PDT de Ciro Gomes e PSB, agora com Joaquim Barbosa, ao PCdoB e PSOL, que, com Manuela D'Ávila e Guilherme Boulos, passaram os dias em São Bernardo com Lula.

Haddad, que é tratado como um possível plano B do PT no caso de Lula não ser candidato, já vinha, a pedido do ex-presidente, conversando com os partidos, com vista a uma hoje ainda remota possibilidade de uma aliança ampla de esquerda. Presidente do partido, Gleisi foi nomeada porta-voz oficial da legenda nesse período conturbado.

Em conversas com um grupo muito reservado, Lula já admitiu que não terá como ser candidato e ungiu Haddad como seu sucessor no papel de presidenciável, mesmo que à revelia de boa parte do partido, mas também admitiu a possibilidade de negociar alianças.

Essa decisão, no entanto, não saiu de um grupo muito restrito e, nesse momento, com o ex-presidente preso na Polícia Federal, o assunto foi tirado de cena.

"Ninguém falou de futuro político naquelas horas. Nesse momento o que tem de se fazer é reafirmar a candidatura de Lula. Qualquer coisa contrária enfraquece a defesa do presidente e divide o partido", analisa um petista de alto escalão.

Em seu discurso de despedida, em São Bernardo, o ex-presidente elogiou Manuela D'Ávila e Guilherme Boulos, o que foi visto por alguns como uma indicação de que eles seriam seus herdeiros políticos --os dois eram os únicos a estarem com Lula o tempo todo. Analistas, no então, dizem que é preciso cautela nessa interpretação. 

Ciro Gomes, do PDT, estava nos Estados Unidos, mas agora diz que vai visitar Lula na prisão.

Haddad, discretamente próximo do ex-presidente o tempo todo, também foi citado, com menos ênfase.

PRIMEIRO DIA

Em seu primeiro dia na cela especial da Superintendência da Polícia da Polícia Federal do Paraná, o ex-presidente assistiu ao seu time, o Corinthians, vencer o campeonato paulista nos pênaltis, e comemorou o título, segundo seu advogado, Cristiano Zanin, que tem passado várias horas com o ex-presidente. Zanin foi a única visita de Lula no domingo e também nesta segunda.

Na quarta-feira, Lula poderia receber familiares mas, segundo o advogado, ainda está sendo negociado com a PF como serão feitas as visitas e quem poderá ser recebido.

"Estamos vendo tudo isso e seguirá o padrão que existe, embora a gente aguarde a revogação da ordem de prisão ou a reversão para que não seja necessário sequer seguir esse ritual", disse Zanin.

O advogado afirmou ainda que Lula está bem e sereno, embora indignado com a prisão. O presidente, contou ele, passa o tempo lendo. O livro mais recente é A Elite do Atraso, do sociólogo Jessé Souza, presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada (Ipea) nos últimos meses do governo Dilma.

O texto, publicado no ano passado, apresenta uma análise das raízes da corrupção no país desde o descobrimento até a operação Lava Jato, que levou Lula à prisão.

Defensores da candidatura do magistrado avaliam que ele poderá ser o grande beneficiário dos votos que iriam para o ex-presidente Lula.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário