BC deve cortar os juros em maio e depois interromper ciclo de afrouxamento, reitera Ilan
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reafirmou nesta segunda-feira que o BC deve cortar os juros novamente na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em maio, e que vê como adequada uma interrupção do ciclo de afrouxamento após essa investida.
"O Comitê vê como apropriada uma flexibilização monetária moderada adicional (para próxima reunião) e julga que isso mitiga o risco de postergação da convergência da inflação às metas", disse Ilan, em evento no Rio de Janeiro.
Para reuniões além da próxima, "o Comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária, visando avaliar os próximos passos", acrescentou.
Durante sua fala, Ilan reforçou que a política monetária tem que balancear duas dimensões, agindo de um lado para assegurar que a inflação convirja para a meta numa velocidade adequada e, de outro, garantindo que a conquista da inflação baixa perdure, mesmo diante de choques adversos.
Após cortar a Selic em 0,25 ponto no mês passado, à mínima histórica de 6,50 por cento ao ano, o BC já havia deixado claro que via espaço para nova redução em maio, fazendo o mercado apostar em peso num corte de igual magnitude no mês que vem.
O prosseguimento do ciclo de distensão monetária tem como pano de fundo quadro de inflação persistentemente baixa. O IPCA-15, prévia da inflação oficial, acumulou alta de apenas 2,80 por cento nos 12 meses até março, firmemente abaixo do piso da meta de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Ilan afirmou que a inflação baixa segue em direção às metas. E avaliou novamente que o conjunto dos indicadores de atividade econômica mostra "recuperação consistente" da economia, apesar de ainda gradual.
Na pesquisa Focus mais recente, feita pelo BC junto a uma centena de economistas todas as semanas, a expectativa para a inflação este ano caiu a 3,54 por cento. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a projeção é de alta de 2,84 por cento.
Sobre a agenda institucional BC+, Ilan apontou que a autoridade monetária seguia trabalhando para redução do custo de crédito e em medidas de estímulo à concorrência.
A respeito do projeto de autonomia do BC, que está na agenda de medidas econômicas prioritárias do governo para 2018, mas ainda não começou a tramitar formalmente no Congresso Nacional, Ilan disse ser provável que os parlamentares votem um texto antes das eleições.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)
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