BR vê menores importações de combustíveis em 2018 com Petrobras mais agressiva

Publicado em 14/03/2018 15:10

LOGO REUTERS

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A gestão da BR Distribuidora, cuja principal acionista é a Petrobras, vê um mercado de combustíveis mais equilibrado em 2018 no Brasil, com menores importações, avaliando que a política de preços de sua controladora deverá limitar as compras externas.

A empresa, líder no mercado de distribuição de combustíveis e lubrificantes no país, considera que a Petrobras está mais agressiva ao estabelecer os preços nas refinarias, desde o fim de 2017, o que deverá reduzir o espaço para importadores menos tradicionais.

"O que muda para 2018 em relação ao que aconteceu em 2017... é que o ganho advindo da importação está bem mais reduzido. A política de preços da Petrobras tem mostrado maior agressividade de colocação dos produtos", disse o presidente da BR Distribuidora, Ivan de Sá, em teleconferência com investidores nesta quarta-feira.

As compras externas de combustíveis pelo Brasil em 2017 registraram um recorde, enquanto a petroleira estatal ainda ajustava sua política, permitindo uma participação mais forte de players no mercado local.

Além disso, para este ano, a expectativa do mercado é de um aumento na produção de etanol, já que os preços do açúcar estão fracos.

A Petrobras, que detém 71,25 por cento da BR Distribuidora, afirmou ao longo do ano passado que estava empenhando esforços para recuperar o mercado de combustíveis no Brasil, e passou a realizar reajustes nas refinarias quase que diariamente.

A perda de espaço da petroleira aconteceu apesar de ela ter quase 100 por cento da capacidade de refino do país.

MAIOR IMPORTADORA

O diretor-executivo de Operação e Logística da BR, Alípio Ferreira, explicou que a companhia foi a que mais importou combustíveis em 2017, diante de oportunidades avistadas no mercado.

"Elas (as importações) tiveram uma queda no fim do ano porque a Petrobras passou a praticar margens mais estreitas em relação à paridade de importação, e o que a gente tem visto como uma política que vai ser talvez duradoura", afirmou Ferreira

Segundo Ferreira, a BR importou algo entre 10 e 15 por cento do seu volume de vendas em 2017 --ele não detalhou as quantidades importadas.

"O mercado com menor volume de importações é um mercado mais organizado para as distribuidoras bem estruturadas. Quando a arbitragem está muito larga, tem uma participação muito maior das importadoras que fazem isso por oportunidade, servindo principalmente aos postos de bandeira branca", afirmou.

"Então o comportamento que se espera do mercado é que a gente venha a ver em 2018 um volume de importações mais reduzido e um mercado mais organizado para distribuidoras como a BR."

REDE DE POSTOS

Já o diretor-executivo de Rede de Postos, Marcelo Bragança, afirmou esperar uma recuperação de vendas de volumes de diesel e combustíveis ciclo otto (gasolina e etanol), enquanto a empresa avança em sua estratégia de crescimento da rede de postos com a bandeira BR.

Apesar da maior agressividade dos preços da Petrobras, Bragança acredita que o mercado permanecerá bastante competitivo.

A empresa cresceu em 269 postos (líquidos), com maior concentração nos últimos meses de 2017 e, portanto, ainda está em processo de maturação nos números de volumes de vendas.

Segundo Bragança, a expectativa é que os resultados dos postos agregados no terceiro e quarto trimestre de 2017 venham em até seis meses.

"A gente está bastante confiante de que vem crescimento a frente de volumes em função do resultados de embandeiramento (aumento da rede de postos) e também a questão (do crescimento) economia", afirmou Bragança.

Sobre as lojas de conveniência, a empresa tem análises em andamento para identificar melhorias e espera nos próximos meses discussões no Conselho de Administração sobre modelagem "nova ou diferente" para atrair mais valor.

DIVIDENDOS

Ivan de Sá e diretores da BR Distribuidora conversaram com analistas após publicarem na terça-feira os resultados da empresa no quarto trimestre e em 2017, na primeira divulgação após a companhia abrir o seu capital em dezembro de 2017, por meio de um IPO.

A BR Distribuidora teve lucro líquido de 531 milhões de reais no quarto trimestre de 2017, alta de 921,2 por cento ante o mesmo período do ano anterior.

O fluxo de caixa livre da BR foi de 984 milhões de reais em 2017, próximo ao lucro líquido de 1,15 bilhão de reais, o que permitirá o pagamento de 1,09 bilhão de reais em dividendos aos acionistas, o que equivale a aproximadamente 95 por cento do lucro líquido de 2017.

O anúncio de distribuição de dividendos elevados pela BR Distribuidora ocorre enquanto sua controladora Petrobras não o faz desde 2014, antes de a empresa lançar prejuízos bilionários por conta do atos de corrupção que envolveram a petroleira.

Os resultados da Petrobras de 2017 serão publicados ainda nesta semana, e ainda não há informações sobre a possibilidade de distribuição de dividendos neste ano.

O diretor-executivo Financeiro e de Relações com Investidores da BR, Rafael Grisolia, explicou que com a estrutura de capital que a BR tem hoje, considerando seu fluxo de caixa livre, a empresa "precisa manter uma política de dividendos fortes".

A empresa terá sua assembleia geral de acionistas em 25 de abril, quando seu Conselho de Administração deverá ser renovado.

(Por Marta Nogueira)

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário