Frustração com reformas pode elevar trajetória de inflação no horizonte relevante, diz Ilan

Publicado em 29/01/2018 18:49 e atualizado em 29/01/2018 20:49

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse nesta segunda-feira que a frustração de expectativas sobre as reformas e ajustes na economia, além da reversão do atual cenário externo, podem elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária.

Em palestra no Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP), em São Paulo, Ilan disse ainda que a perspectiva para 2018 é de crescimento moderado da economia com inflação em direção às metas, mas ressaltou que "há riscos".

Em apresentação disponibilizada no site do BC, Ilan citou a reforma da Previdência em particular como uma das medidas fundamentais para o equilíbrio da economia, "com consequências favoráveis para a desinflação, para a queda da taxa de juros estruturais e para a recuperação sustentável da economia brasileira".

A votação da Proposta de Emenda à Constituição que altera as regras para a aposentadoria está marcada para o dia 19 de fevereiro na Câmara dos Deputados, mas o governo ainda luta para mobilizar a base e garantir os 308 votos suficientes para aprovação da impopular matéria.

Antes dessa definição, o Comitê de Política Monetária do BC se reunirá em 7 de fevereiro para definir a taxa básica de juros, sendo que a expectativa majoritária do mercado é de corte de 0,25 ponto na Selic, que está hoje na mínima histórica de 7 por cento ao ano.

Para março, parte do mercado aposta em novo corte de 0,25 ponto nos juros, incluindo o Top-5, grupo de economistas que mais acertam as projeções dentro da pesquisa semanal Focus. As apostas da maioria, contudo, ainda são de manutenção dos juros no mesmo nível acertado em fevereiro.

Senadores da base aliada não garantem aprovação "automática" da Previdência se proposta passar pela Câmara

Por Ricardo Brito e Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) - A base aliada no Senado não garante uma aprovação "automática" da reforma da Previdência, caso a proposta defendida pelo governo do presidente Michel Temer passe pela Câmara no próximo mês, afirmaram à Reuters duas importantes lideranças da Casa à Reuters, sob a condição de anonimato.

Na avaliação de um dos senadores, Temer tem se dedicado quase que exclusivamente a garantir votos para tentar aprovar a reforma entre os deputados, sem dar a devida atenção ao Senado. Para justificar a afirmação, citou as mudanças no primeiro escalão que contemplaram demandas de deputados, embora algumas avalizadas por senadores com ascendência na Casa.

"O presidente acha que o sistema é unicameral?", questionou esse parlamentar. "Ele continua insistindo e se desgastando, entregando tudo aos deputados", protestou.

Se passar na Câmara, a proposta de emenda à Constituição (PEC) precisará de 49 dos 81 votos do plenário do Senado para avançar.

Outro destacado senador lembrou ainda que dois terços dos senadores (54 do total) encerra o mandato e poderá disputar novamente. E que, mesmo durante o recesso, não acredita ter havido uma melhora na percepção dos parlamentares em favor da proposta, como esperava o governo.

"Já houve uma captação, por parte da população de menor escolaridade, de que a reforma beneficia os mais ricos", disse essa segunda liderança, citando que, no início da discussão, houve uma "comunicação errada" da reforma pela área econômica do governo.

Para essa liderança, a reforma, se passar pela Câmara, só deverá avançar no Senado após as eleições, lá para novembro.

A primeira fonte disse, no entanto, que se o governo fez todo o dever de casa na economia errou na estratégia da reforma ao ter, no início, apresentado uma proposta "draconiana" que iria resolver o rombo previdenciário "pelos próximos 5 séculos". Para ele, a proposta só trouxe impopularidade para o governo.

SEM PLANO B

Mais cedo, sem se referir às articulações do Senado, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun afirmou que o governo não tem plano B e vai colocar a reforma em votação na Câmara em fevereiro, mesmo admitindo que não tenha os 308 votos necessários para aprovar a PEC na Câmara agora.

Segundo Marun, o governo está no melhor momento para votar a reforma desde maio do ano passado, quando o processo de negociação foi interrompido pelas denúncias da Procuradoria-Geral da República contra Temer.

"Não existe plano B. Nosso plano é o A de aprovação da reforma ainda em fevereiro. Hoje voltamos ao patamar de votos que tínhamos em maio. O que temos diferente é a proximidade das eleições, que a princípio podia atrapalhar, mas temos um fator positivo que a população hoje se dispõe mais a apoiar a reforma. Desde maio não vivemos um momento tão positivo", garantiu.

Parlamentares da base começam a retomar as conversas sobre o tema a partir desta semana, para tomar pé da situação e avaliar as chances de aprovação da proposta.

O líder do DEM na Câmara, deputado Efraim Filho (PB), que deve retornar a Brasília na terça-feiram quer “nivelar as informações” e “discutir estratégias futuras”.

“Esta semana retorno e a gente vai poder ter uma posição melhor do impacto da campanha do governo (sobre a reforma). A tarefa é, a partir do dia 1º, contar votos”, disse o líder à Reuters.

Já o vice-líder do PDT, Weverton Rocha (MA), da oposição, acredita que o governo tem consciência de que não vai aprovar a medida.

“O governo não tem chance nenhuma de aprovar essa reforma. Ele sinaliza para o mercado e diz que a votação está mantida, mas não tem coragem de botar para votar”, disse o deputado, citando a proximidade do período eleitoral como um grande dificultador dos votos favoráveis à proposta.

O próprio Marun confirma que neste momento o governo não tem votos suficientes. A contagem do Palácio do Planalto é de que existem hoje cerca de 270 votos a favor da reforma e em torno de 70 indecisos. Ainda está longe dos 320 votos que o governo espera ter para colocar o texto em votação --308 necessários para aprovar, mais uma margem de segurança.

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Fonte:
Reuters

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