SÃO BERNARDO DO CAMPO (Reuters) - A Mercedes-Benz do Brasil melhorou sua previsão para o mercado brasileiro de caminhões e ônibus em 2018, em meio à esperada recuperação continuada da economia, afirmou o presidente da montadora para a América Latina, Philipp Schiemer, nesta segunda-feira.
A previsão da montadora, unidade do grupo alemão Daimler AG, é de crescimento de 30 por cento nas vendas totais de caminhões novos no Brasil em 2018, ante previsão anterior de alta de 20 por cento, sobre as vendas previstas para este ano de 52 mil veículos. Já a expectativa para ônibus passou de crescimento de 12 para 15 por cento em relação a vendas esperadas para este ano de 11 mil veículos.
Schiemer afirmou que a Mercedes-Benz prevê acompanhar o ritmo de crescimento do mercado em 2018. Para este ano, a empresa prevê terminar com vendas de cerca de 14.500 caminhões e 6 mil ônibus, praticamente estável sobre 2016.
No ano passado, o mercado de caminhões novos no Brasil registrou vendas de 50.559 unidades, queda de 30 por cento sobre 2015, e o de ônibus teve licenciamentos de 11,1 mil unidades, retração anual de 33 por cento, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
"A previsibilidade ainda é de curto prazo, mas a tendência de melhoria (da economia) continua. Vamos ter aquecimento na área de infraestrutura em 2018, a safra agrícola vai ser boa de novo, o desemprego vai cair e o consumo das famílias vai aumentar", disse Schiemer. "Além disso, há uma demanda reprimida para troca de caminhões já que o último grande ciclo de compras ocorreu em 2011", acrescentou o executivo.
Ele citou como risco, porém, uma vitória de candidato populista na eleição presidencial de 2018, algo que poderia comprometer as reformas e a busca pelo equilíbrio fiscal no país.
Por ora, a melhora nas expectativas do mercado fez a Mercedes-Benz acertar esquema para ampliar produção no país, com suas fábricas operando em 11 sábados entre novembro e abril do próximo ano. A empresa também decidiu reduzir de 23 para 16 dias o período de férias coletivas deste ano, que começam em 22 de dezembro.
"Estamos ainda um pouco cautelosos. Se a demanda continuar aquecida vamos precisar de mais sábados a partir de maio", disse Schiemer, acrescentando que a companhia iniciou 2017 produzindo 140 caminhões e ônibus por dia em sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP) ante ritmo atual de 160 veículos diários. Em Juiz de Fora (MG), a produção de cinco caminhões extrapesados por dia no início do ano saltou para 14 atualmente e a expectativa é ampliar para 18 veículos diários no início do próximo ano.
A fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo emprega cerca de 7 mil trabalhadores, 5 mil a menos que em 2013, pouco antes da forte queda na demanda por veículos comerciais no país. A reativação do segundo turno de trabalho na fábrica ainda não está nos planos da companhia, mas pode vir a ser avaliado pela empresa em 2019.
A companhia disputa o mercado brasileiro com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que decidiu cancelar férias coletivas de fim de ano em sua fábrica em Resende (RJ) pela primeira vez em seis anos, motivada pelos sinais de retomada na demanda por veículos pesados.
Segundo o presidente da Mercedes-Benz, dezembro está confirmando a tendência de aquecimento do mercado brasileiro. A empresa vendeu para diferentes grupos 1.900 ônibus e 400 caminhões para entrega em 2018.
Questionado se a montadora terá resultado positivo no Brasil este ano, Schiemer afirmou que "em 2017 não vamos fechar no azul na região (Brasil e Argentina)", sem dar detalhes.
FÁBRICA DE CARROS
Schiemer voltou a repetir um alerta feito por ele em abril sobre a "situação muito difícil" da fábrica de carros de luxo da Mercedes-Benz, inaugurada em Iracemápolis (SP) em março do ano passado e que recebeu investimentos de 750 milhões de reais.
Segundo o executivo, o fim do regime automotivo Inovar Auto ao final deste mês sem uma transição para um novo modelo de incentivos à produção nacional deixará a fábrica pouco competitiva diante de veículos importados. A unidade tem capacidade para produzir 20 mil carros por ano, modelos GLA e Classe C, e deve terminar 2017 com 7 mil veículos montados.
O Inovar Auto passou a valer em 2013, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, e tem vigência até o final deste ano. Quando foi adotado, a expectativa criada pelo governo anterior era de que o regime seria aprimorado com a definição de novas regras.
O governo do presidente Michel Temer iniciou discussões sobre um novo regime automotivo, o Rota 2030, de mais longo prazo que o Inovar Auto, mas até agora não conseguiu acordo sobre as novas diretrizes em meio a críticas do Ministério da Fazenda, que tenta controlar o quadro de desequilíbrio fiscal do país.
"Se o país quer este tipo de fábrica (de automóveis de luxo), precisa de alguns benefícios porque fábricas deste tamanho em mercados emergentes não têm viabilidade sem isso", disse o presidente da Mercedes-Benz para a América Latina.
"Isso foi um desejo governo do Brasil na época, fomos forçados a investir, contratamos 1.000 funcionários, fizemos nossa parte. Isso (não haver regras de transição) não é justo e algo que não se faz com parceiros", afirmou Schiemer.
Consumo de energia no Brasil segue menor que em 2014 apesar de recuperação, diz EPE
SÃO PAULO (Reuters) - O consumo de energia elétrica, um importante indicador da atividade econômica, tem se recuperado no Brasil, mas a demanda ainda segue abaixo da registrada em 2014, quando o país ainda não havia entrado em crise econômica, disse a estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em relatório nesta segunda-feira.
A economia brasileira saiu oficialmente da recessão em 2017, ao registrar crescimento após dois anos consecutivos de retração do Produto Interno Bruto (PIB), e os números de consumo de eletricidade também têm mostrado alta, principalmente a partir do segundo semestre.
Mas a retomada tem sido lenta, o que é associado pela EPE tanto à situação econômica quanto a aumentos das tarifas para os consumidores.
"O consumo nacional de energia elétrica ainda se mantém abaixo dos níveis observados em 2014, a despeito da recuperação observada nos últimos meses", apontou a estatal, que ressaltou sucessivas quedas do consumo industrial "influenciadas pelo cenário econômico desfavorável", enquanto comércio e residências tiveram avanços menores que em anos anteriores.
No caso dos clientes residenciais, a EPE afirma que houve "efeitos do choque tarifário de 2015 (reajustes extraordinários combinados a ajustes anuais mais elevados)".
De acordo com a EPE, o consumo acumulado até outubro deste ano é de 462.351 gigawatts-hora, ante 460.078 GWh em 2016, contra 464.085 GWh em 2015 e 474.823 GWh em 2014.
No relatório, a EPE apontou que tem havido crescimento do consumo em 2017 nos setores industrial e residencial, enquanto há estabilidade no segmento comercial.
A indústria é responsável por cerca de 35 por cento do consumo, seguida pelas residências, que respondem por quase 30 por cento.
Segundo projeções do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a carga de energia elétrica do sistema interligado do Brasil tem crescido nos últimos meses e deve avançar 4,3 por cento em dezembro na comparação do mesmo mês do ano anterior.
A carga representa a soma de consumo e perdas na rede elétrica.
Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o consumo avançou 1 por cento em novembro ante mesmo mês de 2016.