"A caravana da mentira" (editorial do ESTADÃO)

Publicado em 04/11/2017 18:10
Lula da Silva ultrapassa, e muito, a linha que divide um mero jogo de palavras, recurso próprio dos discursos políticos, da mais desavergonhada mentira (diz o jornal O Estado de S. Paulo)

A passagem da assim chamada “caravana” de Lula da Silva por Minas Gerais, encerrada na segunda-feira passada com um discurso do ex-presidente na Praça da Estação, em Belo Horizonte, foi marcada, como todas as outras, pelo cipoal de mentiras do léxico petista que só pode ser tomado como verdadeiro por quem despreza os fatos e só precisa de meia dúzia de frases de efeito, carentes de sentido, para formar suas convicções.

Lula da Silva ultrapassa, e muito, a linha que divide um mero jogo de palavras, recurso próprio dos discursos políticos, da mais desavergonhada mentira. Aliás, caso fosse tipificado como crime o ato de mentir para a população em cima de um palanque ou carro de som, o chefão petista teria mais algumas anotações a engrossar a sua já robusta ficha penal.

Comparando-se aos ex-presidentes Getúlio Vargas, João Goulart e Juscelino Kubitschek, personagens que teriam sido “moralmente destruídos todas as vezes que a direita nesse país resolveu usurpar o poder”, Lula da Silva mostrou-se magnânimo e disse que estava “perdoando os golpistas”, prometendo “trazer a democracia de volta para o Brasil”.

Com sérias dificuldades para combater seus “inimigos” na vida real - vale dizer, as leis e a Justiça -, só mesmo uma ditadura imaginária para servir como polo antagônico na narrativa de um réu já condenado a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Réu em mais seis ações penais, ainda pendentes de julgamento, Lula da Silva precisa desesperadamente manter acesa a chama de sua militância a fim de preservar, pelo menos, a fatia histórica do eleitorado - entre 25% e 30% - que já o apoia a despeito de seus crimes.

Em um trecho particularmente cínico de um de seus discursos em Minas Gerais - que seria hilário se não remetesse a um enorme prejuízo para o País -, o ex-presidente, falando sobre a Petrobrás, disse que, “se tem corrupção em uma empresa, você prende o dono da empresa, não acaba com a empresa”. Só o uso da condicional “se” já diz muito sobre a índole de Lula. Sob os governos lulopetistas, a maior empresa estatal brasileira viu seu valor de mercado derreter ao ser submetida à sanha criminosa do grupo político comandado pelo ex-presidente.

A Petrobrás só voltou a trilhar o caminho das boas práticas empresariais quando a gestão da empresa foi entregue a Pedro Parente, um administrador reconhecidamente íntegro e competente, já no governo do presidente Michel Temer.

Seguindo em sua narrativa delirante, o ex-presidente Lula disse que “tiraram a Dilma do poder e levaram esse país a um estado de deterioração”, ignorando propositalmente a melhora dos indicadores de inflação, crescimento, juros e emprego que mostram, de maneira objetiva, que a dura recuperação da economia, após o desastre das administrações lulopetistas, já apresenta sólidos resultados.

Diante dos mineiros, Lula voltou a se comparar a Tiradentes. “Aqui em Minas”, disse, “mataram e esquartejaram um alferes que queria independência. A independência veio mesmo assim porque mataram a carne, não a ideia.” No início de outubro, durante um “ato em defesa da soberania nacional”, no Rio de Janeiro, ele já havia feito a mesma comparação com o herói nacional ao dizer que tanto um como outro só podem ser atacados em suas dimensões humanas, já que, antes de tudo, “representam uma ideia assumida por milhões de pessoas”.

“Vocês sabem que sem Minas Gerais eu não seria nada”, disse Lula no encerramento de seu discurso. Talvez tenha sido a única verdade que disse durante toda a sua passagem pelo Estado, a julgar pela votação que ele lá obteve para a sua candidata Dilma Rousseff.

Aliás, é acintoso que Lula da Silva possa sair em “caravanas” pelo País que, a pretexto de representarem uma defesa contra as “injustiças” de que julga ser vítima, nada mais são do que campanhas eleitorais fora de época.

"A mídia dos sonhos de Lula, calada..." 

Não se pode dizer que Lula da Silva não tente, com córnea obstinação, parecer um democrata. Em sua campanha eleitoral antecipada, o ex-presidente costuma dizer, por exemplo, que, quando perdia alguma eleição, voltava “quieto para casa”, isto é, teria sempre aceitado o resultado com resignação democrática. Em seus discursos, também levanta a voz para defender o que chama de “estado de direito”, que em sua opinião estaria em risco no País, e o maior exemplo dessa ameaça seria a “perseguição política” de que se diz vítima, sem falar no alegado “golpe” contra sua pupila, a presidente cassada Dilma Rousseff. Na segunda-feira passada, chegou a dizer que vai “trazer a democracia de volta para este país”. Quem o ouve falar, portanto, pode até imaginar que ali, no palanque, está um homem devotado às liberdades.

Mas esse figurino de campeão da democracia não cai bem em um líder político que incita seus seguidores a odiar quem não pertence à patota e quem procura revelar o que ele gostaria de esconder, isto é, a imprensa livre e independente. Definitivamente, não é democrata quem pretende, como anunciou, “fazer a regulação dos órgãos de imprensa”, um eufemismo nada sutil para um declarado programa de controle estatal dos meios de comunicação. E Lula, no mesmo discurso em que denunciou o suposto autoritarismo de seus adversários, disse que “a gente (ele e Dilma) foi muito condescendente com os meios de comunicação” e “a gente não pode permitir que nove famílias continuem dominando a comunicação e inventando mentiras”.

Com essas declarações, Lula revela todo o seu antagonismo a quem não o venera como a encarnação do “povo”. Mas só se surpreende com esse comportamento quem não conhece Lula ou dedica a vida a adulá-lo. Pois o chefão petista sempre manifestou, em palavras e atos, seu menosprezo pelos pilares da democracia, a começar pela liberdade de imprensa.

Como esquecer, por exemplo, que em 2004 o então presidente Lula mandou cassar o visto de trabalho do repórter norte-americano Larry Rohter quando este publicou no New York Times reportagem sobre os supostos hábitos etílicos do petista? Na ocasião, Lula lançou mão de uma lei característica do regime militar para considerar “inconveniente” a presença de Rohter em território brasileiro. Ou seja, Lula confundiu sua figura pública com a do Estado, considerando a ofensa pessoal um atentado à soberania brasileira. Diante disso, não titubeou em atacar o jornalista e seu jornal, deixando claro, a quem interessar pudesse, que ele e a máquina estatal sob seu comando não tolerariam mais que jornalistas estrangeiros se dessem a liberdade de escrever o que bem entendessem, embora essa liberdade estivesse inscrita, em caráter permanente, na Constituição que Lula jurou respeitar.

Esse não foi um episódio isolado. Em 2006, o governo de Lula patrocinou a proposta de criação de um “Conselho Federal de Jornalismo”, cujo objetivo era “orientar, disciplinar e fiscalizar” o exercício da profissão de jornalista. A proposta foi prontamente rechaçada por diversos setores da sociedade em razão da óbvia tentativa de cerceamento da livre manifestação do pensamento.

Também sob o governo Lula, ministros chegaram a elaborar um projeto de regulação das comunicações que, além do necessário marco regulatório da propriedade e do funcionamento técnico do setor, previa o “controle social” da mídia, um nome que mal disfarçava a intenção de vigiar o conteúdo veiculado por meios independentes. A isso os petistas deram o nome de “democratização dos meios de comunicação”, e foi isso o que Lula agora diz lamentar não ter feito quando teve a oportunidade.

Para Lula, a responsabilidade pelo calvário petista – que inclui a prisão de vários dirigentes por corrupção, a condenação do próprio ex-presidente e o impeachment de Dilma Rousseff por crime de responsabilidade – recai em primeiro lugar na imprensa, que insiste em noticiar os escândalos em que os petistas teimam em se meter. No mundo ideal de Lula, portanto, imprensa boa é imprensa subserviente ou simplesmente muda.

Temer e Sarney... A primeira grande diferença entre os dois governos pode ser percebida na economia

Depois de a Câmara dos Deputados ter negado prosseguimento à segunda denúncia de Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República, contra o presidente Michel Temer, voltaram a surgir comparações entre o governo atual e o de José Sarney, no final da década de 80 do século passado. Sem qualquer pretensão de rigor histórico, essas análises têm um objetivo mais comezinho, com um nítido viés político-ideológico, de difundir a ideia da suposta falência do governo Temer, de forma similar ao que teria ocorrido com José Sarney em seus últimos meses na Presidência da República.

Ainda que possa ser muito conveniente aos críticos do atual governo decretar sua morte prematura, os fatos não mostram similaridade entre os governos de Temer e de José Sarney. Na realidade, a comparação entre as duas administrações favorece objetivamente o presidente Temer. E, isso, a despeito dos baixíssimos índices de popularidade atribuídos ao atual presidente.

A primeira grande diferença pode ser percebida na economia e na política econômica. No último ano de Sarney na Presidência, o País presenciou uma séria crise econômica, com uma inflação desenfreada. Além disso, as tentativas de recolocar a economia nos trilhos haviam falhado e o governo já não dispunha, nos últimos meses, de remédios efetivos para sanear a difícil situação.

Os tempos presentes são bem diferentes. Ainda que a crise econômica gestada nos anos do PT no governo federal tenha sido forte, batendo recordes históricos, as medidas adotadas até aqui pela equipe de Temer deram bons resultados. Os números da economia atestam que o País não é uma nau sem rumo.

A inflação acumulada de 12 meses em abril de 2016 – Michel Temer assumiu interinamente a Presidência em maio de 2016 – era de 9,28%, segundo o IPCA. No acumulado de agosto de 2017, a taxa estava em 2,46%. Em 1989, último período integral do governo Sarney, a inflação foi de 1.782%. Quanto ao Produto Interno Bruto (PIB), a diferença também é relevante. A variação anual do PIB medida no primeiro trimestre de 2016 foi de -5,4%. No segundo trimestre de 2017, a variação anual era de + 0,3%. No final do governo Sarney, o PIB despencou de -0,1% em 1988 para -4,95% em 1990.

Outra enorme diferença entre os dois governos é a capacidade de Temer para levar adiante as reformas estruturais. O atual governo obteve apoio suficiente do Congresso para aprovar, por exemplo, a PEC do Teto dos Gastos, a reforma trabalhista e a reforma do ensino médio. Não descreve bem os fatos, pois, quem prega que o governo atual está em regime de mera sobrevivência. Ao contrário, a atual gestão foi protagonista de avanços tão significativos que, antes de serem aprovados, eram dados como inverossímeis.

Logicamente, as circunstâncias históricas entre os dois governos são muito díspares, o que dificulta fazer comparações. Em 1989, por exemplo, não existia a militância política feita através da chamada rede social. O fato é que nada autoriza a interpretação de que os meses restantes a Temer no poder devam ser resumidos a simples espera por um novo governante em 2019.

Eis talvez a principal diferença entre o governo de Temer e o de Sarney: a administração atual tem um claro rumo a ser seguido e não pairam dúvidas de que esse é o rumo correto para o desenvolvimento econômico e social do País. As boas reações da economia e do emprego confirmam o acerto das políticas de Temer. Como ainda não existem bolas de cristal que mostrem com exatidão o futuro, é passível de discussão a capacidade de realização do governo Temer nos próximos meses. Por exemplo, se a reforma da Previdência será aprovada pelo Congresso e como será o seu conteúdo final. De toda forma, só o fato de a reforma previdenciária estar em pauta – assunto espinhoso, que afeta o bolso do cidadão – é sinal inequívoco de que o atual governo não está cambaleante e sem forças, como alguns apregoam.

Comparações entre períodos históricos são muito interessantes e podem iluminar aspectos da política e relações entre seus atores. Tais comparações, no entanto, são úteis na medida em que se baseiam em fatos. Quando os fatos são voluntariamente esquecidos, elas são meras distorções da realidade, que confundem e nada constroem.

A máquina do tempo, FERNANDO GABEIRA

O sistema apodrecido nos empurra para a nostalgia militar ou a estrada para a Venezuela

Que período é este em que entramos após a rejeição da segunda denúncia contra Temer? Imagino um remanso político até o fim do ano e entrada em cena da campanha de 2018.

Alguns analistas acham que os políticos se fortaleceram. Outros, que eles descobriram ser possível enfrentar com êxito a opinião pública. Esquecem que estão em confronto com a sociedade, logo, ela enfraqueceu.

O maior golpe nas expectativas positivas veio do Supremo. Há uma pressão contra o foro privilegiado. Ele foi amplificado com a decisão de submeter medidas cautelares contra parlamentares ao Congresso.

Nos três anos de Lava Jato, o Supremo manteve regularidade no seu índice de condenação dos políticos envolvidos: zero. Numa país onde algumas pessoas se colocam acima da Justiça, estamos, na verdade, sujeitos à lei da selva, isto é, à lei do mais forte.

As concessões que Temer fez para se preservar no cargo transformaram o esforço de reduzir os gastos numa tarefa de Sísifo. Os acertos da dívida das empresas com o governo ficaram mais flexíveis. Perda de arrecadação. Os políticos aliados barraram a privatização do Aeroporto de Congonhas.

Se o capital do Estado agoniza no vaivém de cortes e concessões, o capital político de Temer, que já era modesto, foi abalado por dois acordos.

Na primeira denúncia, Temer determinou a abertura de uma reserva mineral na Amazônia. Em outra, amenizou a lei de combate ao trabalho escravo. Ambos são temas passíveis de uma discussão racional. No entanto, o acordo com os ruralistas impunha uma decisão monocrática.

Um Congresso blindado e um presidente que apenas sobrevive no cargo são um peso morto. A semana foi marcada por relatórios indicando o crescimento da violência no País. Não se fala disso. O plano de segurança de Temer não saiu do papel. O tema passa ao largo de todo o universo político. Apenas Jair Bolsonaro trata dele, o que dá a impressão de que suas propostas são as únicas para enfrentar o problema. Naturalmente, os candidatos apresentarão as suas. Mas é evidente que, se não mergulham no tema desde agora, serão menos convincentes.

Nesta ligeira calmaria na política, a vida real não dá trégua. O ministro da Justiça nos colocou, os que vivem no Rio, numa situação delicada. Ele afirma haver conluio entre o governo e o crime organizado e que os comandantes da PM estão no esquema. Segundo Torquato Jardim, nem o governador nem o secretário de Segurança controlam a polícia e isso só mudará depois das eleições de 2018. Ainda estamos em novembro.

A generalização do ministro da Justiça é incorreta. Há bons comandantes e muitos policiais que perdem a vida nas ruas.

É um remanso perigoso este. Ele certamente vai influenciar o período que lhe sucede: as eleições.

A ainda débil retomada econômica e ligeira recuperação do emprego não bastam para evitar a tensão. No front cultural já é uma incômoda realidade, conflitos em torno de temas que poderiam ser tratados racionalmente terminam em insultos.

O próprio Supremo, de quem se espera frieza e serenidade, sobretudo neste momento do País, transmite ao vivo discussões agressivas como a travada por Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso.

São fatores de instabilidade que tornam mais difícil o caminho da mudança, pois contribuem, indiretamente, para a polarização esquerda-direita, como se nos lançassem, na máquina do tempo, ao período da guerra fria. Uma intensa luta ideológica é inevitável. Mas se domina a cena morre com ela a chance de um diagnóstico mais próximo da realidade. E, consequentemente, ressalta fórmulas esgotadas como a do governo militar e a experiência lulopetista.

Para ser coerente com sua tática de negação dos seus crimes, o PT analisa que errou por não ser duro, não ter confrontado os conservadores. Daí a proposta de controlar os meios de comunicação, a ameaça de retaliar procuradores e juízes.

Bolsonaro sonha com a militarização das escolas no Brasil. Apoia-se no melhor rendimento dos colégios militares. E diz que a disciplina é a razão da boa qualidade do ensino. Talvez esteja pensando com os padrões da revolução industrial, do treinamento de trabalhadores fabris. No mundo complexo em que vivemos, a iniciativa, a criatividade são instrumentos de sobrevivência, assim como ser flexível para sobreviver diante da precarização do trabalho.

Isso não significa defender a indisciplina. Apenas afirmar que cada época demanda uma combinação de restrições e liberdades que preparem as pessoas para sobreviver nela.

Se erramos a mão, corremos o risco de formar um exército de desempregados, disciplinados, que se levantam quando entra o professor e cantam o Hino Nacional. Da mesma forma, se usarmos o método Paulo Freire, concebido para ser um instrumento de vanguarda para formar revolucionários, corremos o risco de incendiar a juventude com sonhos sepultados pela História. Esse é apenas um lance da polarização no setor mais importante para alavancar a mudança.

O colapso do sistema político-partidário não deixou pedra sobre pedra. O encastelamento, no fundo, é uma tática do tipo depois de nós, o dilúvio.

No Rio, parte da sociedade não achou o caminho para evitar o que lhe pareciam duas regressões: uma esquerda do século passado ou um mergulho na Idade Média, quando Igreja e Estado se confundiam. Houve um grande número de votos em branco, mas venceu uma das regressões.

Não creio que o Brasil caia na mesma armadilha: de um lado, a nostalgia do governo militar; de outro, a estrada para a Venezuela. Mas é preciso levar em conta que o sistema político apodrecido nos empurra para isso.

O período é favorável para refletir sobre alternativas. Uma corrente mais colada nos fatos pode até perder. Mas é uma chama que não pode se apagar. Um dia, escaparemos da máquina do tempo.

* FERNANDO GABEIRA É JORNALISTA

Agricultura acende sinal de alerta com UE-Mercosul

Coluna do Broadcast Agro, O Estado de S.Paulo

O Ministério da Agricultura acendeu o sinal de alerta com a possibilidade de serem adotadas barreiras não tarifárias para produtos agrícolas nas negociações para o acordo comercial União Europeia-Mercosul. Para tentar fechar a parceria ainda este ano, o Brasil estaria disposto a aceitar que as atuais análises de risco – estudos técnicos e sanitários para regrar o comércio de produtos agropecuários – sejam substituídas pelo que se chama de “percepção de perigo”. Ou seja, no caso da mudança, bastaria ao consumidor europeu reprovar determinado produto alegando risco sanitário para dar início a um processo que culmine em barreiras. Em Brasília, na semana passada, o ministério avisou o agronegócio e o Congresso que já perdeu a batalha interna nas negociações sobre o tema.

Só os grandes. O MUFG, mais conhecido como Banco de Tokyo, tem planos robustos para o agronegócio brasileiro. Com atuação discreta no País há quase um século, aposta em empresas do setor com faturamento acima de R$ 1 bilhão como estratégia de crescimento na América Latina. A meta é dobrar a carteira na região, de US$ 1,2 bilhão em 2017 para US$ 2,5 bilhões em 2020, conta à coluna Victor Carneiro, diretor de Agribusiness.

O líder. O Brasil entra com 90% do montante atual, conta Carneiro. A ideia é, além de aumentar a participação nos negócios dos atuais 21 clientes do segmento, atrair pelo menos outras 24 megaempresas. O principal produto oferecido ao agronegócio são linhas de financiamento das exportações.

Passou batido. Pouca atenção foi dada a uma informação na página 25 do balanço da Yara referente ao 3.º trimestre de 2017, divulgado há uma semana. Em setembro, o Tribunal de Justiça paulista considerou a Yara e mais 22 empresas responsáveis pela poluição ambiental e os danos à Serra do Mar nas décadas de 1970 e 1980 decorrentes da emissão de poluentes em Cubatão (SP).

Poupança. A conta dos danos ainda está sendo calculada, mas a Yara Global já fez provisão de 12 milhões de coroas norueguesas, ou R$ 4,8 milhões. A empresa não tinha operações em Cubatão na época, mas sim a Adubos Trevo, adquirida em 2000. À coluna, a Yara afirma entender que os danos “já foram devidamente reparados”, que atua licenciada na região e recorrerá da decisão. 

Bons ventos. A demanda de Argentina, Rússia e Colômbia por máquinas e implementos agrícolas vem impulsionando as exportações brasileiras, conta Pedro Bastos, presidente da Câmara Setorial da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Até setembro, o País faturou US$ 661,5 milhões com vendas externas do setor, alta de 81% ante os primeiros nove meses de 2016.

Tirando o atraso. Na Argentina, menos entraves à importação vêm permitindo aos produtores renovar a frota. A Rússia aumentou as compras de US$ 627 mil no ano passado para US$ 16 milhões até julho de 2017, após as sanções dos EUA e da União Europeia. Já na Colômbia, cidadãos de áreas antes controladas pelas Forças Revolucionárias, as Farc, vêm se dedicando à agricultura, diz Bastos.

Freio gasto. A tarifa de até 20% imposta em agosto sobre o etanol importado não conseguiu frear a entrada do biocombustível no Brasil, proveniente sobretudo dos Estados Unidos. Em setembro as compras subiram 103% ante igual período de 2016, para US$ 56,7 milhões. Nos nove primeiros meses do ano, as aquisições externas dispararam 256% ante igual intervalo de 2016, para US$ 793,8 milhões. 

Luz no fim do túnel. Em época de crise energética e de bandeira vermelha na conta de luz, o setor sucroenergético, grande produtor do insumo em térmicas à base de bagaço de cana-de-açúcar, é sempre lembrado. Integrante do Ministério das Minas e Energia nota, por exemplo, que usinas de cana de São Paulo poderiam usar gás natural e ampliar a produção de energia, restrita hoje aos cinco ou seis meses da safra.

Os cogitados... A bancada ruralista saiu de recente encontro com o prefeito de São Paulo, João Doria, com a certeza de que outro tucano, o governador Geraldo Alckmin, teria o apoio do setor caso decida se candidatar ao Planalto. Fora do PSDB, Jair Bolsonaro (PSC-RJ) também tem simpatia desses parlamentares, assim como teria o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. 

...e o dos sonhos. Mas a candidatura unânime seria a do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que estaria, porém, mais inclinado ao governo goiano.

Desta vez vai? A duplicação da capacidade do Tegram, terminal no Porto de Itaqui (MA) administrado por CGG, Glencore, NovaAgri e Amaggi e Louis Dreyfus com Zen-Noh, pode sair em 2018. Fonte diz que a capacidade máxima, de 5 milhões de toneladas, foi quase atingida. A diretoria do Tegram deve discutir o assunto em 2018 e há possibilidade de as obras começarem no mesmo ano. Em março de 2016, o consórcio disse ao Broadcast Agro que iniciaria as obras no 2.º semestre.

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Fonte:
ESTADÃO

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