Ódio a setor rural é um dos nomes do esquerdismo e do irracionalismo de setores da imprensa

Publicado em 25/10/2017 13:39
REINALDO AZEVEDO -- Faz sentido a simples suposição de que o setor não iria tão longe nem seria tão pujante não fosse a mão de obra escrava?

A realidade pode mudar, mas não a cobertura de certos setores da imprensa. A pauta é sempre a mesma, pouco importa o objeto que esteja sendo analisado. Também os ódios não variam, o que explica parte importante da pindaíba política em que estamos. Querem ver?

Por que o governo resolveu baixar a Portaria 1.129 que define — em vez de reduzir a abrangência do conceito — o que é trabalho análogo à escravidão? Ora, a resposta parece óbvia: para conquistar votos da bancara ruralista.

Mais: o governo renegocia dívidas do setor rural por quê? Ora, para atender às reivindicações da bancada ruralista. E, nos dois casos, ele o faz com que propósito? Para conquistar votos contra a denúncia.

Bem, ainda que fosse verdade, haveria uma máxima escondida em tudo isso: não fragilize o governo a ponto de ele ficar dependente, então, de balcões de negócios. Ocorre, no entanto, que verdade não é.

Venham cá: caso Temer caísse, a realidade se afiguraria melhor para esses que são chamados “ruralistas”? O setor estaria mais bem representado se o presidente fosse Rodrigo Maia ou outro qualquer que tivesse chance no Colégio Eleitoral? E não que Temer seja seu instrumento no governo. Estou é perguntando se algum outro representa a alternativa segura, encarnada pelo presidente, no que respeita à segurança jurídica.

Faço outra pergunta: será mesmo que o setor depende de tal sorte do trabalho análogo à escravidão que precisa chantagear o presidente e arrancar dele uma portaria com tal conteúdo?

Entende-se que o ruralismo que consegue chegar ao Congresso e formar uma bancada representa os setores mais organizados do agronegócio, que opera com critérios e tecnologia de ponta que hoje deixam a indústria brasileira no chinelo. Faz sentido a simples suposição de que essa gente não iria tão longe nem seria tão pujante não fosse a mão de obra escrava?

A suposição, com a devida vênia, é energúmena, mas foi parar até num editorial do jornal “O Globo”, claro!, que aproveitou para lembrar a devastação da Amazônia, cujo ritmo caiu substancialmente no governo… Temer.

Dizer o quê? Chegamos ao vale-tudo. Se, até ontem, valia até matar o presidente, por que não esmagar um pouco mais a verdade?

Eis aí… Essa é a pauta permanente das esquerdas, à qual a imprensa adere por inércia ou por determinação explícita de derrubar o presidente da República.

VIOLÊNCIA LEVA À DIREITA… PORQUE É CULPA DA ESQUERDA! (por rodrigo constantino)

É sempre um “espanto” o tanto de espaço que dinossauros comunistas recebem em nossa “mídia golpista”. O Globo de hoje publica um texto de Cid Benjamin, aquele que critica Lula por não ser esquerda o suficiente. O esquerdista ficou surpreso ao entrar em contato com gente comum, como um mestre de obras e um taxista, e descobrir que, cansados da violência reinante, querem “fuzilar bandidos” e pretendem votar em Bolsonaro.

Para Benjamin, as soluções propostas pela direita são “ilusórias”. Reduzir a maioridade penal, permitir o armamento da população de bem, construir mais prisões, endurecer com os marginais, combater a impunidade, tudo isso é fantasia de “fascista”. As duas medidas que poderiam realmente melhorar as coisas, segundo o ex-petista, é acabar com a “guerra às drogas” e regulamentar pelo estado a venda das drogas.

Estranho: a imensa maioria dos países desenvolvidos também possui uma “guerra às drogas”, e nem por isso Londres, Miami, Nova York, Paris ou Frankfurt se parecem com o Rio de Janeiro quando o assunto é violência. Por que será?

Só que legalizar as drogas e concentrar no estado o poder de controle não é tudo que o comunista quer. Isso é paliativo, diz. Para realmente resolver o problema é necessário combater a “exclusão social”, as desigualdades. Claro, porque traficantes de classe média, como Playboy e Marcola, que cita até filósofos, foram para o mundo do crime por falta de oportunidades, não por escolha própria.

Se ao menos o governo colocasse ainda mais recursos escassos nessas escolas públicas, que têm Paulo Freire como “patrono” e ensinam as maravilhas do funk… tudo ficaria lindo! O jornalista não explica que os países desenvolvidos possuem leis bem mais rigorosas de combate ao crime, que o grande diferencial é a impunidade menor, não a “igualdade maior”, até porque países como os Estados Unidos são bem desiguais.

Após espetar o atual governo como “golpista”, Cid Benjamin afirma que ele “está fazendo um ataque aos direitos sociais ainda maior do que o levado a cabo na ditadura militar”. Direitos sociais, como sabemos, é um eufemismo para paternalismo estatal que cria dependência e submissão. E, depois dessa baboseira toda, ele fecha com chave de ouro – ouro de Moscou:

Queiram ou não os que se encantam com a (correta) defesa das pautas identitárias, os defensores da (necessária) regulamentação das drogas, os adeptos da (urgente) desmilitarização da PM, é preciso fazer reformas estruturais que democratizem a sociedade, eliminem a exclusão social, diminuam a desigualdade, distribuam renda, criem empregos e impeçam o desmanche da CLT e da Previdência.

Sem isso, a violência não vai diminuir significativamente. Estaremos enxugando gelo. Os jovens que deixarem o tráfico acabarão indo assaltar no asfalto.

O cerne do problema está na política, na velha luta de classes. Aí deve se concentrar o esforço dos democratas.

Desmilitarizar a polícia, liberar geral as drogas, concentrar mais poder no estado, usar o governo como máquina de distribuição de riqueza, manter a CLT fascista: eis o caminho para combater a violência. Os jovens assaltam, tadinhos!, por falta de emprego e pela desigualdade. O problema é a velha luta de classes marxista. Uni-vos, “democratas”! Vejam na Venezuela que maravilha esse caminho!

Sim, o cheiro é de naftalina, mas estamos lendo isso em pleno século XXI, e no jornal da “elite golpista”. De fato, a violência leva à direita. Porque nem todos são idiotas, e podem perceber que suas causas estão todas ligadas ao pensamento de esquerda…

Rodrigo Constantino

A CRENÇA ABALADA NA DEMOCRACIA: QUAIS AS CAUSAS E O QUE FAZER?

Em sua coluna de hoje, Merval Pereira fala sobre corrupção e democracia, mostrando como a crença popular no sistema democrático tem sido abalada pelos constantes casos de corrupção. Eis um trecho:

A conclusão é que a democracia latino-americana está em crise, e uma das principais razões é o descrédito dos sistemas políticos, dos partidos, das lideranças. O Latinobarômetro mostra que 70% dos cidadãos da região criticaram seus governos por pensarem apenas em seus interesses individuais e não no bem comum, sendo que no Brasil, esse percentual alcançou 97%.

Não é por acaso, portanto, que a questão da corrupção, a partir do caso brasileiro, tenha se espraiado pela América Latina, já que o esquema montado pelo PT nos governos Lula e Dilma exportou para diversos países chamados “bolivarianos” o mesmo sistema de compra de apoio político com o apoio da empreiteira Odebrecht.

Esse sistema de corrupção que agora está sendo desvelado, corroeu os frágeis sistemas democráticos em diversos países da região e fez com que a descrença na democracia representativa aumentasse nos últimos anos.

Após falar do “capitalismo de estado”, a simbiose nefasta entre governo e grandes grupos, Merval conclui: “Crise econômica, desmoralização da classe política pela prática sistemática da corrupção, e violência urbana são ingredientes que se misturam para desacreditar a democracia representativa”.

Em sua coluna na Gazeta do Povo, Alexandre Borges, que esteve recentemente em seminário sobre a operação Mãos Limpas na Itália, fala que mais leis e prisões não bastam, que é preciso um resgate de valores éticos, e também a redução do estado, principal causa da corrupção. 

A lição mais importante que se pode tirar do alegado fracasso da megaoperação italiana é que o combate ao crime não pode e não deve ser baseado apenas em ações penais mas numa mudança estrutural das relações entre estado e sociedade em que o judiciário é uma parte de um esforço muito maior de refundação do país em bases mais morais e éticas. Sem o envolvimento e o apoio direto da população, o remédio não só não vai curar o paciente como ele acabará pior do que antes do tratamento.

[…]

O combate da corrupção sistêmica, que envolve os principais escalões do governo e estatais, passa necessariamente por uma diminuição das garras do estado, a descentralização da administração pública e a devolução do poder aos estados e municípios. No lugar dos corruptos atuais, não basta “profissionalizar” o estado, como imaginam certos liberais iludidos e inocentes que compram a idéia positivista de uma burocracia científica em substituição aos cleptocratas atuais. Sempre que houver alguém com poder para criar dificuldades, haverá venda de facilidades. Não adianta trocar a CUT por ex-alunos de Harvard, é preciso menos estado.

O descrédito com a democracia foi também o tema do nosso podcast Ideias esta semana. Eu, Borges e Narloch trouxemos pensadores diferentes para mostrar que o excesso de confiança no estado pode estar por trás dessa decepção. É preciso ser mais cético, acreditar menos no governo, e reduzir a esfera da política em nossas vidas, diminuir o escopo do estado.

Debater os limites da própria democracia é uma forma de salvá-la, não de ser antidemocrático. Falta um debate sério sobre isso em nosso país.

Rodrigo Constantino

O interesse público na defesa comercial (por Marcos Sawaya Jank (*) e José Tavares de Araujo Jr. (**)

A Camex precisa analisar em profundidade o "interesse público" por trás das sobretaxas do aço

Os defensores da escalada de medidas antidumping aplicadas pelo governo brasileiro desde 2006 costumam argumentar, corretamente, que tais medidas são legítimas e amparadas pelas normas da OMC (Organização Mundial do Comércio). Legais e legítimas, sem dúvida, mas não necessariamente razoáveis e benéficas para a economia como um todo.

Por isso, antes de qualquer decisão, é fundamental verificar os ganhos e as perdas do processo e avaliar se há real interesse público nas medidas propostas.

Um exemplo recente do grau de insensatez da nossa política comercial reside na indústria de laminados de aço a quente, cujos preços afetam, virtualmente, as estruturas de custos de todo o sistema industrial. Entre 2010 e 2016, as importações desse produto caíram de US$ 734 milhões para US$ 88 milhões, ou seja, praticamente desapareceram.

Mesmo assim, no ano passado o governo tomou duas providências excêntricas. Em julho, abriu uma investigação antidumping contra as importações de aço oriundas da China e da Rússia, que vai seguramente aumentar ainda mais o preço do aço vendido no mercado interno.

Esse preço tem sido bem superior ao que o Brasil pratica nas exportações do produto. Tanto que há duas semanas a União Europeia impôs elevadas sobretaxas antidumping contra o aço exportado pelo Brasil, usando os mesmos argumentos que o país quer fazer valer contra a China. Não há logica alguma nessa corrente protecionista anacrônica, que, aliás, cria precedentes para outros tipos de aço. Não é para menos que 23 associações de indústrias usuárias de aço se uniram formando uma coalizão contra a sobretaxa.

Não bastasse o antidumping, em novembro o Brasil iniciou processo sobre os subsídios supostamente concedidos pelo governo chinês aos fabricantes de laminados de aço. É a primeira vez que o Brasil contesta os subsídios chineses.

Os chineses entendem que, se o Brasil for adiante e aplicar direitos compensatórios contra os subsídios, estaria claramente tomando partido ao lado dos EUA e da Europa na matéria, países que até aqui lideram essa modalidade de defesa comercial. A retaliação mais evidente cairá sobre as nossas exportações do agronegócio, como já está ocorrendo no caso do açúcar –com a imposição de uma salvaguarda global que só atingiu o Brasil– e da carne de frango, cuja petição inicial sugere a aplicação de taxas antidumping da ordem de 40%.

Alguns dirão que isso tudo tem a ver com a polêmica do reconhecimento da China como economia de mercado. Mas, no nosso entendimento, o que realmente está em jogo é a falta de visão estratégica sobre o interesse nacional em geral e os rumos da política comercial em particular.

Há 15 anos rejeitamos a construção de blocos econômicos com países americanos e europeus. Agora estamos irritando a China, a Rússia e outros parceiros emergentes, com esse neoprotecionismo surreal cumulativo, que prejudica a nossa competitividade e capacidade de inserção nas cadeias globais de valor.

É fundamental que a Camex analise em profundidade o "interesse público" que haveria por trás das sobretaxas de antidumping e anti-subsídios no aço. No nosso entendimento, elas vão fortalecer o poder de mercado dos fabricantes de aço, prejudicar o resto da economia e irritar o principal parceiro comercial do país, atingindo o agronegócio exportador.

Em vez de ficar atirando bravatas xenofóbicas contra a competitividade conquistada pelo resto do mundo, deveríamos, sim, refletir seriamente sobre os vetores que nos jogaram para trás nesses últimos anos e avançar nas reformas estruturais que nos recolocariam no planeta.

(*) Marcos Sawaya Jank é especialista em questões globais do agronegócio. Escreve aos sábados, a cada duas semanas.

(**) José Tavares de Araujo Jr. é doutor em economia pela Universidade de Londres e sócio da Ecostrat Consultores. Email: [email protected]

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Fonte:
Reinaldo Azevedo/Gazeta do Povo

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2 comentários

  • Alex Sandro Fedel Manoel Ribas - PR

    Isso mostra o carater do nosso congresso brasileiro, maioria de corruptos.

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  • JAIRO AUGUSTO RAIZI Iracema do Oeste - PR

    Como mensageiros do campo, que em 2018 sejamos iluminados por DEUS para elegermos lideranças políticas que não confiem apenas na força do campo, mas sim no "CRIADOR DO CAMPO", fortalecendo assim a força do campo, do urbano etc , e quem sabe não será mais ser preciso barrar ou engavetar ações de corrupção para que o "PAÍS possa caminhar ?".

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    • LEANDRO M GRANELLA GETÚLIO VARGAS - RS

      Caro Azevedo... ser PUDERES LER ÓTIMO.. mas a realidade é que este ódio é motivado por $$$$$ que cai no bolso dos Ambientalistas pagos por nossos concorrentes para frear nosso avanço na Agropecuária !!!

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    • victor angelo p ferreira victorvapf nepomuceno - MG

      O ódio não é do esquerdismo aos produtores rurais..., na realidade é medo de nossa produção abafar a da concorrência... que, apesar dos subsídios imensos, não está conseguindo obter bons resultados... então é mais fácil colocar as ONGs pra trabalhar, contratar mão de obra a troco de sanduíche, cujos "militantes" de uma hora para outra viram esquerdistas empunhando bandeiras que nem sabe o que carregam,.. agora colocaram até um príncipe pra trabalhar com anuência de um governo esquerdo-direitista, que não sabe se faz a barba ou deixa a barba crescer....

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