JBS entrega extratos de contas atribuídas a Lula e Dilma (por MONICA BÉRGAMO, na FOLHA)

Publicado em 01/09/2017 07:01
Na edição da FOLHA DE S. PAULO desta sexta-feira + VEJA

Os donos da JBS vão entregar extratos e explicar em detalhes, nos documentos que estão entregando ao Ministério Público Federal, depósitos feitos nas contas que atribuíram a Lula e a Dilma no exterior.

CONTROLE
As contas foram abertas em nome de uma offshore controlada por Joesley Batista, da JBS. Ele diz que, quando fazia negócio com o governo, depositava propina de cerca de 4%, primeiro numa conta "de Lula", no governo dele, e depois numa conta "de Dilma". O dinheiro ficaria reservado para o PT. O empresário afirma que mostrava os extratos para o então ministro Guido Mantega.

CASÓRIO
Cada vez que dava dinheiro para campanhas do PT no Brasil, Joesley diz que abatia contabilmente da poupança do exterior. No fim das contas, o PT gastou tudo o que tinha direito, afirma. E Joesley usou o saldo no exterior para comprar um apartamento em NY, dois barcos e até mesmo para pagar a festa de seu casamento, em 2012.

FICÇÃO
O ex-ministro Guido Mantega afirma que nunca negociou a doação de recursos irregulares com o empresário Joesley Batista. Lula e Dilma afirmam que jamais ouviram falar da tal conta.

Leia a íntegra no site da Folha de S. Paulo

Delatados dizem que JBS pode ter omitido provas da Justiça; Temer pedirá acesso a novos áudios

POR PAINEL

Colcha de retalhos Os alvos da hecatombe provocada pela JBS vão explorar o fato de os delatores estarem apresentando só agora — mais de três meses após o estouro do escândalo — gravações que fizeram antes de firmar o acordo com a PGR. A interpretação é de que pode haver aí um indício de que os irmãos Batista omitiram provas. O advogado de Michel Temer pedirá acesso aos novos grampos. A defesa da JBS trata o assunto com naturalidade e diz que não há risco de quebra do acordo de colaboração.

Na manga Em junho, peritos da PF encontraram rastros de arquivos que haviam sido apagados dos gravadores de Joesley Batista. Entre eles, havia registros salvos com nomes similares aos de alvos de investigações.

Sugestivos Entre os itens deletados havia arquivos identificados como “Gabriel Guimarães X R. Saud”, “Roberta X Ricardo”, “Rodrigo R. Louro X Ricardo”. Gabriel Guimarães seria um deputado do PT-MG. Roberta, a irmã de Lúcio Funaro.

Nitroglicerina Joesley gravou os próprios advogados — teria feito isso por não saber manusear com apuro o gravador. A pergunta, em Brasília, é se nessas conversas mencionou o nome de Marcello Miller, ex-procurador que deixou a PGR para atuar na banca que negociou a leniência da JBS.

Venha a mim Em junho, o advogado de Temer, Antônio Claudio Mariz de Oliveira, solicitou ao STF acesso a sete gravações apagadas por Joesley. Com a revelação pelo site “O Antagonista” de que mais grampos teriam sido encontrados, decidiu voltar à corte.

Leia a íntegra no site da Folha de S. Paulo

Marina sai da toca (por BERNQRDO MELLO FRANCO)

Lula, Doria, Alckmin, Ciro, Bolsonaro. Os cinco políticos têm percorrido o país em campanha aberta à Presidência. Faltava Marina Silva, que deve concorrer ao Planalto pela terceira vez em 2018.

Para alívio dos aliados, a ex-senadora começa a sair da toca. Nesta semana, ela voltou a ter agenda de candidata. Na quarta, reapareceu no Congresso para um ato em defesa da Amazônia. Foi cortejada por deputados e posou para dezenas de selfies.

No sábado, Marina vai a Macapá para outra manifestação a favor da floresta. No domingo, retorna a Brasília para a Virada do Cerrado. Entre os compromissos, ela reservou dois dias para reuniões em São Paulo.

A quem reclama de seu sumiço, a ex-senadora diz que não tem mais cargo público e que nunca deixou de se expressar nas redes sociais. "Já tem muita gente repetindo o meu discurso por aí", brinca. "Toda hora tem alguém falando em nova política, dizendo que não é de esquerda nem de direita, tirando o "P" do nome do partido...", enumera.

Leia a íntegra do artigo no site da Folha de S. Paulo

Joesley Batista decide entregar novos áudios de seu gravador à PGR

O empresário Joesley Batista decidiu entregar novos áudios de conversas que teve com políticos para a PGR (Procuradoria Geral da República).

Ele tem até hoje para complementar o acordo de delação premiada que fez com os procuradores com documentos, planilhas e extratos que confirmem os depoimentos que prestou ao fechar a colaboração.

Joesley decidiu revisar todas as conversas que tinha arquivadas em seu computador depois que entregou o gravador para que a Polícia Federal fizesse perícia da conversa entre ele e o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu, em Brasília, em maio.

Ao receber o aparelho, a PF não apenas fez a perícia da conversa como passou a recuperar todos os outros diálogos que já tinham sido apagados do gravador.

Uma pessoa familiarizada com as investigações disse que todas as conversas tinham sido repassadas do aparelho para um computador de Joesley, onde estão armazenadas.

Leia a notícia na íntegra no site da Folha de S. Paulo

Na Veja: Joesley Batista: ‘Descobri que eu era um criminoso’ 

Dono da JBS diz que desconfia que o governo Temer operava para impedir sua delação e relata como se deu conta de que levava uma vida de crimes (Por Thaís Oyama)

Joesley Batista ainda não tem coragem de sair de casa. Quatro meses depois de ter acusado 1 829 candidatos eleitos (incluindo um presidente e uma ex-presidente da República) de receber propina de sua empresa, a JBS, ele diz não estar pronto para fazer o “teste da rua”. Acha que, hoje, sua imagem é a de alguém que cometeu uma série de crimes e não foi punido. O empresário diz esperar que suas informações ajudem a desmontar novos esquemas de corrupção. “Na hora em que os nossos anexos começarem a revelar outras organizações criminosas, aí talvez a sociedade vá olhar e dizer: ‘Pô, o Joesley teve a imunidade, mas olha como ele ajudou a desbaratar a corrupção’.” Joesley falou a VEJA em seu escritório da JBS, em São Paulo. Na entrevista, ele relata como se deu conta de que levava uma vida de crimes e diz que desconfia que o governo de Michel Temer operava para impedir sua delação. “Esse Temer que você vê na televisão é falso. O Temer verdadeiro é o que eu gravei. Aquele Temer que fala sem cerimônia”, afirma. Segundo o empresário, o presidente “sempre foi muito direto, ele pedia dinheiro mesmo.” Leia abaixo trechos da entrevista:

Quatro meses depois de assinar um acordo de delação em que o senhor e executivos da sua empresa denunciaram 1 829 candidatos eleitos de 28 partidos, incluindo o presidente da República, o que mudou na sua vida? Ninguém sai de um processo desses como entrou. Esse negócio de virar colaborador da Justiça é muito novo para todo mundo. Um delator não “faz” uma delação simplesmente, ele vira uma chave. Muda sua forma de pensar, de agir. Aqueles amigos que você tinha já não servem mais. Se você mudou realmente, você muda de grupo e passa a enxergar as coisas sob outro ângulo.

Militância xucra e interesseira dá o tom do debate, assusta os covardes, e reforma política não deve sair, por Reinaldo Azevedo

"Não morri de mala sorte/ morri de amor pela morte". Esses dois versos encerram "Romance", um dos belos poemas de Mário Faustino (1930-1962), o melhor poeta brasileiro do século passado. Felizmente, não emprestava seu talento a besteiras como "arte engajada". Seus temas eram o amor, a morte, a solidão, a dor e a delícia de existir. E disso deveríamos todos nos ocupar.

Minha ideia de paraíso na Terra é um regime democrático com uma burocracia estável, comandada por pessoas sem carisma, que atuem no estrito cumprimento das leis. Mas não! A República Federativa de Banânia cobra da gente mais do que coragem. Aliás, notem: engajamento e frenesi, ainda que esse de redes sociais, são sintomas de atraso em marcha, não o contrário. "Ah, e os EUA?" Atraso em marcha!

"Vá morar na Noruega, Reinaldo!" Não dá! Preciso de sol e calor para ser feliz. Atavismos...

Os versos de Faustino vieram-me à memória semana passada ao constatar que a reforma política, no que tem de essencial, deve dar com os jumentos n'água! Jumentos orgulhosos de seus zurros anti-establishment.

Desta feita, os políticos não são os principais culpados. Também não dá para enfiar a mão, em sentido metafórico e moral, na fuça das esquerdas. Eis a obra da direita xucra. Transforma as redes sociais, sites, blogs, programas de rádio e até atrações de TV num esgoto a céu aberto de indigências intelectuais, estupidez militante e ignorância sobranceira e autorreferente. Sua biblioteca é o fígado, patrocinado por especuladores, bucaneiros e doadores secretos.

Alguns movimentos que se colocaram na linha de frente contra as mudanças possíveis são compostos de jovens (alguns já bem rodados...) que se querem a "renovação" e que se dizem adeptos de uma tal "nova política", mero slogan marqueteiro que nunca disse a que veio. Passaram a comer pelas mãos da facção milenarista do Ministério Público Federal, sob a orientação dos reverendos Deltan & Carlos Fernando. A dupla também pauta a imprensa séria, que abriga muitos piadistas involuntários em busca de "likes".

Talvez se aprovem cláusula de barreira e proibição de coligações proporcionais. E pronto.

Distritão é, sim!, um horror. Mas tudo estava preparado para que fosse a antevéspera do voto distrital misto já para 2022. Com esse modo de representação, o debate sobre o parlamentarismo iria se impor. A eventual criação de um fundo público de campanha era só o argumento necessário para a volta da doação de empresas, que existe, em modalidades muito distintas, em todo o mundo democrático. Tratava-se apenas de aprovar uma lei mais severa para coibir excessos.

E nem seria preciso construir agora o "Moisés" da reforma política. Faltam-nos Michelangelos para isso. Ao longo do tempo, consertaríamos o nariz, a mão, o desenho da túnica. Os xucros têm pressa porque não têm critério. Ademais, não se enganem: safadezas como o petrolão não precisam, para existir, da doação de pessoas jurídicas a campanhas. Nasceria a flor do pântano.

Ocorre que, do pântano, escolhemos os miasmas da retórica chula: "E então vamos dar mais dinheiro para os políticos? Não!!! Vamos permitir a reeleição dos caciques? Não!!!"

A "vanguarda do retrocesso" tomou a frente da batalha. E não há menor chance de o país ser socorrido por políticos corajosos, que aceitem enfrentar essa "doxa" vagabunda, segundo a qual toda doação de empresa é propina e todo fundo público consiste num assalto aos cofres –ainda que eu deteste o modelo. O ponto é: o que daria para fazer agora além disso?

Tudo indica que vamos para 2018 sem fonte pública ou privada (conhecida ao menos) de financiamento. E com voto proporcional. Vanguarda assim é coisa rara. E ainda houve, e há, entre esses patriotas, os que insistem em depor o presidente da República.

Mais um Faustino: "A vanguarda do não avança e vence". Ninguém nos empurrou para isso. Não era um destino. Não é mala sorte. É uma escolha. É amor pela morte. 

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Fonte:
Folha de S. Paulo + VEJA

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1 comentário

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    É engraçada essa democracia do Reinaldo Azevedo, assim como é trágico a maneira com que ele defende os bandidos baseado no argumento de que a lei os protege e que de certa maneira estariamos todos no paredão dos bolcheviques, mesmo os inocentes. São ameaças e mais ameaças de um totalitarismo autoritário de uma direita xucra inexistente. Por falar em xucrismo campeiro, para que mais xucro que Reinaldo Azevedo? Setores da direita enterraram as pretensões do PSDB e por isso seria a vanguarda do atraso, como prova apresenta um verso mequetrefe. Tem que ter recibo assinado, viu Reinaldo Azevedo. O xucrismo do Reinaldo Azevedo se traduz na definição que ele dá da tal direita xucra... bobos, feios, malvados,... picaretas, ignorantes, insensiveis,.. e por aí vai. Vai muito mal Reinaldo Azevedo. A democracia é isso, segundo você mesmo. Ganhamos e você perdeu, assim como caiu por terra o terrorismo de que o Lula ia voltar, cadê? Por que não publica as massas ovacionando Lula na "caravana" do nordeste? Errou feio, errou por amor à morte.

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