A nova e maior safra da história dos Estados Unidos. Brasil e EUA elevam oferta de grãos no mundo (GAZETA e FOLHA)

Publicado em 11/08/2017 03:50 e atualizado em 11/08/2017 05:57
Estatística oficial norte-americana não aponta perdas significativas por causa do calor e da seca de julho, contrariando as expectativas do mercado.

O relatório mensal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre as lavouras norte-americanas, divulgado nesta quinta-feira (8), veio na contramão do que o mercado esperava e derrubou o preço das commodities na Bolsa de Chicago. A cotação de soja para setembro caiu mais de 3%, de US$ 9,7 para US$ 9,37 por bushel, enquanto o preço do milho recuou 4%, para US$ 3,57 o bushel.

O USDA não contabilizou perdas significativas na produção de milho e soja em função do clima quente e seco em algumas regiões produtoras. Em relação à soja, a projeção é de uma nova safra recorde, 2% maior do que no ano passado, chegando a 119 milhões de toneladas, com uma produtividade de 3322 quilos por hectare.

Ainda que a projeção da produtividade média de milho tenha caído de 10.959 para 10.639 kg/ha, a safra do cereal ainda será a terceira maior da história, em produtividade e produção. A estimativa é de que os americanos colherão 359 milhões de toneladas.

O mercado esperava que o clima de julho tivesse um impacto significativo sobre as lavouras, mas não foi isso que o USDA apontou. “Os analistas ficam com um pé atrás com a previsão, mas o departamento é muito respeitado, então o relatório mexe mesmo com as cotações”, diz Luiz Fernando Gutierrrez Roque, analista da agência Safras e Mercados.

A supersafra americana vem num contexto de ampla oferta de grãos e oleaginosas, em função das colheitas recordes do último ciclo. Os estoques mundiais de passagem, para a soja, estão estimados em 93,53 milhões de toneladas. Os estoques de milho estão em 200,87 milhões de toneladas, segundo o USDA.

Pelo relatório do USDA, apenas a produção de trigo será reduzida por causa do calor e da seca de julho, saindo de um patamar de 62,4 milhões de toneladas no ano passado para 47,31 milhões de toneladas (contra 47,8 milhões da previsão mensal anterior). Se for confirmada, será a menor safra de trigo americana desde 2002.

Brasil e EUA elevam oferta de grãos no mundo (na FOLHA)

Por MAURO ZAFALON, na coluna VAIEVEM DAS COMMODITIES

Estados Unidos e Brasil mostraram nesta quinta-feira (10) o quanto vai ser grande a oferta de grãos no mundo nos próximos meses. Os órgãos responsáveis pelo acompanhamento da produção de grãos nos dois países apontam para números recordes.

A safra brasileira deste ano, que se encaminha para o final, ficará próxima de 240 milhões de toneladas.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) prevê 242 milhões. Já a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima 238 milhões.

Nos Estados Unidos, o Usda (Departamento de Agricultura) elevou a produtividade da soja, cujas lavouras estão em desenvolvimento, para um patamar superior ao que previa o mercado. Na avaliação do órgão, a produção da oleaginosa atingirá o recorde de 119,2 milhões de toneladas na safra 2017/18.

No Brasil, a safra de soja, já colhida, soma o recorde de 114 milhões de toneladas.

Em ambos os países, que estão entre os principais produtores e exportadores de grãos no mundo, o clima foi fundamental nas culturas de soja e de milho. No caso brasileiro, a maior produção se deve ainda ao aumento de 2,3 milhões de hectares na área de plantio.

As condições climáticas no Brasil favoreceram mais a safra de verão, que teve o volume produzido aumentado em 53 milhões de toneladas, em relação ao anterior. Foram colhidos 232 milhões de toneladas.

Já no inverno, a safra de trigo, a principal do período, foi afetada por fortes geadas.

Clima e redução de área de plantio fizeram a Conab reduzir a estimativa de produção do cereal para 5,2 milhões de toneladas neste ano. Em 2016, a produção atingiu 6,7 milhões de toneladas.

Os Estados Unidos também tiveram problemas pontuais de clima. O Meio-Oeste, principal área produtora de grãos do país, e que engloba 12 Estados, deverá obter produtividade menor em algumas regiões.

Área maior e produtividade boa nos Estados do Sul e do Sudeste do país, porém, devem compensar parte do rendimento menor da soja em áreas do Meio-Oeste, segundo Daniele Siqueira, analista da AgRural.

Os Estados do Meio-Oeste somam 85% da produção de grãos do país. Os do Sul e Sudeste, 13%. Nesta última região, Lousiana, Mississippi e Tennessee estão entre os que têm rendimento bom nesta safra, segundo Siqueira.

MILHO

A produção brasileira de milho deverá subir para o recorde de 97,2 milhões de toneladas, 31 milhões de toneladas a mais do que no ano passado.

Já a safra de milho dos Estados Unidos deverá recuar para 360 milhões de toneladas, 25 milhões a menos do que em 2016/17. Enquanto o Meio-Oeste, que detém 85% da produção total do país, terá uma redução de 9 sacas por hectare, os Estados do Sul e do Sudeste deverão aumentar a produtividade em 15 sacas por hectare, segundo Siqueira.

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Estoques de suco de laranja caem 69%

Os estoques de suco de laranja recuaram para apenas 107 mil toneladas no final de junho, um patamar 69% inferior ao de igual período do ano passado, conforme dados da CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos).

"É de longe o menor patamar da história e bem inferior ao mínimo necessário", afirma Ibiapaba Netto, diretor-executivo da entidade.

E o cenário para a safra 2017/18 também não é confortável. As indústrias deverão processar 314 milhões de caixas de laranja (40,8 quilos cada) nesta safra no chamado cinturão cítricola de São Paulo e do Triângulo Mineiro (MG).

  Edson Silva - 29.jul.2012/Folhapress  
Indústrias de suco de laranja pagarão R$ 301 milhões ao Cade por cartel
Linha de produção de suco de laranja em Araraquara (SP)

Essa moagem deverá render 1,18 milhão de toneladas de suco na safra 2017/18. Segundo a indústria, são necessárias 267 caixas de laranja para a produção de uma tonelada de suco.

Somada a produção de São Paulo e de Minas Gerais à do Paraná e do Rio Grande do Sul, o volume total de suco do país será de 1,21 milhão de toneladas.

O volume a ser produzido nesta safra, mais as 107 mil toneladas de estoques de junho, aponta para uma disponibilidade total de suco de laranja de 1,31 milhão de toneladas na safra 2017/18.

As demandas externa e interna são de 1,1 milhão de toneladas. Ou seja, o país, o maior produto mundial de suco, terminará a safra 2017/18, em junho de 2018, com estoques de 208 mil toneladas, ainda muito baixos.

"Vamos sair de um volume péssimo e ter um apenas administrável", diz o executivo da CitrusBR.

Se confirmados esses números, o estoque final da safra 2017/18 será o segundo menor da história da indústria.

Agro é pop e surpreende (por CELSO MING, no ESTADÃO)

Mais do que sucesso, o agro surpreende a cada mês. Tanto o IBGE como a Conab começaram o ano com projeções de safras em torno de 210 milhões de toneladas de grãos. Mas, a cada novo levantamento, vêm sendo obrigados a rever para cima seus números.

Nesta quinta-feira, apresentaram a penúltima estimativa. O IBGE apontou para um total de 242,1 milhões de toneladas, ou 31,1% a mais do que a safra anterior. A Conab ficou um pouco abaixo, nos 238,2 milhões de toneladas. 

Desta vez, o fator surpresa veio por conta do desempenho da safrinha de milho, que virou safrona. Trata-se de uma cultura que, no Centro-Sul, acontecia depois da primeira colheita do ano, para aproveitar as águas de março. Mas cresceu também com o objetivo de aproveitar as terras hidrogenadas onde antes fora colhida a soja. A safrinha de milho se transformou na principal do ano. A produção de milho da primeira safra alcançou, pelos levantamentos do IBGE, cerca de 31,2 milhões de toneladas e a da segunda, 68,2 milhões de toneladas. Por aí já se pode ter ideia do aumento da produtividade, uma vez que uma mesma área pode produzir duas vezes mais.

Muita gente na indústria passou a ver esse desempenho como certa ameaça, na medida em que as fortes exportações contribuem para achatar as cotações do dólar no câmbio interno e, dessa maneira, para tirar competitividade do já pouco competitivo produto industrial.

Até o final de julho, a balança comercial brasileira (exportações menos importações) acumulou superávit de US$ 42,5 bilhões. Não será nenhuma surpresa se o superávit do ano se avizinhar dos US$ 90 bilhões. É uma grossa camada de gordura em moeda estrangeira que concorre para deixar as cotações do câmbio relativamente estáveis.

O impacto do agronegócio sobre o câmbio não incomoda apenas dirigentes da indústria. Economistas que se consideram desenvolvimentistas, liderados pelo ex-ministro da Fazenda Luis Carlos Bresser-Pereira, entendem que o Brasil é vítima da doença holandesa. (Foi assim identificada a enxurrada de dólares que chegou à Holanda nos anos 70, quando dispararam as exportações de gás natural no Mar do Norte.) Como vacina à tal doença, para repulsa imediata do setor do agronegócio, esses economistas sugerem a cobrança de um confisco que devesse incidir sobre as exportações de produtos primários, mais ou menos como acontece na Argentina, com as retenciones.

O Brasil é conhecido por aproveitar mal as oportunidades. Exemplo disso é o Rio que afundou, embora dispusesse da receitas de royalties do petróleo e fosse a principal sede da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016.

O bom momento do agronegócio é aproveitado, sim, para aumentar investimentos em tecnologia e aumentar produtividade. Mas pode ser pouco. Apesar do sucesso, o agronegócio é vítima das péssimas condições de infraestrutura. Seria excelente oportunidade para levar o setor a assumir abertura de novas estradas e melhoria nas existentes. O grande obstáculo é o de que as principais iniciativas dependem de concessões públicas e o governo é lento demais para definir regras de jogo nesse setor.

 

 

 

 
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Fonte:
Gazeta do Povo/Folha de S. Paulo

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