Blairo entrega cargo, mas Temer não aceita (no ESTADÃO)

Publicado em 20/04/2017 06:56
Coluna do Estadão

Incomodado com sua inclusão na lista de investigados da Lava Jato, pela delação da Odebrecht, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, procurou Michel Temer para colocar seu cargo à disposição. Blairo se considera injustiçado pela acusação e quis deixar o presidente à vontade, abrindo mão do posto. Temer recusou o pedido, dizendo que confiava na sua inocência e capacidade. O ministro aceitou permanecer. Na delação, Blairo é acusado de receber R$ 12 milhões da Odebrecht na campanha para o governo de Mato Grosso, em 2006. Ele nega as acusações.

REFORMA TRABALHISTA: Planalto celebra vitória na Câmara: ‘Resultado traduz ampla maioria’

O presidente Michel Temer comemorou a aprovação, nesta quarta-feira, do regime de urgência para o projeto de reforma trabalhista. “O resultado obtido na votação, 287 votos favoráveis, traduz uma ampla maioria e um firme apoio do Congresso”, disse o porta-voz do Planalto, Alexandre Parola.

O governo também afirmou que o placar “indica uma sintonia entre o Executivo, o Legislativo e a sociedade brasileira em torno da necessidade de aprimoramento dos marcos que regem as relações de trabalho em uma economia que volta a crescer”.

Na noite de terça, o governo havia sido derrotado em plenário quando o requerimento de urgência teve o apoio de apenas 230 deputados, quando seriam necessários 257 votos – 163 deputados votaram contra e um parlamentar se absteve. Hoje foram 287 votos a favor e 144 contra.

Previdência

Havia uma preocupação muito grande no Planalto de que a derrota de terça se repetisse nesta quarta, dando um péssimo sinal para o mercado de que o governo não teria uma base aliada real no Congresso. Se isso ocorresse, seria uma demonstração de que o Planalto, mesmo tendo cedido em muitos pontos na discussão da reforma da Previdência, não conseguiria os 308 votos necessários para sua aprovação.

O presidente também lembrou de outra vitória do governo na noite de terça, no projeto de ajuda aos estados endividados. “A aprovação do projeto hoje soma-se à aprovação, na noite de ontem, do texto-base que cria o Regime de Recuperação Fiscal dos Estados”, declarou o porta-voz de Temer. Para o presidente, “ambas (as votações) confirmam a solidez da base congressual do Governo”.

(Com Estadão Conteúdo)

A luta pela verdade (editorial do ESTADÃO)

Ao criar uma espécie de universo paralelo de 'notícias', os militantes da mentira e do engano criam a sensação de que é a imprensa tradicional que mente

A epidemia das chamadas “notícias falsas”, alimentada sobretudo pelas redes sociais na internet, está obrigando os jornais e outros veículos tradicionais de mídia em todo o mundo a se mobilizarem para defender o mais precioso valor do jornalismo: a verdade dos fatos.

É claro que reportar da maneira mais objetiva e acurada possível os acontecimentos dignos de nota é desde sempre a obrigação primária da imprensa responsável. Mas, desde a campanha eleitoral que colocou Donald Trump na Casa Branca, quando a mentira deslavada surgiu como estratégia oficial da candidatura do magnata norte-americano, essa imprensa, de um modo geral, se viu desafiada pela fábrica de “fatos alternativos” – versões deliberadamente contrárias aos fatos reais, criadas para justificar as absurdas promessas de governo e as bravatas de Trump.

Com a ajuda de seus seguidores, Trump faz campanha dia e noite contra jornais e jornalistas americanos, acusando-os de inventar notícias para prejudicá-lo. As queixas do presidente dos Estados Unidos vão muito além da tradicional má vontade dos poderosos com a imprensa; trata-se de um movimento organizado que pretende deslegitimar o jornalismo em si mesmo, como atividade que mobiliza esforços e recursos para levar ao público informações críticas que os poderosos gostariam de manter nas sombras.

Ao criar uma espécie de universo paralelo de “notícias”, os militantes da mentira e do engano criam a sensação de que é a imprensa tradicional que mente ao noticiar o oposto do que é divulgado pelas redes sociais. A situação tornou-se tão crítica que o jornal The New York Times, incluído por Trump no grupo que, segundo ele, produz deliberadamente “notícias falsas”, teve de publicar um anúncio em que defende “a verdade”.

Em seu anúncio, o New York Times – que, junto com outros importantes veículos, como BBC, The Guardian e CNN, foi impedido de participar de uma coletiva de imprensa na Casa Branca sob acusação de divulgar mentiras a respeito de Trump – diz que a verdade é difícil de ser encontrada, mas “é mais importante agora do que jamais foi”. A ideia é mostrar que o jornalismo profissional, realizado por veículos sólidos e independentes, é o único capaz de frear a onda obscurantista e antidemocrática que se verifica nos Estados Unidos e na Europa, com ecos também no Brasil. Na mesma linha, o jornal The Washington Post adotou como slogan de sua empresa a frase “A democracia morre na escuridão”.

Em meio à campanha eleitoral na França, igualmente contaminada por essa difusão de desinformação a serviço de populistas em geral, vários veículos de imprensa local decidiram unir-se a um projeto dedicado a combater notícias falsas na internet. Um site chamado CrossCheck será usado para responder a essas notícias o mais rápido possível, alimentando também as redes sociais parceiras da iniciativa. A ferramenta permite que leitores em geral colaborem, indicando a origem das mentiras, mas haverá uma equipe formada por 250 jornalistas de várias redações, além de checadores voluntários de universidades francesas, dedicada a verificar e refutar essas informações. A ideia, em resumo, como diz o CrossCheck, é “ajudar o público a saber em quem confiar nas suas redes sociais, nos mecanismos de busca na internet e nos sites de notícias em geral”.

Uma iniciativa dessa envergadura é sintoma claro dos desafios que o jornalismo enfrenta hoje. Quando Trump, na condição de presidente dos Estados Unidos, diz que a imprensa é “inimiga do povo americano” e impede que certos jornais participem de entrevistas coletivas com seu porta-voz ou quando o ex-presidente Lula da Silva incita seus seguidores a hostilizar a imprensa, acusando-a de participar do “golpe” contra o governo do PT e contra os pobres, evidencia-se a guerra em curso, sem fronteiras, contra a imprensa livre e crítica. O jornalismo profissional e consequente, mesmo com todas as suas limitações, felizmente começa a reagir. De sua sobrevivência depende a saúde da democracia.

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Fonte:
ESTADÃO + VEJA

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