Inflação desacelera em março e é a menor para o mês desde 2012 (na FOLHA)

Publicado em 07/04/2017 10:52
FOLHA DE S. PAULO

Com queda nos serviços de transportes e comunicação, a inflação desacelerou em março e fechou o mês em 0,25%, 0,08 ponto percentual abaixo da registrada em fevereiro, informou nesta sexta (7) o IBGE. Foi o menor valor para março desde 2012.

Em fevereiro, o IPCA havia apresentado alta de 0,33% e, em março de 2016, de 0,43%.

A principal influência de alta foi o preço da energia elétrica, que passou a embutir a bandeira amarela para custear térmicas em março e subiu 4,43%, com impacto de 0,15 ponto percentual no indicador.

No acumulado de 12 meses, o índice oficial do governo avançou 4,57%, bem próximo ao centro da meta, de 4,5%. Foi a menor taxa em 12 meses desde agosto de 2010.

No primeiro trimestre, o indicador acumula alta de 0,96%, inferior aos 2,62% do ano anterior. Foi o menor primeiro trimestre do Plano Real.

"O primeiro trimestre de 2016 havia apresentado taxas muito altas, principalmente sob influência dos alimentos. Com a retirada desses elementos, o que a gente vê é a inflação em 2017 indo ladeira abaixo", disse a coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.

Ela lembra que, pelo segundo mês consecutivo, a inflação em 12 meses ficou na casa dos 4%. "Significa que o Brasil está entrando em patamares mais baixos de inflação", comentou a economista.

Os resultados de março sofreram impacto da queda no preço da gasolina, que foi reduzido pela Petrobras duas vezes neste ano e ficou 2,21% mais barato nas bombas em março, segundo o instituto. O etanol também apresentou queda, de 5,10%.

Passagens aéreas continuaram em queda (-9,63%), embora em ritmo menor do que no mês anterior. Assim, o grupo transportes teve queda de 0,86% no mês, contra alta de 0,24% em fevereiro.

Juntos, gasolina, etanol e passagens tiveram uma contribuição negativa de 0,18 ponto percentual no IPCA de março.

O telefone fixo foi outra contribuição negativa para o índice, com queda de 2,24% no mês, contribuindo para a queda de 0,63% no grupo Comunicações.

O grupo de vestuário também teve queda, de 0,12%, no mês —foi a segunda vez consecutiva. "Significa que as pessoas não estão comprando", disse a coordenadora do IBGE.

Já os alimentos, que seguraram a inflação em fevereiro, voltaram a apresentar alta, de 0,34%. De acordo com Souza, já há um impacto da Páscoa, que provoca alta nas vendas de ovos, cujos preços subiram 5,86%, batata-inglesa (5,08%) e pescado (3,43%).

Além disso, o início da entressafra no leite levou a um aumento de preços de 2,60%.

Para abril, diz Souza, a inflação deve ser beneficiada pela redução temporária nas tarifas de energia, para devolver ao consumidor recursos arrecadados de forma incorreta em 2016 para o pagamento de energia de Angra 3.

A energia elétrica tem um peso de 3,33% na composição do IPCA e, se a queda ficar em 10%, o impacto negativo seria de 0,33 ponto percentual.

Por outro lado, há perspectivas de pressões altistas de reajustes nas tarifas de água e esgoto em Recife e Curitiba e nas passagens de ônibus em Porto Alegre, Recife, Campo Grande, e de metrô no Rio.

Considerando que abril de 2016 teve inflação de 0,61%, índice superior aos registrados nos últimos meses, Souza diz que é "mais ou menos óbvio" supor que, neste mês, o IPCA acumulado em 12 meses fique abaixo dos 4,5%.

Indústria aposta no mercado e produz 126% mais tratores em março (por MAURO ZAFALOM, na coluna vaievem das commodities)

As indústrias de máquinas agrícolas apostam na recuperação do mercado interno neste início de ano. No mês passado, produziram 126% mais tratores do que em igual mês de 2016. O ano passado havia sido um período de vendas reduzidas.

Também aquecida, a produção de colheitadeiras teve aumento de 60% no período.

Esse desempenho positivo não se resumiu apenas a março. A produção acumulada de tratores nos três primeiros meses deste ano superou em 90% a de janeiro a março de 2016. Nesse mesmo período, a indústria produziu 60% mais colheitadeiras.

As vendas também estão aquecidas, mas em ritmo menor do que a da produção. Dados divulgados nesta quinta-feira (6) pela Anfavea (associação do setor) indicam que as vendas de tratores para as distribuidoras somaram 7.919 unidades no trimestre, 50% mais do que no ano passado.
Já as vendas de colheitadeiras subiram para 1.248 unidades, 30% mais do que em igual período do ano passado.

O maior crescimento nas vendas ocorreu no setor de tratores de até 80 cavalos, cuja participação subiu para 49% do total comercializado no atacado.

Os de 81 a 130 cavalos participaram com 27%, enquanto os de potência superior a 130 somaram 24% das vendas totais do setor.

O bom desempenho da indústria favoreceu o mercado de trabalho. A indústria de máquinas agrícolas empregava 17,4 mil trabalhadores no mês passado, 14% mais do que em igual mês de 2016. No mesmo período, a indústria de autoveículos reduziu em 9% o quadro de trabalhadores.

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Estoquem de grãos param de subir

Os estoques mundiais de grãos estão elevados, mas param de subir na safra 2017/18. Dados do Amis (um sistema de informações agrícolas baseadas em 11 organizações internacionais) indicam que a produção de trigo recua para 740 milhões de toneladas em 2017/18. Os estoques finais ficam em 247 milhões.
A produção mundial de milho atingirá 1,05 bilhão de toneladas, restando estoques finais de 214 milhões de toneladas, praticamente iguais às de 2016/17.
Já os números da soja apontam para estoques de 48 milhões de toneladas, mas os dados do Amis ainda se referem à safra 2016/17.

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Produtos agropecuários seguram inflação

Os produtos agropecuários continuam em queda no atacado, viabilizando uma pressão menor dos alimentos nas próximas semanas na taxa de inflação.

O Índice de Preços por Atacado do IGD-DI (Índice Geral de Preços) da FGV apontou deflação de 4,8% nesses preços nos primeiro trimestre deste ano. Em 12 meses, a taxa recua 1,2%.

Os produtos que mais cooperaram para a queda da inflação no atacado em março foram soja (menos 6%), milho (-10%) e farelo de soja (-7%).

Já as maiores pressões vieram de mamão (mais 29%), ovos (6%) e leite (4%).

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Funrural - Deputados e senadores ligados ao agronegócio vão levar ao Palácio do Planalto as preocupações do setor produtivo rural após o STF (Supremo Tribunal Federal) decidir pela constitucionalidade da cobrança do Funrural (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural).

Alvoroço - A decisão do STF causou alvoroço no campo, no Congresso Nacional e entre as entidades de classe. "Decidimos buscar uma saída honrosa", disse o deputado Sergio Souza (PMDB-PR), presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara Federal.

Um novo país emerge da crise (por RONALDO CAIADO)

Quando a sociedade brasileira começou a se manifestar nas ruas, a partir de 2013, não se tratava, como alguns pensaram, de protestos pontuais contra a corrupção e a má governança.

Se assim fosse, tudo se encerraria com o impeachment de Dilma, cujo governo, sob a égide do PT, mesclou administração temerária com roubalheira sistêmica, em magnitude sem precedentes, levando o país à ruína econômica, moral e política.

Ali, no entanto, apenas se inaugurava uma nova e irreversível fase na história do país, ao que parece ainda não devidamente percebida pelos agentes públicos. E aí reside o cerne da atual crise, que é, sobretudo, de representatividade.

A sociedade não se reconhece no Estado, que, por sua vez, continua a vê-la como se nada houvesse mudado. As manifestações, no entanto, mostram que a sociedade descobriu o poder transformador das ruas. E de lá não mais sairá.

Organiza-se para tornar efetivo o parágrafo único do artigo 1º da Constituição, segundo o qual "todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente (...)".

Esse termo "diretamente" está deixando de ser letra morta. As redes sociais são extensões digitais da vida pública, que banem de vez a figura do Estado torre de marfim.
O recado é claro: o papel passivo da sociedade, como mera provedora de um Estado caro e inoperante, chegou ao fim.

O governo Temer, se não se der conta disso, não terá êxito nas reformas que precisa realizar. Não o conseguirá se continuar supondo que lhe basta obter maioria no Congresso.

Há 28 partidos no Congresso, nenhum com vínculos efetivos na população. Em tal contexto, cogitar voto em lista, uma reforma para esconder a cara dos maus políticos, é aumentar o fosso que separa o país oficial do país real.

Foi-se o tempo em que o povo terceirizava seus problemas. Hoje, cobra lógica e coerência dos governantes; quer retorno de seus impostos. Reforma da Previdência, sim, desde que extensiva a todos, sem privilégios —e desde que devidamente explicada e debatida. E debate não é propaganda.

Aumento de impostos, sem que o Estado contenha os seus gastos, não. E assim por diante.

A agenda de temas em discussão no Congresso mostra a distância que o separa da sociedade. Neste momento, em que há cerca de 14 milhões de desempregados, a recuperação da economia exige sua desregulamentação e medidas de incentivo ao emprego, não reforma política e medidas defensivas contra a ação da Justiça na Lava Jato, entre as quais a preservação do foro privilegiado.

O país está atento, de olho nos políticos. Isso é bom. Há futuro e esperança e já se vê crescente parcela de jovens imunes à doutrinação esquerdista, em busca de projeto de prosperidade, baseado no estímulo ao empreendedorismo e à meritocracia, sem os quais não há justiça social.

O Brasil possui reservas minerais estratégicas incomparáveis. Com todas as dificuldades que já viveu e as que ainda vive, é o segundo maior exportador de alimentos, com uma das agriculturas mais sofisticadas e produtivas.

Mas possui potencial para ir muito mais longe. O país tem sido refém de uma mentalidade política retrógrada, calcada no paternalismo estatal, que o debilitou ainda mais nesses 13 anos de desastrosa hegemonia petista. A cada eleição, sob o estímulo do marketing político, ansiava por um salvador da pátria.

Lula prestou este serviço: sepultou o ciclo messiânico. O país que emerge da crise se despoja de mitos e equívocos do passado, disposto a refundar a república em bases morais e racionais. 

 

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Fonte:
Folha de S. Paulo

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1 comentário

  • carlo meloni sao paulo - SP

    Sr RONALDO CAIADO, achei muito bom este seu artigo e aproveito a oportunidade para lhe pedir um empenho maior de toda a bancada FPA para COMBATER a contribuiçao sindical patronal OBRIGATORIA.

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