Protestos reuniram militantes, não povo. E o erro “das direitas”, por REINALDO AZEVEDO

Publicado em 15/03/2017 15:05
Cumpre olhar com o devido cuidado o que fizeram as esquerdas nesta quarta. Ao menos os seus soldados foram, sim, mobilizados e compareceram (POR REINALDO AZEVEDO, EM VEJA.COM)

Houve atos de protesto contra as reformas da Previdência e trabalhista em todas as capitais. Por motivos óbvios, os olhos estavam voltados para São Paulo, em particular para a Avenida Paulista, onde discursou Luiz Inácio Lula da Silva. Os organizadores chegaram a falar em 250 mil pessoas. A experiência indica que se deve dividir esse número por, no mínimo, cinco. A PM não fez estimativa. Digamos que houvesse 50 mil. Ainda assim, é um número considerável. A olho nu ao menos, visto o público do 24º andar de um edifício da Paulista, parece ter sido a maior manifestação das esquerdas em São Paulo, superando os protestos contra o impeachment.

É claro que não se deve subestimar o potencial que têm esses temas para mobilizar a população. Notem: os protestos deste dia 15 só reuniram militantes. Não havia povo lá, como se viu em penca nos atos em favor do impeachment de Dilma. “Defina ‘povo’, Reinaldo!” Na minha frase, refiro-me aos sem-partido, aos sem-movimento, aos sem-grupelho. Sim, meus caros, gente normal, que tem emprego, renda que pode ser declarada, que não é militante de causa nenhuma em particular, mas que pode se mobilizar em favor de pautas que julga ser do seu interesse.

Pessoas com esse perfil, pouco importa a renda, pediram a queda de Dilma. Compunham, diga-se, a larga maioria. E, é evidente, também pediram o impedimento os “não-povo”, aqueles que, a exemplo de petistas, atuam em favor de um “ente de razão”, de uma ideologia, de uma convicção — ou só por oportunismo. O impeachment só começou a ser plausível quando os não profissionais da mobilização ocuparam as ruas.

Assim, cumpre olhar com o devido cuidado o que fizeram as esquerdas nesta quarta. Ao menos os seus soldados foram, sim, mobilizados e compareceram. Com alguma frequência, é bom notar, isso não aconteceu em defesa de Dilma. A causa de agora mobiliza mais os vermelhos.

A questão chegará ao povo? É o que vamos ver. A reforma da Previdência ainda engatinha. Mas tem adversários poderosos. Lula, falando como pré-candidato à Presidência, lançou o mote: não se assistiu, segundo ele, apenas a um golpe contra Dilma e as esquerdas; o que o governo Temer quer, ele assegura, é pôr fim às conquistas sociais. Eis aí: esse é o discurso que não pode conquistar os sem-partido, os sem-ente de razão, os sem-grupelho. Ou o país está danado.

Erros de cálculo
O que se viu nas ruas nesta quarta demonstra o brutal erro de cálculo que cometem, e já deixei isso claro, os movimentos antipetistas que prometem ir às ruas no dia 26. Não sei se vão ou não mobilizar muitos milhares. Pouco importa. Se o evento for bem-sucedido do ponto de vista dos organizadores, mais errado ainda será.

Por que isso? Consta que será uma manifestação em defesa da Lava Jato (quando houver algum ataque à dita-cuja, avisem-me para eu protestar também), contra qualquer forma de anistia (como isso é uma bobagem, acaba sendo um ato contra os políticos), em favor das reformas (mas isso não é unanimidade entre os grupos) e até contra o Estatuto do Desarmamento — não me peçam para explicar o inexplicável.

Então ficamos assim. Nesta quarta, as esquerdas marcharam contra o governo Temer e, sim!, contra os políticos que podem aprovar as reformas. No dia 26, chegará a vez de setores da direita irem às ruas — e, obviamente, os políticos vão apanhar mais um pouco. E, claro, depois de serem hostilizados e tratados como excrescências da democracia e da moralidade, os valentes pedirão que eles aprovem uma reforma que ainda não caiu, nem deve cair, no gosto popular.

O bom senso informa que esses movimentos deveriam é estar cerrando fileiras com o Congresso para aprovar as mudanças, contra a forte mobilização que virá da esquerda. Em vez disso, vão também eles marchar contra os políticos, a exemplo do que já fazem em suas páginas na Internet.

Bem, meus caros, estamos diante da repetição de um clássico: a esquerda brasileira nunca foi muito boa — no sentido de “hábil”. Mas a direita sempre foi muito mais trapalhona.

Lula discursa na Paulista e acusa Temer de querer pôr fim a conquistas sociais (Foto: Marlene Bergamo/Folhapress)

Lula usa Temer como escada rumo ao pedestal, POR JOSIAS DE SOUZA (UOL)

Lula poderia estar jogando conversa fora na câmara de descompressão de São Bernardo. Mas foi condenado pela Lava Jato à candidatura presidencial perpétua. Aprisionado por seus advogados no figurino de vítima, Lula se esforça para retornar ao pedestal de presidenciável antes do depoimento marcado por Sergio Moro para 3 de maio. Para acelerar a subida, Lula pisa em Michel Temer como se escalasse os degraus de uma escada.

Sob gritos de “olê, olê, olá, Lulaaaaa, Lulaaaaaa”, o morubixaba do PT discursou em ato contra a reforma da Previdência, na Avenida Paulista. A certa altura, declamou para o microfone a retórica de sempre: ''Está ficando cada vez mais claro que o golpe dado nesse país não foi apenas contra a Dilma, contra os partidos de esquerda.'' Hummmm… Tenta-se também ''acabar com as conquistas da classe trabalhadora ao longo de anos, com a reforma trabalhista e da Previdência.''

Longe de clarear, as palavras de Lula escurecem a realidade. Deve-se a Lula a chegada de Temer ao Planalto. Primeiro porque foi ele quem negociou a conversão de Temer em vice nas chapas de 2010 e 2014. Segundo porque também é de sua autoria a fábula da supergerente que produziu a ruína econômica que levou ao impeachment.

De resto, o que aniquilou “as conquistas da classe trabalhadora” foi a gestão empregocida de Dilma. Lula sabe que a legislação trabalhista precisa tomar uma lufada de ar. Também sabe que a Previdência irá à breca sem uma reforma. O amigo e ex-colaborador Henrique Meirelles já lhe explicou a situação das arcas previdenciárias. Não repete em público o que ouviu em privado porque a verdade não rende aplausos.

Assim, pisando em Michel Temer distraído, Lula retorna ao pedestal de candidato. Em maio, Sergio Moro interrogará uma pose, não um suspeito. Na sequência, condenará um projeto político, não um culpado dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Se a sentença for confirmada na segunda instância, como parece provável, descerá ao xilindró um mártir petista, não um presidiário.

Na ‘guerra’ da transposição do São Francisco, Lula deve até nadar (no blog do Maquiavel, em VEJA)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai a Monteiro, na Paraíba, no próximo domingo (19) para inaugurar extraoficialmente o eixo leste da transposição do rio São Francisco, que vai do sertão de Pernambuco até a cidade que o ex-presidente irá visitar. A ex-presidente Dilma Roussef deve ir junto.

A ideia é garantir a paternidade da obra, disputada pelo presidente Michel Temer (PMDB), que foi ao local na semana passada, e por tucanos como o senador Cássio Cunha Lima (PB) e o governador Geraldo Alckmin, que também foi ao local gravar vídeo ressaltando a importância da obra – para justificar, ele alegou que São Paulo emprestou quatro bombas para o projeto.

Durante a visita de Temer, o nome do petista foi gritado por um grupo de moradores que entoaram o jingle de campanha “Olê, olê, olê, Lulá, Lulá”. Alguns petistas, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, em meio à criação de um ambiente de euforia, não descartam a possibilidade de Lula nadar no rio durante a visita.

LULA

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nada toma banho de mar na Praia da Lagoa Doce, em Luís Correia (PI) (CELSO JUNIOR/Estadão Conteúdo).

Ao depor como réu, Lula se equiparou a Deus (por JOSIAS DE SOUZA, do UOL)


Em seu primeiro depoimento como réu em processo da Lava Jato, Lula se colocou no lugar de Deus. Disse ao juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, que o primeiro-amigo José Carlos Bumlai não estava autorizado a discutir negócios. O magistrado perguntou se Bumlai poderia ter usado o nome de Lula. E o interrogado: “Doutor, se o senhor soubesse quanta gente usa o meu nome em vão! De vez em quando eu fico pensando pras pessoas (sic) lerem a Bíblia, pra não usar tanto o meu nome em vão.”

Lula decerto se referia aos dois trechos da Bíblia que anotam os Dez Mandamentos que Deus entregou ao seu marqueteiro, o profeta Moisés, para que ele os propagandeasse. As Tábuas da Lei estão disponíveis em Êxodo 20,2-17 e Deuteronômio 5,6-21. Incluem o seguinte preceito: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.”

Se pudesse, Deus talvez escolhesse viver no Brasil. Como a onipresença obriga o Todo-Poderoso a estar em toda parte, Lula o representa no território nacional. Mas a divindade petista não se sente obrigada a observar todos os mandamentos. Dá de ombros, por exemplo, para o “Não Furtarás”. A certa altura do depoimento, Lula disse: “Me ofende profundamente a informação de que o PT é uma organização criminosa.”

Lula talvez não tenha notado, mas ele próprio já frequenta as páginas de cinco ações penais na posição de protagonista. De resto, o sistema carcerário de Curitiba está apinhado de petistas: José Dirceu, Antonio Palocci, João Vaccari Neto, Renato Duque…

O Globo: Procuradoria dá parecer favorável ao trancamento de ação do cervo presidencial de Lula

SÃO PAULO - A Procuradoria-Geral da República deu parecer favorável, em decisão publicada no último dia 10, ao habeas corpus que pede o trancamento da ação relativa ao pagamento, pela OAS, do armazenamento do acervo presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre janeiro de 2011 e janeiro de 2016, a um custo de R$ 1,3 milhão. A subprocuradora Aurea Lustosa Pierre concordou com a tese da defesa de Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, de que não houve vantagem indevida ou lavagem de dinheiro, uma vez que há previsão legal de pessoas físicas e privadas se interessarem na preservação da memória do Estado brasileiro.

A manifestação da Procuradoria foi pedida pelo ministro Félix Fischer, relator do habeas corpus, e o trancamento ou não da ação deverá ser decidido pela Quinta Turma do Supremo Tribunal Federal, em reunião ainda a ser marcada. Na Lava-Jato, os procuradores de Curitiba consideram que o pagamento da armazenagem é uma vantagem ilícita paga ao ex-presidente Lula e que houve lavagem de dinheiro de propinas relacionadas a contratos entre a OAS e a Petrobras.

Leia a notícia na íntegra no site do jornal O Globo

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Fonte:
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1 comentário

  • Joacir A. Stedile Passo Fundo - RS

    Segundo outros petistas, Ele não irá nadar mas sim caminhar sobre as águas!

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    • Daniela Gonçalves Formosa - GO

      Esse Lula é um total sem respeito. Equiparar-se a Deus. Que absurdo. Isso é uma blasfêmia. O pior de tudo é que tem pessoas que acreditam nesse senhor( chefe da quadrilha).

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