Expectativa para discurso no Congresso: Trump buscará recomeço com a classe política

Publicado em 28/02/2017 15:56

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WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, terá a chance de deixar o início turbulento de seu governo para trás na noite desta terça-feira com um discurso no Congresso durante o qual irá delinear seus planos para o ano, como a reforma do sistema de saúde e um aumento no investimento militar.

O discurso televisionado, a partir das 21h locais, na Câmara dos Deputados será a maior oportunidade que Trump já teve de se impor diante de uma audiência imensa no horário nobre e detalhar sua agenda depois de um primeiro mês caracterizado por tropeços, conflitos internos e rixas com a mídia.

O pronunciamento, que Trump vem redigindo com o assessor Stephen Miller e outros, incluirá alguns gestos visando unificar o país polarizado enquanto o republicano tenta curar as feridas de uma eleição duramente disputada.

Trump tem muito trabalho pela frente para superar o ceticismo dos norte-americanos e apaziguar seus compatriotas. Uma média de pesquisas de opinião recente do site Real Clear Politics estimou seu índice de aprovação em cerca de 44 por cento, cifra relativamente baixa para um presidente novo.

O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse que o tema do discurso ao Congresso de maioria republicana será "a renovação do espírito americano" e que terá como cerne a forma de resolver os problemas dos norte-americanos comuns.

"Ele irá convidar os americanos de todos os setores a se unirem a serviço de um futuro mais forte e mais brilhante para nossa nação", detalhou Spicer aos repórteres na segunda-feira.

Em uma entrevista concedida à Reuters na semana passada, Trump disse que seu pronunciamento será um discurso de otimismo, "apesar do fato de eu ter herdado uma bagunça total".

O presidente irá enfrentar uma série de questões. Os detalhes sobre sua proposta de reformulação do plano de saúde de seu antecessor, Barack Obama, ainda não foram divulgados, e ele ainda tem que explicar como irá financiar um aumento acentuado nos gastos pretendidos para a reconstrução de estradas e pontes do país.

Suas propostas de corte de impostos para milhões de pessoas e empresas ainda não foram esboçadas, sua estratégia de renegociação de acordos comerciais internacionais tampouco está clara e, na segunda-feira, ele recebeu uma proposta do Pentágono para combater os militantes do Estado Islâmico sobre a qual precisa se decidir nos próximos dias.

Um plano de aumento nos gastos de defesa inclui a exigência de que agências federais sem ligação direta com a área reduzam custos para compensar o investimento –reduções dolorosas que devem ser confrontadas no Congresso. Alguns republicanos afirmaram que a elevação nos gastos de defesa não basta para as necessidades dos militares.

Seu decreto presidencial impedindo temporariamente a entrada de imigrantes de sete países de maioria muçulmana nos EUA devido a razões de segurança nacional desencadeou protestos e foi revogado por tribunais federais, mas Trump deve assinar um decreto de substituição na quarta-feira.

(Reportagem adicional de Richard Cowan, Ayesha Rascoe, Jeff Mason e Emily Stephenson)

Trump cogita poupar de deportação imigrantes ilegais sem crimes graves (na FOLHA)

Horas antes de discursar em uma sessão conjunta do Congresso na noite desta terça-feira (28), o presidente dos EUA, Donald Trump, disse estar disposto a propor um plano que permita a imigrantes ilegais que não cometeram crimes graves ficar no país.

"O momento é apropriado para uma lei de imigração desde que haja compromisso dos dois lados", teria dito Trump num encontro fechado com âncoras de TV na Casa Branca, segundo funcionários presentes à conversa.

  Andrew Harnik/Associated Press  
O presidente dos EUA, Donald Trump, assina decreto que cancela lei de águas aprovada por Obama
O presidente dos EUA, Donald Trump, assina decreto que cancela lei de águas aprovada por Obama

A decisão seria uma mudança radical na forma como Trump tem tratado o tema desde o início de seu governo. Na última semana, novas regras do Departamento de Segurança Doméstica colocaram como prioridade de deportação imigrantes ilegais que tenham cometido qualquer tipo de crime, inclusive infrações de trânsito.

Se a proposta se confirmar, milhões de imigrantes seriam beneficiados. Dos 11 milhões de estrangeiros irregulares nos EUA, estima-se que apenas 820 mil foram condenados por algum crime. E, dentro dessa fatia, só cerca de 300 mil cometeram algum crime grave, como homicídio ou estupro.

Segundo um funcionário da Casa Branca, a ideia não é facilitar o caminho para que os imigrantes obtenham cidadania americana, mas que possam ter emprego e pagar impostos, sem o temor de serem deportados.
O tema poderá entrar no discurso de Trump, previsto para as 21h locais (23h em Brasília).

Um projeto de lei nesses termos agradaria a "extrema direita" e a "extrema esquerda", disse um funcionário, num momento em que o país está bastante dividido.

Em entrevista à Fox News na manhã desta terça (leia mais abaixo), Trump disse que seu foco seria pegar "os [imigrantes] maus, as pessoas más, as gangues, os traficantes, em alguns casos assassinos".

"Eu sou muito mais duro em relação aos caras maus", disse, afirmando que o ex-presidente Barack Obama "era muito menos preocupado com isso".

No Congresso, Trump já enfrenta resistência à proposta de orçamento apresentada na segunda (27), às vésperas de sua fala no Capitólio, e que precisa de aval parlamentar.

ORÇAMENTO

A ideia de Trump de aumentar em US$ 54 bilhões os gastos militares às custas de cortes em órgãos como o Departamento de Estado foi questionada inclusive por parlamentares republicanos.

Segundo a imprensa americana, Trump pretende reduzir 37% do orçamento do Departamento de Estado e da Usaid (agência para o desenvolvimento internacional), hoje em cerca de US$ 50 bilhões. O site Politico afirma que está previsto ainda um corte de cerca de 25% no orçamento da Agência de Proteção Ambiental.

O líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, já disse que a Casa "provavelmente" não aceitará um corte tão dramático no Departamento de Estado.

"Para mim, a porção da diplomacia no orçamento é muito importante, e você tem resultados, frequentemente, de uma forma muito mais barata do que pelo lado da defesa", afirmou.

O senador republicano pela Carolina do Sul Lindsey Graham disse que o orçamento de Trump "já morreu". "Um orçamento magro assim coloca os funcionários do Departamento de Estado no exterior em risco."

O também senador republicano Marco Rubio, da Flórida, disse que "ajuda externa não é caridade". "Temos que garantir que seja bem gasta, mas ela representa menos de 1% do orçamento e é crítica à nossa segurança."

A proposta de aumentar o orçamento do Pentágono em detrimento do Departamento de Estado recebeu críticas de mais de 120 generais reformados, que enviaram uma carta ao Congresso.

"Sabemos, a partir da experiência em campo, que muitas das crises que a nação enfrenta não têm solução apenas militar", dizem os signatários, entre eles o ex-diretor da CIA David Petraeus, o ex-enviado para a coalizão anti-Estado Islâmico John Allen e o ex-chefe das Forças Armadas George Casey.

Para o líder da maioria republicana na Câmara, Paul Ryan, o problema do orçamento de Trump é poupar programas como o Medicare (programa público de saúde a maiores de 65 anos) e a Seguridade Social dos cortes. 

 

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Fonte:
Reuters + Folha

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