Dólar cai e vai a R$ 3,13, de olho em Fed e Ptax
Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar operava em baixa nesta segunda-feira, indo à casa de 3,12 reais, ainda com investidores acreditando que o Federal Reserve, banco central norte-americano, pode não elevar os juros mais do que esperado e também diante da briga pela formação da Ptax do mês.
A moeda norte-americana operava na contramão do exterior, onde subia diante da cautela após a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de restringir a entrada de pessoas de países de maioria muçulmana, reforçando o perfil protecionista do novo governo.
Às 12:12, o dólar recuava 0,87 por cento, a 3,1245 reais na venda, depois de ter fechado no pregão passado a 3,1520 reais, no menor patamar desde 26 de outubro.
Na mínima do dia, foi a 3,1208 reais. O dólar futuro tinha queda de cerca de 0,6 por cento.
"Nos dois últimos dias do mês, a volatilidade aumenta com a formação da Ptax, mas o mercado ainda está sob efeito do crescimento menor que o esperado do PIB americano, que abre o questionamento se há espaço para três altas de juros neste ano nos EUA", destacou o operador de câmbio da Advanced Corretora Alessandro Faganello.
A Ptax é uma taxa calculada pelo Banco Central que serve de referência para diversos contratos cambiais.
A economia norte-americana avançou menos do que o previsto no quarto trimestre de 2016, o que deve reduzir a pressão inflacionária e também as apostas de que o Fed possa elevar os juros ainda mais. Taxas mais elevadas podem atrair à maior economia do mundo recursos aplicados em outras praças, como a brasileira.
O Fed define nesta quarta-feira nova taxa de juros e a expectativas são de que ela não será alterada, mantendo a faixa de 0,50 a 0,75 por cento.
Profissionais comentavam ainda que a expectativa de fluxo de ingresso de recursos favorecia o recuo do dólar frente ao real neste pregão.
No exterior, o dólar subia sobre uma cesta de moedas, com investidores preocupados com as implicações das restrições de imigração nos Estados Unidos que colocou os holofotes de volta sobre os riscos da postura protecionista do presidente Trump.
Também ajudava neste movimento a divulgação de que a inflação da Alemanha ficou ligeiramente abaixo do esperado, o que tirou alguma pressão do Banco Central Europeu (BCE) para reduzir seu programa de estímulo.
O BC brasileiro vendeu o lote integral de 14 mil swaps tradicionais, equivalente à venda futura de dólares, e assim rolou os vencimentos de fevereiro, equivalente a 6,431 bilhões de dólares. A autoridade monetária não costuma fazer leilões no último pregão do mês.
Bovespa cai 1,8% com realizações de lucros em dia de aversão global a risco
Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - A aversão ao risco nas bolsas internacionais contaminava o mercado acionário brasileiro nesta segunda-feira, com o principal índice da Bovespa em baixa de mais de 1 por cento, pressionado por bancos e ações atreladas a commodities, em um movimento de correção após avançar em 12 dos 19 pregões até agora em 2017.
Às 12:14, o Ibovespa caía 1,81 por cento, a 64.838 pontos. O giro financeiro somava 1,18 bilhão de reais.
Até a sexta-feira passada, o Ibovespa acumulava valorização de 9,6 por cento no ano. Segundo operadores, investidores aproveitam para embolsar parte dos lucros obtidos desde o começo do ano, em um momento de cautela tanto no Brasil quanto lá fora.
"Há espaço para realizações, mas vamos depender do fluxo de recursos", afirma o economista-chefe da Home Broker Modalmais, Alvaro Bandeira, em nota.
Com os mercados chineses fechados para o feriado do Ano Novo Lunar, as atenções no exterior se voltam para as tensões geopolíticas desencadeadas por decisões tomadas pelo novo presidente norte-americano, Donald Trump, o que reduz o apetite por ativos mais arriscados.
Por aqui, o noticiário político voltou a ganhar peso com a proximidade do fim do recesso do Judiciário e do Congresso Nacional e após a ministra presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, ter homologado nesta manhã as 77 delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht no âmbito da operação Lava Jato.
DESTAQUES
- CSN ON perdia 3,39 por cento, em um dos piores desempenhos do Ibovespa, em uma sessão negativa para o setor de siderurgia e mineração. USIMINAS PNA caía 2,5 por cento, GERDAU PN recuava 2,07 por cento e METALÚRGICA GERDAU PN se desvalorizava 2,43 por cento. Sem a referência dos preços do minério de ferro na China, VALE também era alvo de embolso de lucros, com as ações preferenciais em declínio de 2,77 por cento, e as ordinárias em queda de 1,63 por cento.
- PETROBRAS PN caía 1,73 por cento, e PETROBRAS ON recuava 1,52 por cento, espelhando a fraqueza das cotações internacionais do petróleo diante de indícios de aumento na atividade de sondas de perfuração nos Estados Unidos.
- ITAÚ UNIBANCO PN perdia 1,68 por cento, reforçando o viés baixista do Ibovespa, dado o seu peso na composição do índice. Outros bancos também trabalhavam no vermelho, com BRADESCO PN caindo 2,64 por cento, BANCO DO BRASIL ON recuando 2,48 por cento e SANTANDER UNIT cedendo 1,87 por cento.
- FIBRIA ON avançava 1,43 por cento, no topo das poucas altas do Ibovespa, apesar do enfraquecimento do dólar ante o real. Ainda no setor de papel e celulose, SUZANO PNA operava praticamente estável, com variação positiva de 0,07 por cento. De acordo com analistas, as ações desses empresas perderam muito valor recentemente e agora passam por correção.
- GOL PN, que não compõe o Ibovespa, subia 2,79 por cento, liderando os ganhos do índice de small caps, que caía 1,38 por cento. Nesta segunda-feira, a empresa aérea informou que a margem operacional do quarto trimestre deve ficar no intervalo de 6,5 a 7 por cento, dentro da projeção anterior divulgada em novembro e incluindo despesas com reestruturação da frota.
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