Dólar cai frente ao real pelo 7º pregão seguido, com fluxo e PEC dos gastos
Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar terminou em queda ante o real nesta terça-feira, pelo sétimo pregão consecutivo, com algum fluxo de entrada e após o Senado aprovar a PEC do teto dos gastos, aliviando um pouco as tensões diante do cenário político.
Os investidores também ficaram sob a expectativa do encontro de política monetária do Federal Reserve, banco central norte-americano, no dia seguinte.
O dólar recuou 0,58 por cento, a 3,3260 reais na venda, depois de bater 3,3658 reais na máxima do dia e 3,3175 reais na mínima.
Nestes sete dias seguidos de retração, a moeda norte-americana perdeu 4,22 por cento ante o real, maior sequência de quedas desde o início de agosto passado, quando também marcou sete desvalorizações consecutivas.
O dólar futuro tinha queda de cerca de 0,40 por cento no final da tarde.
"Aprovou, é o que interessa. Causa alguma preocupação em relação a outros temas que ainda serão votados mas, de bate pronto, a questão do aumento dos juros nos Estados Unidos é o que deve preocupar mais. Mas só amanhã", comentou um profissional de câmbio de uma corretora local.
O Senado aprovou mais cedo em segundo turno a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece teto para o crescimento das despesas públicas por 20 anos, com rejeição aos destaques que buscavam alterar o texto, em votação que contou com placar mais apertado. [nL1N1E816N]
O texto-base da PEC foi chancelado por 53 votos favoráveis e 16 contrários, numa sessão com menor presença de senadores e que demandava mínimo de 49 votos para aprovação. Na votação em 1º turno, foram 61 votos a favor e 14 contra.
No início da sessão, o dólar chegou a trabalhar em alta na expectativa pela votação e acompanhando a valorização da moeda norte-americana no mercado externo.
"O dólar subiu na abertura de olho no exterior e com algumas compras de importadores. Aí começou a ter algum fluxo de entrada", explicou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
Havia bastante expectativa pela votação da PEC diante das fortes turbulências políticas que atingiram o governo do presidente Michel Temer, após o vazamento da delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Claudio Melo Filho, que citou recursos repassados a líderes peemedebistas, incluindo Temer, o ministro Eliseu Padilha, o secretário Moreira Franco, entre outros.
O dólar recuou também nesta sessão pelo leilão de venda de dólares com compromisso de recompra anunciado pelo BC, numa oferta total de até 4,2 bilhões de dólares para rolagem dos contratos que vencem em janeiro. [nE6N1DX009]
"Pode-se ler essa antecipação (da rolagem) como uma forma de prover hedge/liquidez ao mercado em um dia de cautela e tensão com a questão do ajuste fiscal nacional em fase crítica", comentou pela manhã a corretora H.Commcor em relatório a clientes.
Normalmente, o BC anuncia leilões de linha para rolagem no final do mês. A autoridade monetária encerrou na véspera a rolagem dos swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- de janeiro, de 5 bilhões de dólares. O próximo lote vence em 1º de fevereiro, correspondente a 6,431 bilhões de dólares. No total, o estoque total de swaps tradicionais está em torno de 26,6 bilhões de dólares, segundo dados do BC.
No cenário externo, o clima também era de cautela com a reunião do Fed, com ampla expectativa de que os juros voltarão a subir. Agora, os investidores querem saber se o banco central norte-americano passará a promover aumentos maiores nas taxas após a eleição de Donald Trump à Presidência do país.
Há temores de que sua política econômica seja inflacionária, o que obrigaria o Fed a ser mais agressivo em sua política de juros.
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