Dólar sobe ante real com preocupação política, mas petróleo limita movimento
Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar operava em alta ante o real nesta segunda-feira, com o mercado reagindo ao cenário político diante de mais denúncias envolvendo o núcleo do governo do presidente Michel Temer, que podem afetar o andamento das medidas econômicas no Congresso Nacional.
A alta da moeda norte-americana, no entanto, era contida pela disparada dos preços do petróleo, que favorecia o desempenho das moedas ligadas a commodities, após um acordo sobre produtores no final de semana.
Às 10:30, o dólar avançava 0,55 por cento, a 3,3915 reais na venda, depois de marcar 3,4090 reais na máxima do dia, alta de mais de 1 por cento. O dólar futuro subia 0,16 por cento.
Na semana passada, a moeda norte-americana acumulou perda de 2,87 por cento sobre o real.
"A delação atinge Temer e seus principais ministros, o que pode prejudicar sua governabilidade e dificultar a aprovação de medidas", comentou o agente autônomo da assessoria de investimentos Criteria, Felipe Favero.
Ele referia-se ao vazamento de delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Claudio Melo Filho, que citou recursos repassados a líderes peemedebistas.
Foram citados o presidente Michel Temer, o ministro Eliseu Padilha, o secretário Moreira Franco, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), o presidente da Casa, Renan Calheiros (AL), e o líder do governo no Congresso, Romero Jucá (RR).
Além disso, a desaprovação ao governo Temer subiu para 51 por cento em dezembro, ante 31 por cento em julho, acompanhada da queda na confiança na economia, segundo pesquisa Datafolha divulgada na véspera. O levantamento foi realizado entre 7 e 8 de dezembro, antes de surgirem detalhes de delação da Odebrecht.
Só nesta semana, o governo tem importantes votações no Congresso, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o crescimento do gasto público em segundo turno no Senado, na terça-feira.
"Uma votação apertada pode deixar os investidores ainda mais preocupados", comentou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.
O movimento de alta do dólar era contido neste pregão pelo forte avanço dos preços do petróleo. Os contratos futuros da commodity chegaram a subir 6,5 por cento, atingindo máxima de 18 meses, após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e alguns de seus rivais chegarem ao seu primeiro acordo desde 2001 para reduzir conjuntamente a produção, tentando combater o excesso de oferta global e aumentar os preços.
O mercado também estava de olho na reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano, na quarta-feira, com apostas amplamente majoritárias de que elevará os juros da maior economia do mundo. O importante também será a indicação de novos possíveis movimentos, após a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, que alimentou as preocupações de que sua política econômica será inflacionária e pode pressionar o Fed a elevar ainda mais os juros.
O Banco Central brasileiro realiza nesta manhã leilão de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares, para rolagem dos contratos com vencimento em janeiro. A oferta é de até 9.995 swaps e, se totalmente vendida, encerrará a rolagem do próximo mês.
0 comentário
Presidente do Fed de Chicago diz que pode ser necessário diminuir ritmo de cortes de juros
À espera de tarifas de Trump, líder chinês faz ofensiva diplomática em cúpulas globais
Arrecadação federal em outubro fecha com maior resultado em 30 anos
Ibovespa cai pressionado por Vale enquanto mercado aguarda pacote fiscal
Agricultores bloqueiam acesso ao porto de Bordeaux para elevar pressão sobre governo francês
Dólar tem leve alta na abertura em meio à escalada de tensões entre Ucrânia e Rússia