Dólar cai ante real com forte atuação do BC
Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava frente ao real nesta quarta-feira, com o mercado de olho na ação firme do Banco Central para tentar conter a volatilidade da moeda norte-americana após a vitória de Donald Trump na corrida presidencial nos Estados Unidos ter levado muitos investidores a se desfazerem de posições em países emergentes.
O movimento de queda no mercado brasileiro vinha mesmo com a alta do dólar frente a outras moedas emergentes.
Às 12:16, o dólar cedia 0,95 por cento, a 3,4080 reais na venda, depois de acumular alta de 8,63 por cento nos últimos quatro pregões. O dólar futuro registrava queda de cerca de 0,80 por cento.
"O BC previu uma volta volátil do feriado e por isso o leilão de novos contratos de swap tradicional", avaliou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.
Nesta manhã, o dólar subia ante moedas emergentes como o rand sul-africano, o peso mexicano e o peso chileno. O índice do dólar diante uma cesta de moedas atingiu nesta manhã a máxima em 14 anos.
Na noite de segunda-feira, o BC anunciou intervenção maior do mercado de câmbio para este pregão, já que na véspera esteve fechado pelo feriado da Proclamação da República.
O BC vendeu todos os 10 mil novos swap cambial tradicional ofertados, equivalentes à venda futura de dólares, e também colocou todos os 20 mil contratos para rolagem dos swaps que vencem em 1º de dezembro.
A ação do BC veio em conjunto com a do Tesouro Nacional que, além de suspender os leilões de venda de LTN e NTN-F desta semana, anunciou leilões diários de compra de Notas do Tesouro, Série F (NTN-F), também devido à volatilidade dos mercados.
A atuação coordenada veio após a forte volatilidade nos mercados financeiros, com os investidores temerosos que a política econômica de Trump seja inflacionária e, assim, obrigue o Federal Reserve, banco central norte-americano, a elevar mais os juros na maior economia do mundo, com potencial para atrair recursos aplicados hoje em outros mercados, como o brasileiro.
Nesta manhã, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que o câmbio flutuante tem funcionado e que não há patamar de câmbio para a autoridade monetária.
No final da semana passada, Ilan já havia afirmado que a autoridade monetária continuaria atuando no mercado de câmbio, ressaltando que o estoque de swaps tradicionais é menor hoje em dia, em cerca de 25 bilhões de dólares, o que dá "conforto" para a ação do BC.
Ilan disse ainda que o câmbio flutuante no Brasil é uma importante ferramenta e repetiu que o BC somente reduzirá o estoque de swaps tradicionais quando as condições de mercado permitirem.
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