Boletim Focus: Mercado vê menor redução da Selic em 2016, apesar de inflação mais branda
SÃO PAULO (Reuters) - Diante dos sinais do Banco Central de que será cauteloso na condução da política monetária e após a forte reação negativa dos mercados financeiros à vitória do republicano Donald Trump na corrida à Presidência dos Estados Unidos, os economistas passaram a ver menor corte da taxa básica de juros neste ano, apesar de as projeções de inflação terem arrefecido.
Segundo pesquisa Focus do BC, a estimativa é de que a Selic encerre 2016 a 13,75 por cento, com corte de 0,25 ponto percentual na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do ano, no final deste mês. Até então, as apostas eram de redução de 0,5 ponto.
Para o final de 2017, a mediana das projeções continuou indicando que a taxa de juros ficará em 10,75 por cento. No entanto, o Top 5 --instituições que mais acertam as estimativas-- mostrou que a estimativa de médio prazo para a Selic no próximo ano subiu a 11,50 por cento, ante 11,25 por cento até então, indicando um ciclo de afrouxamento monetário mais brando. Para 2016, permaneceu a conta de que a taxa fechará a 13,75 por cento.
Depois de reduzir a Selic no mês passado a 14 por cento, com corte de 0,25 ponto, o BC adotou um tom mais duro em relação ao processo de corte, ressaltando que é preciso ter "persistência maior" na sua política e olhar de perto a inflação de serviços, sobretudo.
O cenário ficou ainda mais nebuloso após a vitória de Trump, que já fez o dólar saltar 7 por cento sobre o real nos últimos três pregões, com potencial para pressionar ainda mais a inflação.
Apesar disso, o Focus apontou que a projeção para a alta do IPCA este ano caiu a 6,84 por cento, sobre 6,88 por cento. Para 2017, a estimativa caiu pela segunda semana seguida e se aproximou ainda mais do centro da meta, de 4,5 por cento. Agora, a projeção é de alta de 4,93 por cento, sobre 4,94 por cento da semana anterior.
Para a atividade econômica, as projeções pioraram para 2016, com queda de 3,37 por cento, sobre 3,31 por cento, do Produto Interno Bruto (PIB). A expansão prevista para 2017 agora chegou a 1,13 por cento, sobre 1,20 por cento.
(Por Patrícia Duarte)
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