Vendas no varejo do Brasil recuam 0,6% em agosto, diz IBGE
Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - As vendas no varejo do Brasil recuaram de forma generalizada em agosto, registrando a segunda queda seguida, em mais um sinal da dificuldade de recuperação da economia do país.
As vendas varejistas apresentaram queda de 0,6 por cento em agosto na comparação com o mês anterior, após recuo da mesma magnitude em julho.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou ainda nesta terça-feira que, na comparação com agosto de 2015, as vendas tiveram recuo de 5,5 por cento, 17º mês de taxa negativa.
O setor vem apresentando um comportamento irregular neste ano, em um ambiente de taxa de juros alta e inflação em patamares elevados. Até agosto, foram cinco meses de queda das vendas e três de alta na base mensal.
As expectativas em pesquisa da Reuters eram de queda de 0,60 por cento na comparação mensal e de 5,00 por cento sobre um ano antes.
Entre as oito atividades pesquisadas no varejo restrito, cinco tiveram queda de pelo menos 2 por cento na base mensal --Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-5,0 por cento); Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-2,8 por cento); Móveis e eletrodomésticos (-2,1 por cento); Livros, jornais, revistas e papelaria (-2,1 por cento); Combustíveis e lubrificantes (-2,0 por cento).
Por outro lado, o setor de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que tem o maior peso no conjunto do varejo, apresentou alta mensal de 0,8 por cento em agosto, compensando a queda de 0,7 por cento vista no mês anterior.
"Com a piora no meado de trabalho, junto com juros elevados, inibe-se o consumo e a demanda. Nessa conjuntura econômica você posterga a compra de itens que não são essenciais como eletrodomésiticos, cama mesa e banho e até combustível. Aí sobra mais recursos para gastar em bens mais básicos”, disse a economista do IBGE Isabella Nunes, referindo-se à alta de hipermercados.
"Ainda sim o que as famílias gastam agora é menos do que elas gastavam no ano passado."
Já o volume de vendas do varejo ampliado --que inclui veículos e material de construção-- recuou 2 por cento em agosto sobre julho, pressionado pela perda de 4,8 por cento de Veículos e motos, partes e peças.
A retomada da confiança é tida pelo governo como primordial para que o Brasil deixe a recessão para trás. A Fundação Getulio Vargas apontou que em setembro a confiança do consumidor chegou ao maior nível desde o início do ano passado, mas a confiança do comércio interrompeu série de quatro altas no mesmo período diante da forte piora na avaliação da situação atual.
Números do varejo para setembro mostram pouca mudança no quadro. Segundo dados divulgados nesta segunda-feira pela empresa de meios de pagamento Cielo, o faturamento do comércio varejista brasileiro caiu 4,9 por cento em setembro sobre o mesmo período de 2015, sem incluir efeito da inflação.
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