Dólar cai 0,51% após debate nos EUA e Relatório de Inflação do BC brasileiro
Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar terminou a terça-feira em queda ante o real, favorecido pela melhora de humor depois que a candidata democrata à Presidência dos Estados Unidos Hillary Clinton saiu vitoriosa do debate contra o rival republicano Donald Trump, na véspera, e após o Relatório de Inflação ter reforçado as apostas de corte de juros em outubro no Brasil.
O dólar recuou 0,51 por cento, a 3,2310 reais na venda. Na mínima, a moeda marcou 3,2192 reais e, na máxima, 3,2486 reais. O dólar futuro cedia cerca de 0,30 por cento esta tarde.
O recuo da moeda norte-americana ante o real, no entanto, chegou a perder pontualmente a força no final da manhã. O preço mais baixo atraiu importadores, que aproveitaram para adquirir moeda e pressionar a cotação.
"Foi o importador que trouxe o dólar da mínima para o nível de 3,24 reais no final da manhã, aproveitando os preços", comentou o diretor da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
Pesquisa da emissora CNN após o confronto nos Estados Unidos constatou que Hillary se saiu melhor para 62 por cento das pessoas consultadas. Apenas 27 por cento consideraram que Trump foi o melhor no debate.
O peso mexicano, por sua vez, se fortaleceu ante o dólar depois do debate, uma vez que Trump tem uma postura rígida em relação à imigração ilegal e propôs a construção de um muro ao longo da fronteira sul com o México.
Internamente, o Relatório Trimestral de Inflação também contribuiu para o recuo do dólar ante o real. O documento sinalizou que a inflação está convergindo para a meta de 4,5 por cento e que o Banco Central, assim, pode fazer um corte na taxa Selic já no encontro de outubro.
"O Relatório de Inflação, ao colocar a inflação dentro da meta, mostra que as condições estão melhores. Além do atrativo dos juros no Brasil, é preciso ter uma consolidação na economia (para atrair recursos)", comentou o analista de câmbio Gradual Investimentos, Marcos Jamelli.
Mesmo reduzindo a taxa básica do país, atualmente em 14,25 por cento ao ano, o Brasil seguirá atrativo ao investidor estrangeiro.
"Mesmo o Relatório de Inflação reforçando as apostas de corte de juros, o Brasil deve atrair fluxo de recursos para a renda fixa --com investidores ainda aproveitando as taxas elevadas-- e também para a Bolsa, já que país está se fortalecendo", comentou o diretor de operações da corretora Mirae, Pablo Spyer. "Além disso, a Turquia foi rebaixada pela Moody's e muitos investidores podem trocar de país, saindo de lá e vindo para cá."
No sábado, a agência de classificação de risco Moody's cortou a nota de crédito soberano da Turquia para o nível especulativo, citando preocupações sobre o Estado de direito após uma tentativa de golpe, os riscos de financiamento externo e a desaceleração da economia.
Apesar de o Federal Reserve --banco central norte-americano-- ter sinalizado para um gradualismo de sua política de juros e o mercado preveja aumento da taxa por lá no encontro de dezembro, isso não é impeditivo para o Brasil manter sua atratividade junto ao investidor estrangeiro.
"À medida que o Brasil corta os juros e os Estados Unidos elevam, os spreads ficam apertados. Mas não é 0,50 ponto aqui ou 0,50 ponto lá que vai tirar a atratividade brasileira, que segue bem alta", comentou um operador-sênior de câmbio de uma corretora nacional.
O Banco Central vendeu hoje toda a oferta de 5 mil contratos de swap cambial reverso --equivalente à compra futura de dólares.
(Por Claudia Violante; Edição de Alexandre Caverni)
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