Odebrecht teria pago R$ 100 milhões ao PT por intermédio de Guido Mantega ( por RODRIGO CONSTANTINO)
Executivos da Odebrecht disseram em tentativa de delação premiada que a empresa pagou pelo menos R$ 100 milhões em propina para o PT em negociações intermediadas pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Os repasses teriam sido realizados por meio do Setor de Operações Estruturadas da holding, chamado pelo Ministério Público Federal (MPF) de “escritório de lavagem e pagamento de propina”. De acordo com o relato dos executivos, a maior parte dos pagamentos teria sido feita em troca de benefícios obtidos nos últimos anos graças a projetos como a desoneração da folha de pagamentos e a redução de imposto de renda sobre o lucro de empresas brasileiras no exterior.
Na negociação de delação, os funcionários detalharam os valores astronômicos que abasteceram o Setor de Operações Estruturadas, comandado pelo diretor Hilberto Silva no 16º andar da sede da Odebrecht em São Paulo, o mesmo onde funciona a presidência da empresa. O superior hierárquico de Silva era Marcelo Odebrecht, preso há um ano e uma das delações mais esperadas da Lava-Jato. As contas usadas para ocultar e viabilizar pagamentos no Brasil e no exterior eram abastecidas pelas diversas firmas do grupo. Apenas a Braskem teria bancado entre R$ 450 milhões e R$ 550 milhões para o setor no período em que o departamento funcionou, segundo levantamento prévio da empresa.
Não é a primeira vez que o nome de Mantega surge na Operação Lava-Jato:
Até a revelação de que pagamentos intermediados por Mantega eram contrapartida por benefícios fiscais obtidos pela Odebrecht, o ex-ministro havia sido mencionado por Monica Moura apenas como intermediário de caixa 2 para campanhas eleitorais do PT. A primeira versão da delação da mulher de João Santana foi recusada pela força tarefa da Lava-Jato, no início deste ano. No entanto, ela voltou a negociar com os procuradores depois que o marido, João Santana, decidiu também fazer acordo. Na época, por meio de seus advogados, Mantega reconheceu ter mantido encontros com Monica, mas sem ter tratado de contribuições financeiras.
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