"Hoje derrotar o impeachment é mais fácil do que antes", diz Lula em PE (na FOLHA)

Publicado em 12/07/2016 13:59
POR KLEBER NUNES, PARA A FOLHA, NO RECIFE

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, durante entrevista a uma rádio em Petrolina (PE) nesta terça-feira (12), que o momento atual está "mais fácil" para derrubar o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Congresso. Segundo cálculos do petista, o resultado do processo está nas mãos de seis senadores.

"Hoje derrotar o impeachment é mais fácil do que antes", disse Lula à "Rádio Jornal". "Antes você tinha uma Câmara incontrolável. Agora Dilma está dependendo de seis votos, são seis senadores que podem mudar o destino do país, devolvendo a Dilma o mandato popular que o povo deu a ela e, portanto, somente o povo poderia tirá-la".

Um dia antes, na passagem por Juazeiro (BA), Lula aproveitou para criticar o presidente interino, Michel Temer. Segundo o petista, Temer privatiza "porque não sabe governar".

Na ocasião, ele também jogou a culpa da crise política para o deputado Eduardo Cunha (PMDB), que deve enfrentar um processo de cassação. Ele afirmou que "a coisa desandou" desde o ano passado principalmente "porque elegeram um cidadão como presidente da Câmara que se utilizou do cargo para atrapalhar Dilma a governar este país". Pela noite, durante ato em Petrolina, o ex-presidente fez críticas ao Legislativo, dizendo que o Congresso Nacional "assaltou" o poder da presidente afastada.

As visitas à Bahia e Pernambuco fazem parte de uma sequência de três dias de visitas de Lula a cidades nordestinas, onde ele participa de um atos contra contra o impeachment da presidente.

'DISCUSSÕES COM DILMA'

Na entrevista à rádio de Petrolina, o ex-presidente afirmou ainda ter discutido em diversas ocasiões sobre o cenário econômico do Brasil com a presidente afastada, "dizendo o que eu acho que deve ser feito, mas a gente respeita a pessoa que está no mandato, que diz o que quer e como quer".

"O país estava bem arrumadinho com uma taxa de desemprego de 4,3% coisa de primeiro mundo. De repente desandou. Uma mistura de coisas equivocadas na economia, de uma política feita praticamente para tentar evitar que a presidenta governasse, era pauta bomba todo dia dentro da Câmara", disse.

Depois de passar por Juazeiro e Petrolina, Lula participará da Plenária do 2° Conselho Deliberativo da Fetape (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado Pernambuco) nesta terça, às 16h, em Carpina (PE).

Na quarta-feira (13), o ex-presidente irá ao Ato da Frente Brasil Popular em Caruaru, agreste pernambucano, às 10h. A passagem de Lula pelo Nordeste em busca de apoio à Dilma terminará no Recife, em ato pela defesa da democracia, marcado para às 19h.

Em Pernambuco, Lula diz que Congresso 'assaltou' poder de Dilma

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou nesta segunda-feira (11) em Petrolina (PE) que o Congresso Nacional "assaltou" o poder da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) ao aprovar a admissibilidade do impeachment.

"Dilma tinha três anos de mandato ainda. Mas nas caras resolveram reunir uma maioria lá (...) e assaltaram o poder. Aquilo foi um assalto. Um assalto legalizado por uma maioria muito duvidosa na Câmara dos Deputados", disse Lula.

Discursando para uma plateia de militantes petistas e membros de entidades de políticas para o semiárido, Lula também comparou o afastamento da presidente a uma casa que foi invadida.

"Você mora numa casa, eu passo na frente da sua casa. Eu vejo que você não está cuidando bem dela. Eu digo, essa mulher não está cuidando bem, vamos entrar lá tomar a casa dela", desse Lula, afirmando.

Na sequência, Lula afirmou que o governo Dilma "não estava legal", mas disse este não deveria ser motivo suficiente para afastá-la do cargo.

"Ela não estava legal. A gente estava vivendo um período ruim. E todos vocês estavam com bronca porque [Dilma] foi mexer na aposentadoria, mexer nos pescadores. Mas a gente não troca de presidente como troca de roupa".

Em fala que teve como alvo direto o presidente interino, Lula disse que "até sindicalista" tem que disputar eleições e ganhar.

"Se o Michel temer quer chegar à presidência, ele tem que disputar a eleição", disse. Em seguida, o público respondeu com gritos de "fora, Temer".

'ZAPZAP' PARA SENADORES

No discurso, Lula defendeu que a população pressione os senadores a votarem contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no julgamento previsto para agosto.

"Vocês precisam fazer conversa com os senadores. (...) Mande carta, mande 'zapzap', mande qualquer coisa para pedir para eles não darem um golpe na democracia do país", disse Lula, afirmando que faltariam seis votos para virar o placar no Senado a favor da petista.

Ao falar sobre a crise econômica, Lula defendeu medidas de estímulo à economia, como a concessão de crédito por meio dos bancos públicos para "colocar dinheiro na mão do pobre".

A visita a Petrolina faz parte de uma programação de três dias de Lula por cidades nordestinas, onde participa de atos contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT).

Mais cedo, em Juazeiro (BA), afirmou que o governo interino de Michel Temer (PMDB) está agindo para "desmontar programas sociais" e "vender o patrimônio" do país. E disse que Temer privatiza porque não sabe governar.

Nesta terça (12), o ex-presidente segue para as cidades de Carpina e Caruaru, em Pernambuco, onde participa de encontro com agricultores e de ato pela democracia.

A programação será encerrada na quarta-feira (13) com um ato público no Recife.

COMENTÁRIO DE REINALDO AZEVEDO (DE VEJA.COM):

LULA EM CAMPANHA: Ele não mudou! A mentira continua a ser a sua arma predileta

Luiz Inácio Lula da Silva está agindo do modo como agiu em toda a sua vida política: mentindo. E, se querem saber, pouco importava se estava dentro ou fora do governo. Na oposição, mentia de forma contumaz, atribuindo ao governo de turno intenções que este não tinha ou lhe atribuindo responsabilidades que não eram suas. No poder, mentiu de forma determinada, superestimando os próprios feitos e minimizando a obra alheia.

Desde que se lançou na política, está em campanha eleitoral. E não desceu do palanque nem mesmo nos oito anos em que foi governo. É, por exemplo, o autor da tese da suposta “herança maldita” que teria sido deixada por FHC — um crime que ele cometeu contra os fatos e contra o futuro. Porque foi no combate à tal herança que decidiu criar o próprio modelo de desenvolvimento, que resultou nisto que vemos aí: a maior crise econômica da nossa história. Com sorte, o país voltará a exibir só em 2019 os índices de 2014.

Lula está em turnê pelo Nordeste. Nesta segunda, em Juazeiro, no norte da Bahia, afirmou sobre o governo Temer:
“Eles estão tentando criar condições para Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica serem vendidos. Eles não sabem governar e precisam vender o patrimônio público. Mas eles podem saber o seguinte: eu sei [governar]”.

 

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Ora, claro que sabe! O seu partido levou a Petrobras à bancarrota. O seu partido levou a Petrobras a ser a empresa mais endividada do mundo; o seu partido levou a Petrobras a ser o centro de operação de uma quadrilha. Essa é a especialidade de Lula.

Foi rejeitando o capital privado — ao menos aquele que não paga propina para vagabundos — que o petismo levou a infraestrutura brasileira ao colapso

Com a ligeireza habitual, própria de quem já está em campanha eleitoral, referiu-se ao impeachment de Dilma:
“Temer é estudado, é letrado, é advogado. Ele sabe que o impeachment não é uma coisa correta da forma como está acontecendo. (…) Só o povo pode tirar Dilma”.

Não! É mentira! O povo pode tirar diretamente um governante elegendo um outro quando chega a hora do pleito. E pode fazê-lo por meio das instituições e dos dois outros Poderes da República: o Legislativo — no caso de crime de responsabilidade (cometido pela presidente) — e o Judiciário, no caso de crime comum.

“Ah, Reinaldo, Lula é tão burro que nem deve conhecer a Constituição!” Errado! Ele é inculto, mas é dos políticos mais inteligentes do Brasil, ainda que seja uma inteligência talhada pelo mal. E não é ignorante a ponto de não saber o que diz a Constituição.

No palanque, falando para cerca de duas mil pessoas, trabalhadores rurais reunidos por movimentos de esquerda, inventou outra tese originalíssima:
“A coisa desandou de 2015 para cá, sobretudo porque elegeram um cidadão como presidente da Câmara que se utilizou do cargo para atrapalhar a Dilma a governar este país. Me parece que agora ele está para ser cassado”.

Pois é… Digam-me uma só medida de Cunha que tenha servido para desestabilizar a economia, para fazer disparar a inflação, para aumentar o déficit, para afundar o país na recessão e no desemprego.

Abusando da tática de sempre, resolveu tentar jogar o Nordeste contra o resto do país:
“A coisa mais importante que fiz no governo foi lembrar a este país que o Nordeste faz parte do Brasil. E lembrar às autoridades que para resolver problema do Nordeste, é preciso incluir a região no Orçamento”.

É mesmo? A região, por acaso, está fora do Orçamento hoje em dia?

Lula aproveitou para ainda fazer troça da Lava Jato ao receber o título de cidadão juazeirense:
“Vou levar lá para São Bernardo do Campo. Não sei se Polícia Federal vai fazer busca e apreensão e querer levar como prova. Mas acho que um diploma de Juazeiro vai impor respeito lá”.

Nesta terça (12), ele segue espalhando mentiras nas cidades de Carpina e Caruaru, em Pernambuco.

Cunha é hoje só um cadáver político e um presidiário adiados; futuro presidente da Câmara não tem o que fazer por ele

Não é por nada, não. Mas o fato é que há setores do jornalismo que parecem mais traumatizados com Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado que já caiu em desgraça, do que Dilma Rousseff.

O parlamentar, que já está mais pra lá do que pra cá do ponto de vista político, ainda navega no mito. É curiosa a resistência da imprensa em reconhecer que ele já está acabado. Agora é questão de tempo. Talvez possa fazer estragos e prejudicar a vida de muita gente. Mas pode fazer pouco por si mesmo. Até uma eventual delação premiada, a esta altura, lhe seria difícil. Como distinguir o fato da vingança?

Não obstante, o noticiário sobre Cunha é borrascoso. Não menos eloquente é o jornalismo de opinião. Querem um exemplo claro? Pois não! Rogério Rosso (PSD-DF) desponta como um forte candidato a assumir os sete meses restantes da Presidência da Câmara que caberiam a Cunha. Depois, não pode se recandidatar.

 

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Aqui e ali, leio textos verdadeiramente apocalípticos alertando para o risco que Rosso representaria. Notem: há uma denúncia contra o deputado que já tem algum tempo e que foi reencruada: ele também teria recebido dinheiro do chamado mensalão do DEM e faria parte do cineminha de horrores de Durval Barbosa, aquele senhor que liquidou a carreira política de José Roberto Arruda, vocês devem se lembrar. Será verdade ou mentira? Rosso não é um investigado.

Se querem considerar que ele não pode ser presidente da Câmara por isso, ok! Parece-me uma razão forte, embora esse meio da bandidagem precise ser visto com muito cuidado. O que me parece uma bobagem rematada é afirmar que Rosso não pode presidir a Casa porque, sendo do Centrão e um ex-aliado de Cunha (ou, vá lá, ainda aliado), poderia mexer os pauzinhos para interferir na cassação.

Ora, quem faz esse tipo de afirmação tem um compromisso com o leitor, certo? Explicar de que maneira o futuro presidente pode interferir no processo. E eu lhes asseguro: não há maneira nenhuma! Se vitorioso Rosso, Rodrigo Maia ou qualquer outro, o destino de Cunha já está desenhado e vai depender apenas do plenário da Câmara. Se este falhar, ainda há o STF, onde, parece-me evidente, o peemedebista não vai se dar bem. Não conheço uma só pessoa com informações relevantes sobre a área que ache que ele vai escapar.

Cassado agora pelo Conselho ou condenado mais tarde pelo Supremo, o que implicará perda do mandato e a migração para a 13ª Vara Federal de Curitiba, vejo Cunha como um cadáver político adiado, mas que ainda procria — notícias apenas —, e também como um presidiário adiado.

Não há presidente da Câmara que consiga salvar Cunha de sua própria biografia. E inexistem os instrumentos legais ou regimentais para livrar a cara do deputado na Câmara. Isso tudo é pura espuma. O peemedebista pode até torcer por Rosso, como querem alguns, e Rosso pode até torcer por Cunha, mas, dado o estágio a que as coisas chegaram, não há poder discricionário nenhum de um presidente da Câmara que possa ser útil à causa do deputado peemedebista.

O jornalismo precisa se livrar desse mito e desse fantasma. Cunha não tinha e não tem superpoderes. Hoje, é só um político que caiu em desgraça. Querem alguns que ele detém um arsenal de armas químicas da política que poderia dizimar muita gente.

Se tiver, que use! O país agradece. Em favor de si mesmo, o cadáver já nada pode fazer. Tampouco pode ajudá-lo o futuro presidente da Câmara.

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Fonte:
Folha de S. Paulo + VEJA

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