Dólar cai 2,61% e fecha na casa de R$ 3,30 pela 1ª vez em quase um ano, com exterior e BC
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuou mais de 2,5 por cento e fechou na casa dos 3,30 reais pela primeira vez em quase um ano nesta terça-feira, reagindo à recuperação dos mercados globais após duas sessões de mau humor com a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia (UE) e à perspectiva de que o Banco Central brasileiro não deve cortar os juros tão cedo.
O dólar recuou 2,61 por cento, a 3,3060 reais na venda, menor nível de fechamento desde 23 de julho de 2015 (3,2958 reais).
A moeda norte-americana chegou a bater em 3,2998 reais na mínima do dia, queda de 2,79 por cento, recuando abaixo dos 3,30 reais no intradia também pela primeira vez desde julho do ano passado. O dólar futuro caía cerca de 2,65 por cento no fim da tarde.
"Houve uma melhora substancial do humor lá fora, o mercado está muito satisfeito com o tom adotado pelo BC nas comunicações de hoje", resumiu o operador da corretora B&T Marcos Trabbold.
O apetite por risco nos mercados globais sofreu desde o fim da semana passada após o referendo britânico, mas o real registrou performances comedidas.
Embora muitos operadores temam que a instabilidade política gerada pela saída britânica da UE golpeie a economia global e o apetite por risco, a perspectiva de novos estímulos econômicos e o otimismo cauteloso dos investidores com o Brasil ajudou o mercado local.
Nesta sessão, porém, o dólar recuou expressivamente mesmo em relação a moedas como o peso mexicano, que foram fortemente golpeadas pelo referendo britânico.
"Após dois dias de baixa, as bolsas globais mostram alguma reação. É o primeiro respiro após (a saída britânica da UE)", escreveram analistas da corretora Guide Investimentos em relatório. "A melhora, no entanto, tende a ser provisória, em nossa opinião. Ainda há muito a discutir e as incertezas continuarão presentes", acrescentaram.
Nesta terça-feira, o mercado brasileiro manteve a tendência de apresentar quedas maiores do dólar do que seus pares na América Latina, ajudado também pela perspectiva de que o BC só volte a cortar os juros básicos em outubro e pela ausência da autoridade monetária do câmbio.
A manutenção da Selic em 14,25 por cento, uma das maiores taxas de juros do mundo, por mais tempo tende a sustentar a atratividade do mercado local para investidores estrangeiros.
"Se o BC voltar a atuar hoje, vai ser um sinal claro de que ele acha que o movimento do câmbio está exagerado e o mercado vai enxergar o nível de 3,30 reais como um piso psicológico", disse o operador de um banco internacional.
O BC aumentou sua projeção de inflação para este ano e informou que buscará mantê-la dentro dos limites da meta do governo. O presidente do BC, Ilan Goldfajn, manteve o tom mais duro em entrevista coletiva.
Ilan também repetiu que o BC pode reduzir sua exposição cambial quando e se for possível e que poderá usar todas as ferramentas com parcimônia no câmbio.
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