Bovespa cai quase 3% com decisão do Reino Unido, mas acumula alta na semana

Publicado em 24/06/2016 17:09

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Por Priscila Jordão

SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa tombou quase 3 por cento nesta sexta-feira, pressionada principalmente por ações ligadas a commodities, com a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia surpreendendo os mercados ao redor do mundo, que estavam se preparando nos últimos dias para uma escolha pela permanência britânica no bloco.

O Ibovespa recuou 2,82 por cento, a 50.105 pontos. Na semana, porém, acumulou ganho de 1,15 por cento.

O giro financeiro foi de 6,98 bilhões de reais.

Com a decisão britânica, investidores se voltaram no mundo todo para ativos considerados mais seguros e realizaram ajustes após os últimos pregões -- a Bovespa subiu quase 3 por cento na véspera com o mercado apostando na permanência britânica na UE.

Para além do Reino Unido, a preocupação recai sobre o futuro do bloco econômico, com possível fortalecimento do separatismo em outros países. O principal índice acionário europeu FTSEurofirst 300 caiu 6,65 por cento e, nos Estados Unidos, o S&P 500 perdeu 3,6 por cento.

De acordo com o economista-chefe do Modalmais, Álvaro Bandeira, os impactos negativos para o Brasil são vários, uma vez que a instabilidade afeta os preços de commodities, o câmbio, dificulta investimentos externos diretos e a tomada de empréstimos.

Com isso, a atenção se volta para qual será a ação de bancos centrais para tentar dar equilíbrio ao mercado.

"Se os BCs tiverem uma ação coordenada e atuação de maior prudência, dando liquidez, pode ser que a situação se acalme", disse Bandeira. A avaliação também é de que o Federal Reserve, o banco central dos EUA, tende a postergar uma alta do juro, o que seria positivo para os mercados brasileiros.

Alguns agentes do mercado, contudo, já relativizaram o impacto do referendo britânico para o Brasil. "Embora a decisão da votação deva pesar em preços de ativos de mercados emergentes ao longo dos próximos dias, o impacto econômico direto no mundo emergente deve ser menor do que muitos temem", disse a consultoria Capital Economics em relatório.

O HSBC afirmou que, uma vez que a poeira baixe, a decisão não deve ter um impacto continuado, ao menos para regiões fora da Europa central e oriental.

O noticiário doméstico ficou em segundo plano, embora participantes do mercado ainda citem otimismo com sinais de maior governabilidade do governo Michel Temer.

DESTAQUES

--PETROBRAS perdeu 4,34 por cento nas preferenciais e 5,15 nas ordinárias, em meio à forte baixa do preço do petróleo por conta da decisão do Reino Unido. Além disso, a estatal informou na quinta-feira que o Petros, seu fundo de pensão, fechou 2015 com um déficit de 22,6 bilhões de reais, diante de um limite de tolerância máximo de 6,5 bilhões de reais previsto em legislação.

--VALE fechou com as preferenciais em baixa de 8,96 por cento, no pior desempenho do índice no dia e maior queda diária desde 8 de março, assim como outros papéis ligados a commodities como CSN e Gerdau, que caíram 8,79 e 6,24 por cento, respectivamente.

--CYRELA registrou desvalorização de 7,72 por cento depois de acertar acordo para investir entre 73 milhões e 100 milhões de reais na rival Tecnisa, cujos papéis recuaram 2,07 por cento. A operação envolverá aumento de capital de até 200 milhões de reais pela Tecnisa, a um preço de emissão de 2 reais --o valor representa deságio de 17 por cento sobre o preço de fechamento da ação da Tecnisa na véspera. Segundo o analista Vitor Suzaki, da Lerosa Investimentos, a ação da Tecnisa caiu menos que o deságio porque o investimento é positivo para a companhia, aliviando o fluxo de caixa em um momento em que os custos de captação são altos.

--ESTÁCIO subiu 3,13 por cento, em meio ao noticiário sobre consolidação no setor de educação. A Ser Educacional prepara novos termos de sua proposta pela Estácio até o começo da próxima semana, disse uma fonte a par das negociações. Na véspera, a Estácio informou que conversas com representantes da Unip sobre uma eventual união não prosperaram. KROTON, que também disputa uma união com a Estácio, subiu 0,29 por cento. Estácio e Kroton foram as únicas altas do Ibovespa do dia.

--BRADESCO perdeu 2,47 por cento nas ações preferenciais, apesar do Conselho de Administração do segundo maior banco privado do país ter aprovado a renovação de um programa de recompra de ações, num total de até 15 milhões de papéis.

--ELETROBRAS, fora do Ibovespa, subiu 2 por cento. Nesta sexta-feira, edital de desestatização da distribuidora de energia goiana Celg-D, controlada pela Eletrobras, estabeleceu um valor mínimo de 2,8 bilhões de reais para o leilão previsto para ocorrer em 19 de agosto.

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Fonte:
Reuters

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