Dólar sobe e volta a R$ 3,60 com sinais mistos sobre ajuste fiscal e cena externa
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia e voltava ao patamar de 3,60 reais nesta quinta-feira, em meio a sinais mistos sobre a governabilidade do presidente interino Michel Temer e as perspectivas para o ajuste fiscal no Brasil, além do cenário externo com quedas nos preços do petróleo.
Às 10:30, o dólar avançava 0,52 por cento, a 3,6065 reais na venda, após subir a 3,6080 reais na máxima da sessão.
O dólar futuro, que havia reduzido as perdas após o fechamento do mercado à vista na sessão passada em meio a preocupações com o cenário político brasileiro, recuava cerca de 0,03 por cento.
Com o apoio do governo, a Câmara dos Deputados aprovou nesta madrugada reajustes salariais de diversas categorias do setor público, medida que terá impacto bilionário no Orçamento.
"(A medida) vai na contramão do ajuste fiscal, mas pode contar pontos na questão da governabilidade. No líquido, o resultado pode não ser de todo negativo", disse o superintendente regional de câmbio da corretora SLW João Paulo de Gracia Corrêa, referindo-se à possibilidade de o governo interino ter conquistado mais apoio político com a aprovação da medida.
Só a proposta que reajusta salários de servidores do Judiciário tem impacto orçamentário para 2016 de 1,160 bilhão de reais, de acordo com a Agência Câmara Notícias. Segundo levantamento do jornal O Globo, o impacto dos reajustes no Orçamento será de cerca de 64 bilhões de reais até 2019.
Por outro lado, a Câmara também aprovou em primeiro turno a recriação de 2016 a 2023 da Desvinculação de Receitas da União (DRU), mecanismo que permite ao governo usar livremente 30 por cento de todos os impostos e contribuições sociais e econômicas federais.
O projeto ainda precisa passar ainda por um segundo turno na Casa antes de ser enviada ao Senado para mais uma votação em dois turnos. Ainda assim, operadores encararam a aprovação como mais um sinal de apoio ao governo no Legislativo.
Muitos operadores vêm expressando preocupação com a possibilidade de Temer enfrentar dificuldades para angariar apoio a medidas de austeridade fiscal no Congresso, especialmente após escândalos ligados à operação Lava Jato levarem a queda de dois de seus ministros em uma semana.
Pesquisa da Reuters mostrou que a incerteza política no Brasil deve ajudar a levar o dólar a 3,82 reais daqui a 12 meses. A perspectiva de aumentos de juros nos Estados Unidos também deve pesar sobre a moeda, já que tende a atrair para o mercado norte-americano recursos atualmente aplicados aqui.
"Neste momento, a crise política é o tema mais importante para qualquer investidor no Brasil", resumiu o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
O Banco Central não anunciou qualquer intervenção cambial para esta sessão, mantendo-se ausente do mercado pela segunda sessão seguida.
Nesta sessão, a queda dos preços do petróleo também pesava sobre a moeda norte-americana, que ampliou os ganhos frente ao real ao longo da manhã. A Reuters noticiou que a Opep definiu que não mudará sua política nem estabelecerá um limite de produção, levando a commodity a recuar mais de 1 dólar por barril.
(Por Bruno Federowski; Edição de Patrícia Duarte)
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