Dólar sobe 0,39% frente ao real em correção após três dias de queda, antes de Fed
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta em relação ao real nesta quinta-feira, em uma correção técnica após três sessões seguidas de queda enquanto investidores aguardavam a decisão do Federal Reserve, banco central norte-americano.
O dólar avançou 0,39 por cento, a 4,0859 reais na venda, após atingir 4,0287 reais na mínima da sessão e 4,0960 reais na máxima. A moeda norte-americana havia acumulado queda de 2,29 por cento nas três sessões anteriores.
O dólar abriu a sessão em queda e chegou a recuar mais de 1 por cento durante os negócios, em meio a apostas de que o Fed deixaria os juros estáveis e adotaria um tom cauteloso diante do tombo dos preços do petróleo no exterior e da desaceleração da economia chinesa.
Isso poderia atenuar a pressão sobre moedas emergentes, já que juros mais altos nos Estados Unidos tendem a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em outros locais.
"Esperamos um Fed mais 'brando', diante das incertezas com China e elevada volatilidade dos mercados", escreveram analistas da Guide Investimentos em relatório pela manhã.
Simultaneamente ao fechamento do mercado, o Fed anunciou a manutenção dos juros e disse estar "monitorando de perto" os desenvolvimentos econômicos e financeiros globais, mas manteve uma visão otimista sobre a economia dos EUA. O dólar futuro reduziu levemente a alta em relação ao real após a decisão do Fed.
Após recuar durante boa parte da sessão, o dólar anulou as perdas durante a tarde e voltou a subir. Operadores identificaram no movimento uma correção técnica após as quedas das últimas sessões e um ajuste ao movimento de outras moedas latino-americanas, que vinham sofrendo mais do que o real desde o início do ano.
O dólar acumulou alta de quase 8 por cento em relação ao peso mexicano e próxima de 6 por cento contra o peso colombiano em 2016 até agora. Em comparação, a moeda norte-americana havia avançado apenas 3,1 por cento em relação ao real neste ano até a véspera, ampliando essa valorização para 3,5 por cento nesta sessão.
"Estávamos bastante defasados em relação aos nossos pares. (O dólar) ainda tem o que andar até o fim do mês", disse o especialista em câmbio da corretora Icap, Ítalo Abucater.
A percepção de que a moeda norte-americana deve continuar avançando é corroborada pelo cenário local incerto, especialmente após a decisão do Banco Central brasileiro de manter o juro básico em 14,25 por cento na semana passada, contrariando expectativas no mercado de elevação da Selic.
Na quinta-feira, será divulgada a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que deve trazer mais pistas sobre o futuro do juro no Brasil.
BNDES E TESOURO
Operadores citaram ainda a informação de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liquidou dois contratos indexados ao câmbio junto ao Tesouro Nacional. Segundo o Ministéro da Fazenda, o pagamento foi feito gradualmente entre 24 de dezembro de 2015 e 14 de janeiro de 2016, de forma a "não gerar distorções no mercado de câmbio doméstico".
Mesmo assim, alguns operadores viram na notícia evidência de que a alta do dólar neste ano deveria ter sido mais expressiva e teria sido contida por vendas de derivativos cambiais relacionados a esses contratos.
"Mais de um agente viu nessa história um motivo para comprar dólares. Foi um dos gatilhos para essa correção forte que vimos à tarde", disse o operador de um banco nacional, sob condição de anonimato.
ROLAGEM DE SWAPS
O BC brasileiro realizou nesta manhã mais um leilão de rolagem dos swaps cambiais que vencem em 1º de fevereiro, vendendo a oferta total de até 11,6 mil contratos. Até o momento, a autoridade monetária já rolou o equivalente a 9,572 bilhões de dólares, ou cerca de 92 por cento do lote total, que corresponde a 10,431 bilhões de dólares.
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