Bolsas da China suspendem pregão nesta quinta-feira com queda de mais de 7%

Publicado em 07/01/2016 05:43
Nervosismo no mercado foi causado pela decisão do banco central de desvalorizar em 0,51% a taxa de câmbio. Em 30 minutos, Bolsa cai mais de 7% na China, e negociações são suspensas

As bolsas de Xangai e Shenzen dispararam pela segunda vez esta semana o mecanismo que suspende automaticamente o pregão quando a queda supera os 5%. Após uma paralisação de 15 minutos, a sessão foi retomada, mas acabou definitivamente suspensa quando a perda superou 7%.

Com isso, o índice geral de Xangai (SSE Composite), o principal indicador dos mercados chineses, fechou nesta quinta-feira em baixa de 245,95 pontos (7,32%), para 3.115,89, enquanto o de Shenzhen (SZSE Component) despencou 8,35% e ficou em 10.745,47 pontos.

 
 

O mecanismo de suspensão dos negócios entrou em vigor na segunda-feira passada, no primeiro pregão do ano, para reduzir a volatilidade das Bolsas chinesas e evitar a repetição do desastre ocorrido no verão passado.

O nervosismo no mercado nesta quinta-feira foi causado pela decisão do banco central chinês de desvalorizar em 0,51% a taxa de câmbio em torno da qual o yuan pode flutuar durante o dia. A desvalorização é um sinal de preocupação com a economia, pois serviria para estimular as exportações.

A suspensão do negócios na China se refletiu nas principais bolsas da Ásia. A Bolsa de Tóquio fechou com forte baixa, até seu nível mínimo em três meses, depois que os mercados chineses foram suspensos e as autoridades voltaram a rebaixar a cotação de referência do yuan. O índice Nikkei perdeu 2,33% e encerrou o pregão com 17.767,34 pontos.

O índice Hang Seng da Bolsa de Hong Kong fechou em baixa de 3,1%, a maior queda desde julhos de 2013. O Kospi, da Bolsa da Coreia do Sul, registrou um recuo de 0,9%.

 

China deixa iuan cair mais rápido, e operações são suspensas com tombo das ações

 

Por Lu Jianxin e John Ruwitch

XANGAI (Reuters) - A China acelerou a depreciação do iuan nesta quinta-feira, levando os mercados acionários a despencarem com os investidores temendo que o gigante asiático possa provocar uma disputa de desvalorização cambial entre parceiros comerciais.

Os mercados acionários chineses foram suspensos pelo resto do dia menos de meia hora depois de abrirem, com um novo mecanismo de "circuit breaker" sendo acionado pela segunda vez nesta semana.

O banco central da China surpreendeu novamente os mercados ao definir a taxa referencial do iuan a 6,5646 por dólar, o menor nível desde março de 2011. A moeda ficou 0,5 por cento mais fraca do que no dia anterior e teve a maior queda diária desde agosto do ano passado.

Isso aumentou as preocupações de que a China possa estar buscando uma depreciação competitiva do câmbio para ajudar seus exportadores em dificuldade.

"Esse é o temor do mercado", disse o estrategista de câmbio do Bank of Singapore Sim Moh Siong, acrescentando que outras moedas enfraqueceram em resposta e que o resultado final será maior volatilidade.

O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, teve forte queda de 6,93 por cento, para 3.294 pontos. O índice de Xangai despencou 7,32 por cento, para 3.115 pontos, e disparou a suspensão das operações, em uma repetição da queda súbita de segunda-feira.

O mecanismo de suspensão, com pretensão de acalmar a volatilidade do mercado, estava tendo o efeito oposto, de acordo com um investidor de sobrenome Hu em Guangzhou.

Ele disse que comprou ações na quarta-feira quando o mercado se recuperou, mas estava agora preso pelo "circuit breaker", que, segundo ele, estava "matando os investidores" e criando pânico.

O regulador do mercado de capitais da China também revelou novas regras nesta quinta-feira para restringir a venda por grandes acionistas, que têm estado travados com suas carteiras há seis meses desde que Pequim os proibiu de descarregar papéis para evitar uma quebra do mercado.

China restringe grandes vendas de ações em meio a fortes perdas no mercado


XANGAI/HONG KONG (Reuters) - O órgão regulador do mercado de capitais da China divulgou regras nesta quinta-feira para restringir as vendas de ações pelos principais acionistas de empresas listadas, buscando conter a queda do mercado, mas a medida ameaça enfraquecer mais a confiança do investidor.

As restrições foram anunciadas quando as ações caíam 7 por cento após meia hora de negociações, provocando o "circuit breaker". As vendas generalizadas deveram-se em parte a temores de que uma proibição regulatória às vendas de ações adotadas durante as perdas vistas no ano passado vencesse na sexta-feira.

Os principais acionistas não podem vender mais do que 1 por cento do capital acionário de uma empresa listada, através do sistema centralizado de ofertas das bolsas a cada três meses, disse o órgão regulador em seu site.

Além disso, os principais acionistas têm que informar seus planos 15 dias úteis antes das vendas, de acordo com as regras, efetivas a partir de 9 de janeiro.

O órgão regulador disse que as regras têm o objetivo de evitar o efeito de reduções acionárias "intensivas e maciças" por executivos de alto escalão e grandes acionistas de empresas listadas --definidos como investidores com mais de 5 por cento de participação.

 

BC da China determina taxa do iuan 0,5% mais fraca, maior queda diária desde agosto

 

XANGAI (Reuters) - O banco central da China definiu sua taxa referencial do iuan em 6,5646 por dólar antes da abertura do mercado desta quinta-feira, nível mais fraco desde março de 2011.

A taxa oficial ficou 0,5 por cento mais fraca do que a de quarta-feia, quando estava em 6,5314 por dólar, maior queda diária desde agosto, quando Pequim surpreendeu o mercado com uma abrupta desvalorização de 2 por cento da moeda chinesa.

Pequim tem dito que está avançando na direção de uma taxa cambial baseada no mercado, afrouxando a relação da moeda contra o dólar.

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Na FOLHA DE S. PAULO

Em 30 minutos, Bolsa cai mais de 7% na China, e negociações são suspensas

O pregão nas Bolsas da China não durou nem 30 minutos nesta quinta (7). Pela segunda vez na semana, foi acionado novo mecanismo ("circuit breaker") que suspende os negócios após queda abrupta nas ações.

Em apenas 13 minutos, o índice CSI 300, que inclui papéis de empresas listadas nas Bolsas de Xangai e Shenzhen, já caía mais de 5%, o que interrompeu os negócios por 15 minutos.

Na retomada das negociações, o índice caiu mais de 7%, o que, pelas novas regras, interrompeu o pregão pelo restante do dia.

O que causou o nervosismo no mercado nesta quinta foi a decisão do banco central chinês de desvalorizar em 0,51% a taxa de câmbio em torno da qual o yuan pode flutuar durante o dia. Foi a maior variação diária desde a mudança de política do BC chinês, em agosto.

A desvalorização é interpretada como um sinal de preocupação com a economia, pois serviria para estimular as exportações.

Na segunda (4), a Bolsa chinesa tivera os negócios suspensos após despencar e arrastaram mercados pelo mundo todo.

Nesta quarta (6), o dólar à vista fechou a R$ 4,182, em alta de 0,16%. A BM&FBovespa caiu 1,52%.

 

Tensão nos mercados (editorial da FOLHA)

A janela de calmaria aberta para os mercados financeiros no último trimestre de 2015 parece ter-se fechado, ao menos parcialmente, neste início de 2016.

Nos últimos meses do ano passado, a relativa estabilidade decorria da percepção de que não haveria forte aumento nos juros dos EUA e de que a desaceleração da economia chinesa estaria sob controle.

A conjuntura hoje mudou. As indicações do Fed (o banco central dos EUA) nesta semana ainda reforçam a tendência de alta gradual, mas os últimos dados sobre a indústria da China mostram que o ritmo da economia continua diminuindo, apesar dos esforços das autoridades em sentido contrário.

Esse receio em relação ao gigante asiático ajuda a explicar a reação assustada diante de nova onda de desvalorização do yuan.

Verdade que a oscilação faz parte do objetivo chinês de tornar sua moeda uma referência global. Para tanto, é necessário que, aos poucos, as cotações saiam do controle do governo e passem a ser determinadas pelo mercado.

Uma desvalorização acentuada do yuan, todavia, tem consequências para a economia mundial. Uma delas, especialmente danosa para os países emergentes exportadores de matérias-primas, é a renovada pressão baixista nos preços.

Isso ocorre porque a China é o principal comprador de itens como minério de ferro e metais industriais, cujos preços são fixados em dólar. Conforme o yuan perde valor, os custos sobem em moeda local para os compradores chineses, reduzindo ainda mais a já fraca demanda por importações.

Como resultado, caem os preços em dólares, para prejuízo dos países vendedores, como o Brasil.

Na direção contrária, bens e serviços vendidos por empresas chinesas se tornam mais baratos para quem compra em dólar. Como os concorrentes precisam acompanhar os preços, há algum risco de deflação global.

Por raciocínio análogo, o yuan depreciado provoca o enfraquecimento de moedas emergentes –situação que desperta particular apreensão. É que muitas empresas nesses países se endividaram em dólares nos últimos anos. Com menor crescimento interno e maior pressão nas moedas, as dificuldades de honrar os débitos se elevam.

Pelo menos as economias desenvolvidas continuam a crescer em ritmo razoável, padrão que deve ser favorecido pela queda nos preços do petróleo. Mesmo nesse ponto, contudo, há dúvidas: não se sabe até onde o valor do barril vai cair nem o quanto isso afetará países produtores e empresas do setor.

Tantas incertezas manterão a tensão em alta no mercado financeiro –e, infelizmente para o Brasil, o prejuízo tende a ser maior para os países emergentes, em especial aqueles que suscitam desconfiança entre os investidores.

 

Na EXAME: Bolsa da China cai 7,3%, no 2º pregão abreviado da semana

O mercado acionário da China despencou nesta quinta-feira e teve o pregão mais curto de sua história de 25 anos, em meio à tolerância cada vez maior de Pequim com o enfraquecimento do yuan, que gera preocupações sobre eventuais novas fugas de capital e a saúde da segunda maior economia do mundo.

Os negócios foram interrompidos cerca de 30 minutos após a abertura, depois de um novo sistema de circuit breaker ter sido acionado pela segunda vez nesta semana.

Xangai Composto, principal índice acionário da China, encerrou a breve sessão de hoje com uma dramática queda de 7,32%, a 3.115,89 pontos.

O pessimismo se espalhou rapidamente nos mercados após o Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês) ter estabelecido a taxa de paridade para as transações cambiais desta quinta em 6,5646 yuans por dólar, o menor nível desde 2011 e 0,5% abaixo dos 6,5314 yuans por dólar de ontem. O ajuste na taxa de referência foi o mais forte desde 13 de agosto.

"O tombo nas ações foi causado principalmente por expectativas de que o yuan irá se desvalorizar mais, o que causará preocupações sobre as condições econômicas do país", comentou Qian Qimin, analista sênior da Shenyin Wanguo Securities.

A liquidação de hoje em Xangai foi similar à de segunda-feira, quando o mercado caiu 6,9%, após um pregão abreviado pelo circuit breaker, que estreou naquele dia.

O circuit breaker é acionado sempre que ocorrem variações muitos acentuadas do índice CSI 300, que reúne as 300 ações mais líquidas negociadas em Xangai e em Shenzhen. Quando o índice varia 5%, a sessão é interrompida por 15 minutos e, no caso de flutuações de 7%, o pregão do dia é encerrado mais cedo.

O CSI 300 caiu 5% nos primeiros dez minutos de negócios desta quinta, levando a uma paralisação de 15 minutos do pregão. Quando os negócios foram retomados, o movimento de vendas se acentuou e o CSI 300 ampliou a queda a 7%, causando o abrupto encerramento da sessão.

Mais de 1.600 ações chinesas atingiram o limite diário de desvalorização de 10% hoje, segundo a Wind Information.

Com a forte queda do Xangai Composto, o yuan se enfraqueceu 0,6% frente ao dólar na China continental. No chamado mercado offshore, em Hong Kong, a moeda chinesa chegou a recuar 0,9% ante o dólar. O yuan continental já acumula perdas de 1,5% nos primeiros dias do ano, e o yuan offshore, que flutua livremente, opera em mínimas históricas, com desvalorização de 2,7% desde o começo de janeiro.

O PBoC tentou acalmar os investidores e esclarecer sua posição, ao enfatizar a necessidade de manter o yuan estável e em um nível de equilíbrio, e atribuiu os movimentos da divisa chinesa à ação de especuladores.

Em comunicado, o BC chinês afirmou que "algumas forças especulativas estão tentando obter ganhos ao manipular o renminbi", utilizando a outra denominação do yuan. Segundo o PBoC, essas operações "não têm nada a ver com a economia real (da China)" e apenas causaram "flutuações anormais" na moeda.

Para vários economistas, a disposição do PBoC de permitir que o yuan se desvalorize é um reconhecimento de que a economia da China enfrenta desafios maiores este ano e qualquer incentivo que uma moeda enfraquecida venha a dar às exportações do país ajudaria a superar a desaceleração atual.

No terceiro trimestre de 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 6,9% em relação a igual período do ano anterior, ficando abaixo da taxa de 7,0% pela primeira vez desde 2009. Fonte: Dow Jones Newswires.

 

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Fonte:
Reuters + FOLHA + EXAME

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