Dólar salta quase 3%, acima de R$ 4, com China e preços do petróleo
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar saltava quase 3 por cento sobre o real nesta segunda-feira, primeira sessão do ano e marcada por aversão ao risco, com temores sobre a economia global, sobretudo após dados fracos da China, e com a queda nos preços do petróleo.
Às 15:30, o dólar avançava 2,81 por cento, a 4,0589 reais na venda, após atingir 4,0717 reais na máxima da sessão, alta de 3,13 por cento. Na última sessão de 2015, a moeda norte-americana subiu 1,83 e encerrou o ano com alta de 48,49 por cento.
"Se a China está ruim, os países que dependem da China vão no mesmo barco", resumiu o gerente de câmbio da Treviso, Reginaldo Galhardo.
A atividade industrial chinesa encolheu em dezembro, com o setor lutando contra a fraca demanda. O dado pressionou o mercado acionário chinês, que acionou o "circuit breaker" pela primeira vez e fechou com queda de quase 7 por cento.
O cenário de apreensão foi intensificado após os preços do petróleo passarem a cair nesta tarde, seguindo a queda no mercado acionário norte-americano e apagando os ganhos registrados mais cedo na commodity, em meio a tensões no Oriente Médio.
"O dólar subiu mais nestes últimos instantes com a virada do petróleo..., que passou a cair forte novamente à tarde”, disse o superintendente regional de câmbio da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa.
Ainda do exterior, dados mostraram que o setor industrial nos Estados Unidos contraiu ainda mais em dezembro, com o dólar forte prejudicando a rentabilidade das exportações, enquanto os gastos com construção tiveram a primeira queda em quase um ano e meio em novembro, sugerindo crescimento econômico apenas moderado no quarto trimestre de 2015.
Em meio ao cenário de preocupações externas, o dólar subia também frente a outras moedas de países emergentes, como os pesos mexicano e chileno.
No Brasil, o pessimismo com o cenário político ajudava a acentuar as altas, com o recesso no Congresso Nacional adiando a decisão de medidas importantes para a busca do equilíbrio fiscal do país.
Entre as medidas a serem analisadas pelo Congresso após a volta do recesso, está a retomada da CPMF, prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016 e necessária nos cálculos do governo para fechar o ano com a meta de superávit primário para o setor público consolidado equivalente a 0,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
O Banco Central realizou no final desta manhã o primeiro leilão de rolagem dos swaps cambiais que vencem em 1º de fevereiro, com oferta de até 11,6 mil contratos. Na operação, a autoridade monetária rolou o equivalente a 563,4 milhões de dólares, ou cerca de 5 por cento do lote total, que corresponde a 10,431 bilhões de dólares.
(Por Flavia Bohone)
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