Por Karolin Schaps e Ron Bousso
LONDRES (Reuters) - Com o preço do petróleo atingindo o menor valor dos últimos 11 anos, os maiores produtores mundiais de óleo e gás estão enfrentando o maior período de cortes de investimento em décadas, mas que são esperados para emprestar mais visando preservar os dividendos exigidos pelos investidores.
Com o barril custando cerca de 37 dólares, os preços do petróleo estão muito abaixo dos 60 dólares que empresas como a Total, Statoil e BP precisam para equilibrar suas reservas, nível que já foi reduzido drasticamente nos últimos 18 meses.
As petrolíferas internacionais estão, mais uma vez, sendo forçadas a cortar gastos e empregos, vender ativos e atrasar projetos, já que a queda do preço do petróleo não sinaliza uma possível recuperação.
As produtoras norte-americanas Chevron e ConocoPhillips publicaram os planos de corte no orçamento de 2016 por um trimestre. A Royal Dutch Shell também anunciou mais 5 bilhões dólares em cortes, caso se consolide a aquisição da BG Group.
Em 2016, os investimentos globais em petróleo e gás devem cair para o nível mais baixo nos últimos seis anos atingindo 522 bilhões de dólares, após enfrentar uma queda de 22 por cento chegando a 595 bilhões de dólares em 2015, segundo a consultoria Rystad Energy, sediada em Oslo.
"Esta será a primeira vez, desde a crise de preços do óleo de 1986, que veremos um declínio nos investimentos por dois anos consecutivos", disse o vice-presidente de Mercados de Petróleo e Gás da Rystad Energy, Bjoernar Tonhaugen, à Reuters.
As atividades que sobreviverem serão aquelas que irão oferecer os melhores retornos.
Mas com o índice de endividamento relativamente baixo, em cerca de 20 por cento ou menos, fontes da indústria afirmam que as empresas pretendem assumir ainda mais empréstimos para cobrir o déficit na receita, visando proteger o pagamento de dividendos.
A Shell não corta seus dividendos desde 1945, uma tradição que a atual gestão não está disposta a quebrar. O restante do setor também é avesso a reduzir os pagamentos aos acionistas, que incluem os maiores investimentos e fundos de pensão do mundo, com receio de que os investidores abandonem o barco.
Entre as principais petrolíferas, a Exxon Mobil e Chevron são as que possuem a menor dívida, enquanto a Statoil e a Repsol têm o maior peso da dívida, de acordo com o analista Jason Gammel Jefferies.
Omã corta subsídios para reduzir déficit provocado por preço do petróleo
MASCATE (Reuters) - O governo de Omã planeja cortar o gasto com subsídios em quase dois terços neste ano para combater um déficit orçamentário causado pelos baixos preços do petróleo, disse o Ministério das Finanças neste sábado.
A previsão para subsídios em contas de serviços básicos, empréstimos imobiliários e outros bens é 400 milhões de riales (um bilhão de dólares), ante 1,11 bilhão de riales de 2015, disse o ministério num comunicado sobre o orçamento de 2016 divulgado pela ONA, agência de notícias oficial.
No início da semana, o gabinete de Omã aprovou mudanças no subsídio de combustíveis, além de corte de gastos e aumento de impostos para controlar o déficit. Omã há muito concede esses benefícios para seus cidadãos. Mas, como outros países do Golfo, está sendo forçado a diminuí-los devido à queda do petróleo.
O governo prevê déficit de 3,3 bilhões de riales, ou 13 por cento do PIB neste ano, menos do que o déficit de 4,5 bilhões de riales em 2015.
Ele planeja cobrir o déficit com 1,5 bilhão de riales em reservas, com empréstimos de 900 milhões de riales do mercado internacional, 600 milhões com corte de subvenções e 300 milhões de riales com empréstimos no mercado, disse o ministério.
Produção de petróleo na Rússia atinge recorde em 2015
Por Vladimir Soldatkin
MOSCOU (Reuters) - A produção de petróleo na Rússia, um dos maiores fornecedores do mundo, atingiu sua capacidade máxima no mês passado e no ano de 2015, sendo o maior valor pós-soviético, devido ao aumento do fornecimento pelas pequenas e médias empresas – apesar da queda dos preços do petróleo bruto –, segundo dados apresentados neste sábado pelo Ministério de Energia russo.
O aumento demonstra como os produtores estão aproveitando os custos mais baixos através da depreciação do rublo e, além disso, é uma evidência da decisão de Moscou em não ceder aos pedidos dos produtores da OPEP para reduzir a produção de petróleo visando sustentar os preços.
O aumento da produção contribui para o excesso de oferta do produto e continuará pressionando os preços do petróleo que, no mês passado, atingiu cerca de US$ 36 o barril, sendo o menor valor em 11 anos, depois de cair 70 por cento em 18 meses
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Deputados do Uruguai aprovam capitalização de petroleira estatal
MONTEVIDÉU (Reuters) - A Câmara dos Deputados do Uruguai aprovou na madrugada do domingo uma lei para capitalizar em cerca de 620 milhões de dólares a petroleira estatal Ancap, que enfrenta uma forte crise financeira devido aos elevados custos e à alta do dólar.
A capitalização consistirá no perdão, por parte do Ministério da Economia e Finanças, de dívida da petroleira equivalente a 620 milhões de dólares. O projeto já havia sido aprovado no Senado.
A medida faz parte de um plano para rever e reduzir os custos da empresa, que em 2015 teve prejuízo de cerca de 200 milhões de dólares, e inclui ainda um empréstimo de 250 milhões de dólares já acertado com o Banco de Desenvolvimento da América Latina.
Petróleo encerra 2015 com queda acumulada de 35%
Por Barani Krishnan e Ahmad Ghaddar
NOVA YORK/LONDRES (Reuters) - Os preços do petróleo subiram na quinta-feira, mas caíram até 35 por cento no ano, após uma corrida de produtores do Meio Oeste dos Estados Unidos para extrair a commodity e produtores de petróleo não convencional (o chamado Shale oil) criarem um excesso de oferta sem precedentes que pode avançar ao longo de 2016.
Os preços do petróleo tipo Brent e nos EUA subiram entre 1 por cento e 2 por cento nesta sessão, com as compras acentuadas em uma sessão com baixo volume antes do Ano Novo.
No entanto, em 2015, os dois contratos registraram quedas de dois dígitos pelo segundo ano seguido, com a Arábia Saudita e outros membros da Opep não conseguindo impulsionar os preços do petróleo.
O petróleo tipo Brent encerrou esta sessão com alta de 82 centavos de dólar, a 37,28 dólares o barril, recuperando-se da mínima em 11 anos de 36,10 dólares vista mais cedo na sessão. No mês, a queda foi de 16 por cento e, no ano, a baixa foi de 35 por cento. Em 2014, o petróleo tipo Brent caiu 48 por cento.
Já o petróleo nos EUA subiu 44 centavos de dólar nesta quinta-feira, a 37,04 o barril. Em dezembro, a commodity caiu 11 por cento e a baixa foi de 30 por cento no ano, após a perda de 46 por cento em 2014.
PMI oficial da indústria chinesa cai pelo 5º mês consecutivo em dezembro
PEQUIM (Reuters) - A economia chinesa parece destinada a um começo difícil em 2016 após a atividade do setor industrial do país recuar pelo quinto mês consecutivo em dezembro, em um sinal de que o governo poderá ter que intensificar as políticas de estímulo para evitar uma desaceleração mais acentuada.
Apesar de o setor de serviços do gigante asiático terminar 2015 forte, a economia em geral parece estar crescendo em seu ritmo mais lento em um quarto de século, apesar de medidas para flexibilizar a política monetária, incluindo os vários cortes das taxas de juros.
A segunda maior economia do mundo terá de enfrentar riscos persistentes neste ano, em um momento em que seus líderes estão empenhados em promover a chamada "reforma da oferta", que visa reduzir o excesso de capacidade nas fábricas e os altos níveis de endividamento.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) oficial da indústria situou-se em 49,7 em dezembro, em linha com as expectativas de economistas consultados pela Reuters e representando um aumento mínimo em relação a novembro.
Uma leitura abaixo de 50 sugere contração na atividade, enquanto uma leitura acima indica expansão na base mensal.
Ainda assim, economistas parecem encontrar algum conforto já que não havia sinais de um declínio econômico mais nítido, que os investidores globais temem.
O ligeiro aumento do PMI "sugere que o crescimento (econômico) está se estabilizando um pouco... No entanto, o setor ainda enfrenta ventos contrários fortes", disse Zhou Hao, economista do Commerzbank em Cingapura.
A fraca demanda em casa e no exterior pesou sobre as fábricas chinesas, agravando o problema do excesso de capacidade. Neste contexto, as fábricas foram obrigadas a reduzir os preços de seus produtos, adicionando pressões deflacionárias na economia.
Já o setor de serviços, que tem ajudado a compensar os efeitos da fraqueza na indústria, cresceu, com o PMI oficial subindo para 54,4 em dezembro, ante 53,6 em novembro.
(Por Ben Blanchard, Winni Zhou e Kevin Yao)
Mídia precisa dar mais espaço para boas notícias, diz papa após ano sombrio
Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - Os meios de comunicação precisam abrir mais espaço para histórias inspiradoras e positivas para contrabalançar a preponderância do mal, da violência e ódio no mundo, disse o papa Francisco nesta quinta-feira em sua mensagem de fim de ano.
Francisco recebeu cerca de 10 mil fiéis em uma solene cerimônia tradicional às vésperas do fim de ano, o "Te Deum" de ação de graças, na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Em sua breve homilia, Francisco disse que o ano encerrado foi marcado por muitas tragédias.
"Violência, morte, sofrimento indizível de tantas pessoas inocentes, os refugiados forçados a deixar seus países, homens, mulheres e crianças sem lar, alimentos ou meios de subsistência", afirmou.
Mas ele disse que também houve "muitos grandes gestos de bondade" para ajudar os necessitados "mesmo que eles não apareçam em programas noticiosos da televisão (porque) as coisas boas não fazem notícia".
Ele disse que a mídia não deveria permitir que tais gestos de solidariedade sejam "ofuscados pela arrogância do mal".
O papa argentino, em sua terceira cerimônia pelo ano-novo desde sua eleição em 2013, condenou a "sede insaciável de poder e a violência gratuita que o mundo viu em 2015".
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