Dólar dispara para R$ 4 após Barbosa decepcionar investidores em discurso

Publicado em 21/12/2015 12:39

SÃO PAULO - O novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, desapontou os investidores nesta segunda-feira (21) em sua primeira conversa com o mercado, ainda antes de sua posse oficial, fazendo com que o dólar comercial disparasse 1,5%, voltando a superar a marca de R$ 4,00. Às 13h18 (horário de Brasília), a moeda norte-americana registrava ganhos de 1,59%, para R$ 4,0090 na compra e R$ 4,0095 na venda.

Segundo o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido, um dos pontos negativos da fala do ministro está quando ele afirma que haverá corte nas despesas do governo, mas sem mexer em gastos com programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida. No caso do câmbio, Barbosa negou as informações de que o governo estaria pensando em usar as reservas internacionais do Banco Central para realizar investimentos.

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Dólar salta 2% e volta a R$ 4 com ida de Barbosa à Fazenda

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Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar ampliou a alta para mais de 2 por cento e foi acima de 4 reais pela primeira vez em mais de dois meses e meio nesta segunda-feira, com investidores decepcionados com a nomeação de Nelson Barbosa como ministro da Fazenda e com a ausência de sinalizações mais contundentes de rigor fiscal em seu discurso.

Às 13:39, o dólar avançava 2,16 por cento, a 4,0320 reais na venda. A moeda norte-americana atingiu 4,0428 reais na máxima desta sessão, maior nível intradia desde 2 de outubro (4,0461 reais).

O dólar futuro, que já havia reagido à nomeação de Barbosa após o fechamento do mercado à vista na sexta-feira, avançava cerca de 1 por cento.

Em teleconferência com investidores feita antes mesmo de sua posse, Barbosa repetiu que a direção da política econômica continua a mesma após assumir o comando da Fazenda no lugar de Joaquim Levy, com foco no ajuste fiscal e redução da inflação. Ainda assim, operadores afirmaram que o mercado quer ver ações concretas de austeridade para se convencer de que o comprometimento do governo com o ajuste não se esvaiu.

"O problema não foi o que ele disse, mas o que ele não disse", afirmou o estrategista de renda fixa da corretora Coinvalores, Paulo Celso Nepomuceno, para quem faltou sinalizações mais incisivas de austeridade fiscal nas declarações de Barbosa.

"O discurso foi basicamente o mesmo de antes (da nomeação de Barbosa), mas o mercado está convencido de que as coisas vão mudar para pior".

A escolha de Barbosa, anunciada na sexta-feira, já havia sido entendida como clara sinalização de que a presidente Dilma Rousseff pretende promover mudanças na política econômica. Barbosa tem pensamento mais alinhado ao de Dilma, com maior foco na retomada do crescimento em meio ao agravamento da recessão e da crise política.

"Mais flexível na condução das políticas de ajuste fiscal necessárias ao equilíbrio das contas públicas, o ministro Barbosa, neste momento, representa um retrocesso", escreveu o operador da corretora Correparti Ricardo Gomes da Silva em nota a clientes. "As apostas majoritárias recaem sobre o aprofundamento da crise", acrescentou.

Outro motivo para a alta recente da moeda norte-americana foi a decisão, na semana passada, do Supremo Tribunal Federal (STF) de acatar as principais teses do governo sobre o rito do processo de impeachment.

Operadores vêm reagindo bem à possibilidade de afastamento da presidente, com alguns avaliando que isso poderia destravar o ajuste fiscal. Outros salientam, porém, que a incerteza política tende a atrasar ainda mais a implementação de cortes de gastos e aumentos de impostos.

"A chance de haver um impeachment diminuiu e o mercado não gosta disso", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.

Pesquisa Datafolha feita com deputados federais mostra que há mais parlamentares decididos a votar a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff do que os que anunciam ser contrários ao afastamento dela, mas nenhum dos dois lados já tem os votos suficientes para sair vencedor.

O Banco Central deu sequência nesta sessão à rolagem dos swaps cambiais que vencem em janeiro, com oferta de até 11.260 contratos, que equivalem a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou o equivalente a 8,206 bilhões de dólares, ou cerca de 77 por cento do lote total, que corresponde a 10,694 bilhões de dólares.

(Por Bruno Federowski)

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Fonte:
InfoMoney + Reuters

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