Dólar sobe 1,5% ante real por cena política e saída de Levy; na semana, alta de 1,88%
Por Flavia Bohone
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta de quase de 1,5 por cento sobre o real nesta sexta-feira, após o Supremo Tribunal Federal (STF) dar mais fôlego à presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment e em meio aos crescentes rumores sobre a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e a expectativa sobre sua substituição.
O dólar avançou 1,48 por cento, a 3,9468 reais na venda, maior patamar de fechamento desde 1º de outubro (4,0024 reais). Na semana, o dólar acumulou alta de 1,88%.
Uma fonte do Palácio do Planalto afirmou à Reuters, após o fechamento do mercado, que o atual ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, assumirá a Fazenda.
Com isso, o dólar futuro acelerou a alta e subia mais de 2 por cento sobre o real.
O movimento de alta do dólar chegou a perder força durante o fim da manhã e início da tarde, por fluxos pontuais e liquidez baixa, mas os receios em torno do cenário político e econômico voltaram ao foco dos investidores e a moeda norte-americana voltou a acelerar os ganhos sobre o real.
Os investidores reagiram às notícias sobre a saída do ministro Levy, após diversos atritos com a presidente Dilma Rousseff, sobretudo quanto ao ajuste fiscal. A troca de Levy não é bem recebida pelo mercado, uma vez que o ministro é um dos maiores defensores do ajuste fiscal dentro do atual governo.
Barbosa, por sua vez, é visto como um perfil mais desenvolvimentista e vinha se posicionando contra ajustes fiscais muito austeros.
"A grande preocupação é com o tipo de mudança que vai querer se implementar na economia. O receio é que o governo vá numa direção mais expansionista, de tentar impulsionar a economia com mais estímulos econômicos", disse mais cedo o economista da Tendências Silvio Campos Neto.
Na véspera, o STF deu fôlego à presidente Dilma ao acatar as principais teses do governo sobre o rito do processo de impeachment e dar ao Senado o poder de rejeitar a instauração do impedimento, além de obrigar a Câmara dos Deputados a refazer a eleição da comissão especial que analisará o tema, com voto aberto e sem apresentação de chapas avulsas.
De uma maneira geral, o mercado tem reagido bem às notícias que apontam na direção da saída da presidente, com a expectativa de que uma mudança no governo ajudaria a avançar nas medidas necessárias para o ajuste fiscal. Desta forma, as indicações favoráveis à permanência da presidente têm sido recebidas de maneira mais negativa por receios de que o país demore ainda mais para tomar as medidas necessárias para sair da crise.
"Para nós, todo o processo de impeachment é negativo para o Brasil por ser uma distração que vai atrasar os ajustes fiscais", disseram os analistas do grupo financeiro Brown Brothers Harriman, em nota a clientes.
O Banco Central deu sequência nesta sessão à rolagem dos swaps cambiais que vencem em janeiro, com oferta de até 11.260 contratos, que equivalem a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou o equivalente a 7,659 bilhões de dólares, ou cerca de 72 por cento do lote total, que corresponde a 10,694 bilhões de dólares.
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