Cunha liga ação da PF a impeachment e ataca: 'Quem assaltou o país foi o PT'

Publicado em 16/12/2015 03:43
Presidente da Câmara diz que 'estranhou' uma ação que tinha como alvo o PMDB um dia antes de o STF decidir sobre rito do processo de deposição de Dilma

Alvo de uma ação da Polícia Federal na manhã desta terça-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), creditou o desdobramento da Operação Lava Jato à sua decisão de dar seguimento ao processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. O peemedebista também questionou a ausência de nomes petistas nas operações investigatórias e disparou: "A gente sabe que o PT é responsável por esse assalto que aconteceu no Brasil e pelo assalto na Petrobras".

Cunha foi surpreendido nas primeiras horas do dia com uma operação de busca e apreensão na sua residência oficial, em Brasília, e na casa que mantém no Rio de Janeiro. A PF também esteve na Câmara dos Deputados para a coleta de provas. O peemedebista reuniu-se com aliados na hora do almoço e falou com jornalistas assim que chegou à Câmara.

"A minha porta está aberta, não tenho nenhum problema em relação a isso. O que eu estranho é que no dia do Conselho de Ética e às vésperas da decisão do processo de impeachment deflagram uma operação concentrada no PMDB", afirmou.

O presidente da Câmara voltou a repetir que foi escolhido pelo Ministério Público para ser investigado. "Eu sou um desafeto do governo, todos sabem disso, e me tornei mais desafeto ainda na medida em que dei curso ao processo de impeachment. Nada mais natural que busquem o revanchismo", continuou.

Além de Cunha, foram alvos da operação o ministro da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera (PMDB), o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB), o senador Edison Lobão (PMDB-MA), o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) e o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado.

"Volto a dizer que não tenho nada a reclamar com a operação de busca, pegar documentos, fazer verificações. O que eu estranho é o contexto, o dia e os objetivos. Não me parece que ninguém do PT que tenha o foro que eu tenho é sujeito a algum tipo de operação. Só é sujeito a operações aqueles que não são do PT", disse o presidente da Câmara.

O peemedebista afirmou ainda estar com a consciência tranquila, se disse "absolutamente inocente" e voltou a negar qualquer possibilidade de renunciar. Nesta terça-feira, chegou a ser ventilada a hipótese de que ele se afastaria do comando da Câmara depois de ter sido alvo da ação de busca e apreensão.

Cunha narrou que nesta manhã foram levados papéis e seu celular durante a operação da PF e explicou o motivo de ter chamado um chaveiro. "Eu chamei porque em toda residência de deputado federal tem um cofre velho, antigo e que ninguém nem sabe, nunca foi aberto esse cofre. Eu nunca tive a chave desse cofre. Eu, mandei chamar o chaveiro para abrir o cofre e nada tinha", contou.

Delações - Eduardo Cunha também criticou a transcrição que foi feita aos depoimentos em delação premiada que envolvem o seu nome. Sem citar qual o delator - até o momento pelo menos três já envolveram o peemedebista no esquema de corrupção da Petrobras -, ele afirma o que está escrito nos autos não retrata a realidade do que foi dito nas gravações em vídeo e classifica as transcrições como "criminosas". O peemedebista ponderou ainda que na sexta-feira venceria o prazo para apresentar a defesa e questionou a diligência na véspera da sua manifestação.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)(Ueslei Marcelino/Reuters)

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Fonte:
veja.com

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