PF investiga desvios de R$ 200 mi em obras da transposição do São Francisco

Publicado em 11/12/2015 13:03

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta­feira (11) uma operação para investigar superfaturamento em obras da transposição do rio São Francisco.

Os desvios teriam ocorrido em 2 dos 14 lotes da transposição.

De acordo com os investigadores, empresários de um consórcio responsável pelas obras com superfaturamento utilizaram empresas de fachada para desviar cerca de R$ 200 milhões no trecho que vai do agreste pernambucano até a Paraíba. Os contratos investigados, até o momento, são de R$ 680 milhões.

O consórcio é formado por OAS, Galvão Engenharia, Barbosa Melo e Coesa Engenharia.

Leia a reportagem completa no site da Folha:

 

PF prende 4 executivos de empreiteiras por desvios na transposição do São Francisco (na VEJA.COM)

Delegados da Polícia Federal veem indícios de que o esquema pode estar relacionado ao atraso na entrega das obras
Transposição do Rio São Francisco, próximo a Cabrobó (PE)
Transposição do Rio São Francisco, próximo a Cabrobó (PE)(Cristiano Mariz/VEJA)

A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira quatro representantes das construtoras OAS, Galvão Engenharia, Barbosa Melo e Coesa, suspeitos de terem participado de um esquema que desviou 200 milhões de reais das obras de transposição do rio São Francisco. As prisões temporárias, que duram inicialmente cinco dias, ocorreram nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará e Distrito Federal.

Um dos projetos mais controversos dos governos Lula e Dilma, a transposição do rio São Francisco, que visa levar água às regiões mais secas do Nordeste, está com as obras atrasadas em pelo menos seis anos - a última previsão é de que sejam entregues no próximo ano. O superintendente da Polícia Federal de Pernambuco, Marcello Diniz Cordeiro, afirmou que, considerando o valor desviado, a demora na conclusão das obras pode estar relacionada às fraudes. "Tudo indica que mais de 200 milhões de reais podem ter sido desviados. Consequentemente, isso provoca um atraso em determinado momento", disse o delegado.

Segundo as apurações da PF, o consórcio formado pelas quatro empresas, duas delas alvo da Operação Lava Jato, era responsável por dois dos catorze lotes da megaintervenção no rio. Os contratos alvo da investigação somam cerca de 680 milhões de reais. Além das prisões, os policiais cumpriram quatro mandados judiciais de condução coercitiva e 24 de busca e apreensão em nove Estados.

De acordo com os investigadores, há "fortes indícios" de superfaturamento. Parte do dinheiro foi remetida a empresas de fachada dos doleiros Alberto Youssef e Adir Assad, que foram presos e condenados por envolvimento no petrolão. Apesar dos alvos em comum com a Lava Jato, a operação, batizada Vidas Secas - Sinhá Maria, em referência ao livro de Graciliano Ramos, é conduzida pela Polícia Federal de Pernambuco. As duas operações, no entanto, trocaram informações para levantar detalhes sobre a atuação dos doleiros.

 

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A delegada da PF em Caruaru (PE), Mariana Cavalcante, classificou a descoberta do esquema como "revoltante" pelo fato de a obra ser a "grande esperança dos nordestinos no combate à seca". "Esta operação mostra que continuamos a ter problemas com a indústria da seca. Antes, você trocava voto para ter caminhões pipa e para cavar poços".

Na coletiva, os delegados ainda citaram a Lava Jato para dizer que esta primeira fase se concentra no núcleo econômico (os empreiteiros) e financeiro (doleiros) do esquema. A partir de agora, as diligências vão se centrar no núcleo administrativo e político da quadrilha. Segundo a PF, há a suspeita de envolvimento de servidores do Ministério da Integração Nacional.

Segundo o governo federal, as obras de transposição do rio São Francisco, orçada em 8,2 bilhões de reais, tem o objetivo de beneficiar 12 milhões de pessoas com o abastecimento de água, em 390 cidades de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

 

Na VEJA (EXCLUSIVO): Fotos apreendidas pela PF mostram intimidade entre Lula e Bumlai

 

Documentos anexados pela Polícia Federal ao inquérito que investiga o pecuarista José Carlos Bumlai, preso pela Operação Lava Jato, denotam a intimidade entre o empresário e o ex-presidente Lula. Fotos apreendidas pela PF mostram Bumlai ao lado de Lula e da ex-primeira-dama Marisa Letícia em diversos momentos - inlusive dançando quadrilha em um 'arraiá' com os Lula da Silva. O material foi apreendido em endereço de Bumlai no Mato Grosso do Sul. Há ainda um cartão de apresentação com o brasão da República, em nome da ex-primeira-dama.

Bumlai, Lula e Marisa

O amigo próximo de Lula, preso há três semanas, foi citado por diversos delatores da Lava Jato. Um deles, o lobista Fernando Baiano, que declarou ter repassado a uma nora do ex-presidente Lula uma quantia de 2 milhões de reais a pedido de Bumlai. De acordo com as investigações, os valores eram referentes a uma comissão a que o pecuarista tinha direito e, na transação, foi simulado um contrato de aluguel de equipamentos e emitidas notas fiscais falsas.

Bumlai é suspeito de ter atuado diretamente em um esquema de corrupção envolvendo a contratação da Schahin pela Petrobras para operação do navio sonda Vitoria 10.000. A transação só ocorreu após o pagamento de propina a dirigentes da Petrobras, ao próprio pecuarista e ao PT. A exemplo do escândalo do mensalão, o pagamento de dinheiro sujo foi camuflado a partir da simulação de um empréstimo no valor de 12,17 milhões de reais.

Não são apenas as imagens apreendidas que indicam a proximidade entre Bumlai e Lula: VEJA revelou em 2011 que o pecuarista foi favorecido por financiamentos do BNDES e tinha livre acesso ao Palácio do Planalto no governo petista. Um recado na portaria do principal prédio da administração pública federal determinava: "O sr. José Carlos Bumlai deverá ter prioridade de atendimento na portaria Principal do Palácio do Planalto, devendo ser encaminhado ao local de destino, após prévio contato telefônico, em qualquer tempo e qualquer circunstância".

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Fonte:
Folha + VEJA

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1 comentário

  • Carlos Massayuki Sekine Ubiratã - PR

    Já que não tem água para canalizar, estão utilizando a obra para outra finalidade para a qual ela foi projetada: A canalização do dinheiro do contribuinte para os bolsos dos políticos e empreiteiros.

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