Governo federal não pode pagar contas de luz e água até mudança da meta fiscal, diz Planejamento

Publicado em 01/12/2015 03:09
Reuters

BRASÍLIA (Reuters) - O governo federal não poderá retomar os pagamentos de despesas ordinárias, como contas de luz e água, até que o Congresso Nacional aprove a mudança da meta fiscal para este ano, disse o secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Dyogo Oliveira.

O governo federal editou nesta segunda-feira um decreto contingenciando mais 11,2 bilhões de reais do Orçamento deste ano, o que na prática inviabiliza o pagamento de novas despesas não obrigatórias dos ministérios. [nL1N13P188]

Oliveira, contudo, disse que o governo está confiante que a mudança na meta fiscal de um superávit para um déficit primário será aprovada ainda esta semana.

Em meio a uma forte queda na arrecadação e a necessidade de fazer um ajuste fiscal, o contingenciamento do Orçamento deste ano chega a 92,4 bilhões de reais, incluindo as dotações para os Poderes Legislativo e Judiciário. Somente do Poder Executivo, os cortes podem chegar a 89,6 bilhões de reais.

Energia elétrica: Demissões da Abengoa atingirão 4,6 mil no Brasil, diz sindicato

 

SÃO PAULO (Reuters) - A transmissora de energia elétrica espanhola Abengoa demitiu 500 trabalhadores que atuam em obras na Bahia na última semana e iniciou agora um processo para 1.500 demissões no Estado, que deverá representar quase metade dos mais de 4 mil cortes que a empresa planeja realizar no Brasil.

A informação é do vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada e Montagem Industrial do Estado da Bahia (Sintepav-BA), Irailson Warneaux, que participou de uma reunião com representantes da Abengoa na semana passada.

A companhia, que anunciou na Espanha na semana passada um pedido de recuperação judicial, em meio a um alto endividamento e dificuldades de negociação com credores, deverá demitir ao todo 4,6 mil trabalhadores no Brasil, disse Warneaux.

"Havia perspectiva de crescimento, de chegarmos a 3 mil trabalhadores na Bahia. Mas agora vão ficar apenas 200 (na Bahia)", disse Warneaux.

A Reuters tentou contato com a Abengoa, mas não obteve retorno imediato.

O vice-presidente do sindicato disse que, em reunião realizada na última quinta-feira, a Abengoa informou que ficará apenas com algumas centenas de trabalhadores para serviços de manutenção, de um total de cerca de 5 mil trabalhadores.

"Ficarão apenas 400... seria só para manter os canteiros de obra em manutenção, para que não haja depreciação dos equipamentos", disse Warneaux.

Segundo informações disponíveis no site da Abengoa Brasil, a companhia possui 11 projetos de transmissão em construção no país, incluindo uma linha de 1,85 mil quilômetros entre Tocantins e Bahia e uma de 1,82 mil quilômetros entre Tocantins e Pará, além de obras no Nordeste e no Sudeste.

 

Bovespa recua 1,6% por deterioração política e encerra mês no vermelho

 

SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou com o seu principal índice em queda nesta segunda-feira, anulando os ganhos de novembro, em meio a persistentes incertezas políticas e preocupações com o quadro fiscal no Brasil e um viés negativo em mercados emergentes.

O Ibovespa caiu 1,64 por cento, a 45.120 pontos.

O giro financeiro totalizou 11,8 bilhões de reais. No exterior, o índice MSCI para mercados emergentes caía 1,38 por cento, endossando o movimento no pregão paulista.

No mês, o Ibovespa acumulou queda de 1,63 por cento, refletindo o aumento das preocupações políticas e fiscais, após os novos desdobramentos da operação Lava Jato, que resultaram na prisão do agora ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral (PT-MS) e do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, na semana passada.

Conforme destacou a equipe da Guide Investimentos, os eventos trazem consequências imprevisíveis, com eventuais delações premiadas, adicionando incertezas. Até o dia 24, véspera das prisões, o Ibovespa acumulava alta de mais de 5 por cento no mês.

Em nota a clientes pela manhã, o Credit Suisse destacou que, além dos potenciais desdobramentos na esfera política, dezembro começa com o governo federal correndo contra o tempo para aprovar a revisão da meta fiscal de 2015.

E isso ocorre, conforme notou a equipe do Credit Suisse, na esteira do aumento da expectativa de uma revisão do rating do país pela Standard & Poor's, que visita o Brasil nos próximos dias.

O último pregão do mês ainda sofreu com o efeito do rebalanceamento do índice global MSCI e suas subdivisões, válido a partir do fechamento, com a saída de seis papéis do MSCI Brasil Index. 

DESTAQUES

=JBS despencou 7,73 por cento, após reportagem da Folha de S.Paulo afirmar que o Tribunal de Contas da União encontrou indícios de que o apoio do BNDES à empresa de alimentos pode ter lesado o banco de fomento estatal em pelo menos 847,7 milhões de reais.

=USIMINAS liderou as perdas do Ibovespa, com declínio de 12 por cento, a 2,2 reais, nível mais baixo desde meados de 2003, pressionada por relatório do Bank of America Merrill Lynch reiterando recomendação "underperform". O banco reduziu o preço-alvo da siderúrgica de 2,6 reais para 1 real. Os analistas do BofA também sustentaram perspectiva desfavorável para CSN, que recuou 6,46 por cento, mas sem alterar recomendação e preço-alvo. Também repercutiu na CSN anúncio de acordo que combinará a mina Casa de Pedra com a mineradora Namisa. A GERDAU fechou em alta de 1,16 por cento, após o BofA ter apontado a ação como a preferida do setor, apesar de ter reduzido o preço-alvo de 7,5 para 7,1 reais.

=VALE fechou com as ações preferenciais de classe A em queda de 4,06 por cento, após os preços do minério de ferro no mercado à vista da China recuarem nesta segunda-feira para uma nova mínima de 10 anos. Preocupações sobre o impacto do desastre da mineradora Samarco adicionaram pressão negativa, em particular após os governos federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo decidirem abrir processo de 20 bilhões de reais contra a dona da barragem que se rompeu em Mariana (MG) e de suas controladoras, a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton.

=BRADESCO cedeu 2 por cento, contaminado pelo forte declínio de sua holding BRADESPAR, que recuou 4,14 por cento por apreensões ligadas à Vale, da qual é uma das principais acionistas. O papel também segue afetado pela aversão a risco no segmento bancário por desdobramentos da Lava Jato, em particular após a prisão do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual. BANCO DO BRASIL perdeu 5,78 por cento. ITAÚ UNIBANCO e SANTANDER BRASIL reverteram as perdas da manhã e fecharam em alta de 0,8 e 1,16 por cento, respectivamente.

=BTG PACTUAL, que não faz parte do Ibovespa, derreteu 8,53 por cento e já contabiliza queda de 32,34 por cento em quatro pregões desde a prisão do banqueiro André Esteves, por suposto envolvimento no escândalo de corrupção investigado pela operação Lava Jato. Ele renunciou no fim de semana a todos os cargos que tinha no grupo financeiro, após o Supremo Tribunal Federal (STF) transformar sua prisão temporária em preventiva, ou seja, por tempo indeterminado.

=EMBRAER liderou os ganhos do Ibovespa, com alta de 3,97 por cento, na esteira da forte alta do dólar ante o real.

=BRASKEM também apareceu entre as poucas altas do Ibovespa, com ganho 2,26 por cento, amparada em nova alta do dólar sobre o real e perspectivas favoráveis para a petroquímica, principalmente no que diz respeito ao nível de endividamento.

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Fonte:
Reuters

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