Dólar salta 2% e vai a R$ 3,82, com cenário político turbulento
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar saltou 2 por cento e foi a 3,82 reais nesta sexta-feira, marcando a maior alta semanal em dois meses, pressionado pelas incertezas políticas no Brasil e em um movimento acentuado pelo baixo volume de negócios.
O dólar avançou 2,05 por cento, a 3,8234 reais na venda. Na semana, a moeda norte-americana saltou 3,42 por cento, maior avanço semanal desde o início de setembro.
Na primeira semana de setembro, a moeda norte-americana havia acumulado alta de 7,68 por cento, num momento de intensa aversão ao risco. Foi naquele mês que o dólar foi à máxima histórica, de 4,1461 reais, e que gerou forte atuação conjunta do Banco Central e do Tesouro Nacional nos mercados financeiros.
"O mercado estava sendo complacente demais e percebeu agora à tarde que o (cenário) político está longe de ser tranquilo", disse o estrategista de um banco internacional.
Uma fonte afirmou à Reuters a tarde que a preocupação com a votação da meta de primário do Brasil em 2015, marcada para a noite de terça-feira no Congresso Nacional, levou a presidente Dilma Rousseff a encurtar sua viagem ao exterior.
Operadores citaram também notícia publicada na página da revista Época na internet afirmando que o ex-líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), estaria começando a negociar delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Na quarta-feira, a prisão de Delcídio alimentou preocupações com a possibilidade de o governo enfrentar novas dificuldades para aprovar medidas de ajuste fiscal no Congresso, mas essa apreensão perdeu um pouco de força e o mercado teve um dia de mais tranquilidade na sessão passada.
Durante a primeira parte deste pregão, o dólar chegou a recuar 0,80 por cento, na mínima de 3,7165 reais, com operações pontuais de entrada de recursos e o mercado um pouco mais tranquilo.
O sossego acabou à tarde. A alta do dólar também foi acentuada pela liquidez reduzida, já que muitos operadores estrangeiros estiveram afastados das mesas devido ao feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, na véspera, que deixou o mercado norte-americano funcionando em horário reduzido nesta sessão.
"O mercado está muito pequeno, sem lote, o que estimula volatilidade", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
O Banco Central fez nesta manhã o último leilão de rolagem dos swaps cambiais que vencem em dezembro, com oferta de até 12.120 contratos, que equivalem a venda futura de dólares. Ao todo, rolou 97 por cento do volume total. O próximo lote de swaps que vence em janeiro equivale a 10,694 bilhões de dólares.
(Edição de Patrícia Duarte)
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