PMDB adia ruptura com governo. Mas se posiciona para o pós-Dilma
O congresso do PMDB realizado nesta terça-feira em Brasília foi mais moderado do que se previa - dividido, o partido deu voz a alas que defendiam o rompimento imediato com o governo Dilma Rousseff e também aos que, a fim de aproveitar por mais tempo os cargos recebidos na reforma ministerial, pretendem adiar o descolamento. Mas ficou claro que o desembarque é uma questão de tempo. Mais especificamente, março, no congresso nacional da sigla. O ato político desta terça deixou claro que o PMDB já se articula para o pós-Dilma. Mas que a movimentação é feita, de fato, nos bastidores.
Apesar de o partido ter sete ministérios e a vice-presidência da República, o tom da reunião foi de ausência de compromisso com as políticas em vigor no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Caciques do partido buscaram uma instância própria, desvinculada do governo, para divulgar sua visão sobre a crise econômica e política. O partido reclama constantemente de ser alijado das decisões do Executivo.
O vice de Dilma chegou à reunião ao lado da cúpula partidária: os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, além do ex-presidente da República José Sarney, dos senadores Eunício Oliveira, Valdir Raupp e Romero Jucá, e dos ministros Eliseu Padilha (Aviação Civil) e Helder Barbalho (Portos). Publicamente, Temer negou que o PMDB planeje deixar os cargos, embora o rompimento tenha sido defendido pela maioria dos oradores. Um dos mais eloquentes, o ex-ministro Geddel Vieira Lima (BA) disse que o partido sempre teve papel "periférico no governo".
"Temos que ter a coragem de abandonar os cargos nesse governo. Faço já meu mea-culpa por dele ter participado. O PMDB é e haverá de ser sempre maior que meia pataca de ministérios e cargos públicos", afirmou. "Impeachment não depende da gente. O que depende da gente não é o afastamento da presidente, mas o afastamento do PMDB da presidente", disse Geddel, que fez campanha pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) na campanha do ano passado. "O PMDB embarcando naquela canoa com o PT virou coparticipe de um estelionato eleitoral." Desde a convenção eleitoral de 2014, o PMDB rachou entres os que apoiam Dilma e os oposicionistas.
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