Os ataques foram planejados para mostrara que a França continuaria a ser um dos principais alvos para o grupo jihadista enquanto o país prosseguisse com suas políticas atuais, disse o grupo em um comunicado.
Atiradores e homens-bomba mataram pelo menos 127 pessoas em ataques de sexta-feira.
Mais cedo neste sábado, o Estado Islâmico distribuiu um vídeo sem data ameaçando atacar a França se bombardeios a seus combatentes continuasse.
Vídeo do Estado Islâmico fala para muçulmanos atacarem na França
CAIRO (Reuters) - O Estado Islâmico divulgou um vídeo sem data neste sábado incitando muçulmanos que não podem viajar para a guerra santa na Síria realizarem ataques na França, um dia após atiradores e homens-bomba matarem pelo menos 127 pessoas em Paris.
"Vocês certamente receberam ordens para lutar contra o infiel onde ele estiver - que vocês estão esperando? Há armas e carros disponíveis e alvos prontos para serem atacados", afirmou um militante do Estado Islâmico, ao lado de outros combatentes, no vídeo.
"Mesmo veneno está disponível. Então, envenene a água e a comida de pelo menos um dos inimigos de Alá."
China pede solidariedade no G20 em razão de ataques a Paris
BELEK, Turquia (Reuters) - Eventos como os ataques em Paris tornaram crucial para as economias mais importantes do mundo ficarem fortes e aumentarem a sua solidariedade quando se reunirem em uma cúpula neste fim de semana na Turquia, afirmou neste sábado o vice-ministro das Finanças da China, Zhu Guangyou.
Líderes do Grupo das 20 (G20) principais economias do mundo, incluindo os Estados Unidos, China, Japão, Rússia, Canadá, Austrália e Brasil, vão se reunir no domingo e NA segunda-feira no resort mediterrâneo de Antalya, para discutir questões econômicas globais principalmente, mas também os ataques Paris também descobrir.
"Embora reconheçamos os riscos colocados pelo terrorismo e seu grande impacto negativo sobre o desenvolvimento econômico, devemos dar a nossa devida resposta a isso", disse Zhu, em uma entrevista coletiva em Belek, sudoeste da Turquia, falando através de um intérprete.
"Devemos trabalhar juntos, temos de melhorar a nossa solidariedade.
Presidente da França diz que ataques em Paris foram um "ato de guerra" do Estado Islâmico
"PARIS (Reuters) - O presidente francês, François Hollande, disse neste sábado que os ataques em Paris que mataram 127 pessoas foram "um ato de guerra", organizado do exterior pelo grupo Estado Islâmico com a ajuda interna.
"Diante da guerra, o país deve tomar medidas adequadas", disse ele, sem explicar o que isso significava.
Hollande disse que iria falar ao Parlamento na segunda-feira em uma reunião extraordinária e que anunciou três dias de luto oficial pelas vítimas dos ataques de sexta-feira.
Os ataques em um estádio, sala de concertos e cafés e restaurantes no norte e leste Paris foram "um ato de guerra cometido pelo Daesh que foi preparado, organizado e planejado de fora (da França)" com a ajuda de dentro da França, afirmou Hollande, usando o acrônimo árabe para Estado Islâmico.
"Todas as medidas para proteger os nossos compatriotas e nosso território estão sendo tomadas no âmbito do estado de emergência", disse.
O ataque coordenado ocorreu no momento em que a França, um dos países fundadores da coalizão que tem realizado ataques aéreos liderados pelos Estados Unidos contra combatentes do Estado Islâmico na Síria e no Iraque, está em alerta elevado para atentados terroristas antes de uma conferência climática global no fim deste mês.
TERROR EM PARIS – O Estado Islâmico chegou ao Ocidente (por REINALDO AZEVEDO, DE VEJA.COM)
Foi um ataque horripilantemente espetacular, a evidenciar que o mal já está na França — ou, se quiserem, está entre nós. Não é preciso ter muita imaginação para saber a origem: é claro que estamos falando do Estado Islâmico. Ainda que não se constatasse um liame formal com aqueles delinquentes, há um vínculo que é dado, vamos dizer, pelo espírito do tempo. Os franceses participam dos ataques aéreos às bases terroristas na Síria. O primeiro foi desferido no dia 30 de setembro
Pois é… Depois de um ataque dessa dimensão, a França tem uma dupla preocupação. Com uma enorme população de origem árabe, o terrorismo encontra facilidades extras para se esconder entre pessoas decentes — sempre lembrando que o Estado Islâmico tem conseguido também, o que é espantoso, seduzir jovens ocidentais sem qualquer vínculo anterior com o islamismo.
E dessa realidade factual decorre um problema muito fácil de explicar e muito difícil de resolver. É claro que vão crescer o preconceito e a hostilidade às comunidades islâmicas de maneira geral — e árabes em particular. Por mais que se façam apelos à razão e que se demonstre que a maioria dos imigrantes e descendentes são pacíficos, é muito mais difícil combater o medo do que a efetiva ameaça.
Teóricos de um choque de civilizações entre os muçulmanos e o Ocidente certamente começarão a ser revisitados. Se tais teorias andaram, por um tempo, em baixa, o Estado Islâmico tem se encarregado de renová-las, uma vez que se mostrou capaz não de infiltrar terroristas em países ocidentais, como fazia a Al Qaeda, mas de mobilizar braços que já estão presentes nesses países.
Mais: a Europa vive uma espécie de transe com a chegada em massa de imigrantes muçulmanos, vindo das áreas da guerra, o que tem gerado a reação muitas vezes violenta de grupos xenófobos. É evidente que uma ocorrência como essa tende a acirrar ainda mais os ânimos.
E o pior de tudo é que resta um recado: esse terrorismo que consegue se esconder no seio da própria sociedade é muito difícil de combater. Infelizmente, não se faz isso sem um estreitamento das liberdades individuais e sem que cresça enormemente a vigilância do Estado sobre os indivíduos.
O terror não mata só pessoas. Mata também as liberdades individuais.
Os pelo menos 140 mortos provam que é preciso tratar Estado Islâmico de outro modo
O novo e espetacular atentado terrorista em solo francês demonstra que o Estado Islâmico, que nasceu debaixo do nariz das potências ocidentais, é muito mais perigoso do que se imaginava. Parece-me que é chegada a hora de as tais potências se perguntarem se bastam ataques aéreos para contornar o mal.
Sim, eu sei o que estou perguntando, aparentemente em contradição com os fatos. Afinal de contas, o atentado foi praticado em solo francês. Quando se conhecer a identidade dos terroristas, é possível que haja franceses entre eles — se não forem todos nascidos na própria França.
Ocorre que esses “emissários” ou “representantes” atuam hoje em nome do que está pretendendo se estabelecer como uma pátria. Parece claro a esta altura que simples ataques aéreos são insuficientes para vencer os delinquentes.
Ainda que o terrorismo em rede prescinda de um território específico — os desta sexta, reitero, muito provavelmente são nativos da França —, o fato é que as amplas áreas ocupadas pelo Estado Islâmico dão a impressão de que existe também uma “pátria” pela qual lutar.
Por improvável e até, vá lá, exótico que pareça, chegou a hora de as potências ocidentais se sentarem à mesma mesa de Vladimir Putin e planejar uma ação terrestre e fulminante, com ocupação do território, nas áreas dominadas pelo Estado Islâmico.
Talvez, por um tempo, as ações terroristas no Ocidente até se intensifiquem. Mas chegou a hora de constatar o óbvio: o que se passa por lá e os braços que essa gente mobiliza no mundo agridem a noção mais comezinha de humanidade.
TERROR EM PARIS – Dez meses depois do pior atentado da história da França, um trauma ainda maior
O ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, no dia 7 de janeiro, era, até esta sexta-feira, o pior da história da França. E o trauma na sociedade francesa já não era pequeno.
Parece não haver muitas dúvidas sobre a autoria dos ataques, não é mesmo? Estamos vivendo sob o risco do mal absoluto: o Estado Islâmico. Mas tratarei desse assunto em particular em outro post.
Quando houve o ataque contra o Charlie Hebdo, acusei a delinquência intelectual de certos analistas que, ora vejam, naquele caso, procuraram buscar os responsáveis entre as vítimas.
Mesmo aqui no Brasil teve início um debate asqueroso sobre o ânimo para a provocação do Charlie Hebdo. Nas sublinhas, o que se lia era o seguinte: “A culpa é das vítimas; elas provocaram!”. Por incrível que pareça, teve início uma peroração sobre “os limites do humor”, como se terroristas precisassem de motivos. Não! Ele só precisam de pretextos. E os pretextos estão fora da órbita da razão.
Se o ataque ao Charlie Hebdo tinha algum nexo com as charges de Maomé, os de agora se devem a quê? Os esquerdistas de plantão — que sentem uma estranha atração pelo extremismo islâmico — não queriam nem saber.
Na Folha, um tal Daniel Serwer, professor da Universidade Johns Hopkins, preferiu voltar suas baterias contra a extrema direita francesa, como se esta tivesse invadido a redação do “Charlie Hebdo” para fuzilar pessoas. Raphael Liogier, francês e professor de um observatório de religião, disse, numa fala de impressionante delinquência, que o “desafio real não são os muçulmanos”, mas “o fato de estarmos em uma sociedade em que existe um orgulho narcisista de quem era o centro do mundo e perdeu a influência”. Tudo seria fruto de uma crise de identidade dos europeus, entenderam?
Não por acaso, grupos de extrema esquerda no Brasil e vagabundos financiados com dinheiro público para fazer suas páginas asquerosas na Internet também não condenaram o ataque. Ao contrário: a exemplo dos terroristas que invadiram o jornal, querem controlar a mídia, querem limitar a liberdade de expressão, querem submeter as opiniões e as vontades a um ente de razão, a uma força superior que diga o que pode e o que não pode no país.
Esses novos atentados, 10 meses depois do trauma do “Charlie Hebdo”, serão vistos por muitos como o prenúncio de uma guerra entre dois mundos, mas travada em solo ocidental.
(por REINALDO AZEVEDO)