Em Governador Valadares (MG) o rio Doce está morto, diz diretor do SAAE de Baixo Guandu
Publicado em 13/11/2015 16:00
A contaminação extinguiu a vida no rio e impede o abastecimento humano. por Caio Miranda ([email protected])
Diretor do SAAE: o Rio Doce está completamente morto
Foto: Divulgação
Luciano Magalhães, diretor do SAAE, define a situação como aterradora. “A situação pode ser resumida em duas palavras: rio morto. Na última terça-feira (10), recolhemos amostras de três pontos do Rio Doce em Minas Gerais. O primeiro no Centro de Governador Valadares, uma água muita densa de rejeitos, a outra a 10km abaixo de Valadares e em Galileia. Somente a do Centro estava inviável de captação, impossível de tratar”, afirmou.
E completou: “Não serve mais para nada, nem para irrigação e nem para os animais, muito menos para consumo humano. O cenário é o pior possível. O Rio Doce acabou. Parece que jogaram a tabela periódica inteira. Nossa medida agora é buscar alternativas para captação de água. Já estamos fazendo um canal de desvio do Rio Guandu até a estação elevatória do SAAE”.
Os municípios de Baixo Guandu e Colatina, que dependem da água do Rio Doce para captação, ganharam um pouco mais de tempo até a chegada da lama contaminada. O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) divulgou boletim atualizado no final da tarde desta quinta-feira (12) e a nova previsão é que chegue a Baixo Guandu após segunda-feira (16), em Colatina, depois de terça (17).
Linhares, onde está localizada a foz do Rio Doce, também será atingida, com previsão para o dia 19. A cidade sofrerá danos, sobretudo no setor pesqueiro, mas não deve ter problemas no abastecimento de água. O município utiliza o Rio Pequeno para fazer a captação para consumo humano.
Em Baixo Guandu a alternativa analisada é fechar a represa do Rio Guandu. “Estamos nos reunindo com a prefeitura e as secretarias para arrumas formas de minimizar os impactos. Estamos tentando fazer uma solução paliativa pelo Rio Guandu, que a vazão já é bem menor do que o Doce, e está mais baixo ainda devido à essa seca prolongada. A Secretaria de Obras vai tentar fechar a represa do Rio Guandu, para que ele aumentar o volume de água reservada e depois vamos desviar, para que poder fazer a captação para o consumo”, explicou o diretor do SAAE.
O Governo Estadual divulgou nota nesta quinta (12), solicitando ao Governo Federal o apoio do Ministério da Integração Nacional e do Exército Brasileiro para enfrentar os problemas que serão causados pela passagem da lama de rejeitos pelo território capixaba. A principal preocupação é com o atendimento à população e fornecimento de água potável.
Lama está a 39km de Baixo Guandu (ES); Resplendor (MG) há 18h sem água
Foto: Sylvia Carvalho/Portal Resplendor
A distância entre Resplendor (MG) e Baixo Guandu (ES) é de exatos 39,5km, uma viagem que dura cerca de 40 minutos de carro, via BR-259. Apesar de a proximidade das cidades, a lama de rejeitos de minério da Samarco deve chegar aos municípios capixabas no início da semana que vem. De acordo com o boletim de monitoramento divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil nesta quinta-feira (12), a lama de rejeitos deve chegar a Baixo Guandu depois da próxima segunda (16).
Diretores da Samarco Mineradora, empresa cuja barragem rompeu em Mariana, em Minas Gerais, na última quinta-feira (05), afirmam que o volume de rejeitos que vazaram é de 62 milhões de m3, o que equivale a aproximadamente 24 mil piscinas olímpicas.
Foto: Stéphano Mattos/Portal Resplendor
Ela conta que com a suspensão de captação e distribuição de água cortados do rio Doce, a alternativa dada pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) seria coleta de água direto da nascente Córrego Barroso, local próximo à cidade. O transporte seria feito com o suporte de carros-pipa.
No entanto, a secretária-interina frisa que a empresa, que ficaria responsável pela prestação de serviço, ainda não fez quaisquer posicionamentos acerca do abastecimento.
Pelegrini relata que não pôde verificar se há peixes mortos no rio, informações de moradores da região, em manifestações em redes sociais, apontam animais mortos e sendo carregados pelo fluxo de lama que chega aos poucos na cidade.
Até o fechamento desta matéria, a companhia Copasa não atendeu à demanda feita por esta reportagem quanto ao não posicionamento da empresa acerca do abastecimento hídrico feito por meio de caminhões-pipa.
Baixo Guandu
Informações do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Baixo Guandu dão conta de que a captação e distribuição de água continuam sendo feito a partir do rio Doce.
No entanto, a água do rio Guandu, alternativa encontrada para abastecimento no momento em que a lama atingir o local, já está sendo analisada e tratada para que a população não sofra com a falta do bem hídrico.
Desde a tarde desta quinta (12), funcionários da Prefeitura Municipal de Baixo Guandu e do SAAE estão executando a limpeza do antigo canal da Usina Hidrelétrica Fritz Von Lutzow. O local dará passagem para tubulação que será construída para captação da água do rio Guandu, que será bombeada até a unidade de tratamento do SAAE.
O SAAE acredita que com a captação do rio Guandu, não falte água para a população no período em que o rio Doce ficar imprópria para consumo.
Campanha arrecada água mineral para cidades afetadas pela lama no Rio Doce
Foto: Pedro Permuy
O major Pimenta, que coordena esse trabalho, informou que até às 12h, desta segunda, foram doadas 162 litros de água mineral. Ele está confiante que as doações devem aumentar a partir desta tarde. “A gente vai precisar de muita água. Acredito que (as doações) vai melhorar”, disse.
Já empresas que quiserem ajudar com carros-pipa podem entrar em contato com a Defesa Civil, no telefone 9 9904-5736.
Linhares, que também é banhando pelo Rio Doce, não sofrerá alteração no fornecimento de água, já que a captação é feita no rio Pequeno.
A campanha foi anunciada pelo governo do Estado, neste domingo (8), na página do facebook.
Serviço
O que doar: Somente água mineral
Onde doar: Quartel do Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo.
Rua Tenente Mário Francisco de Brito, 100, Enseada do Suá, Vitória (ao lado da 3ª Ponte)
Contato: Defesa Civil Estadual - (27) 3137-4440
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Fonte:
Jornal ES HOJE/Vitória (ES)
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