Dólar anula a alta e volta a R$ 3,76, com certo alívio sobre Fed
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar reduziu a alta sobre o real e voltou abaixo de 3,80 reais nesta quinta-feira, reagindo a declarações de autoridades do Federal Reserve que levantaram dúvidas sobre a possibilidade de o banco central dos Estados Unidos elevar os juros no mês que vem.
Ajudou também o fato de a Comissão Mista do Orçamento (CMO) do Congresso impedir que haja abatimento na meta de superávit fiscal em 2016, aumentando a rigidez fiscal num momento de intensas desconfianças sobre as conta públicas.
Às 16:18, o dólar recuava 0,04 por cento, a 3,7681 reais na venda, após cair 0,58 por cento na véspera em meio a rumores de que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles poderia substituir Joaquim Levy como ministro da Fazenda. Na máxima desta sessão, a moeda chegou a 3,8270 reais.
"Alguns elementos pontuais aqui e lá fora trouxeram alguma tranquilidade na parte da tarde, tanto em relação ao Fed quanto em relação ao cenário fiscal (no Brasil)", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo. Ele ressaltou, no entanto, que as perspectivas de médio prazo são desfavoráveis nesses dois campos.
Várias autoridades do Fed vieram a público nesta quinta-feira adotando um tom mais cauteloso do que vinham fazendo nas últimas semanas. O presidente do Fed de Nova York, William Dudley, por exemplo, afirmou que o banco central precisa "pensar com cuidado" sobre quando dar início ao aperto monetário.
Em discurso no início da tarde, a chair do Federal Reserve Janet Yellen não teceu comentários sobre o assunto.
Boa parte dos investidores vinha apostando que o Fed elevaria os juros em dezembro, o que pode atrair para a maior economia do mundo recursos atualmente aplicados em países como o Brasil.
Operadores também afirmaram que a notícia de que a CMO derrubou a possibilidade de abatimento de até 20 bilhões de reais da meta de superávit primário do ano que vem foi encarada como positiva e ajudou a trazer alívio ao mercado.
Incertezas políticas e econômicas no Brasil, porém, mantinham a moeda norte-americana sob pressão, com muitos investidores evitando ativos denominados em reais. "O cenário ainda está muito difícil e há motivos para cautela", disse o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
Mais cedo, o dólar chegou a subir mais de 1 por cento, movimento que ofuscou parcialmente a perspectiva de mais entradas de recursos com a aprovação do projeto de lei que regulariza ativos não declarados de brasileiros no exterior, parte das medidas de ajuste fiscal enviadas pelo governo ao Congresso Nacional.
O mercado também minimizou o leilão de venda de até 500 milhões de dólares com compromisso de recompra pelo BC nesta tarde, a quarta operação desse tipo promovida neste mês. Segundo a assessoria de imprensa da autoridade monetária, a operação não serve para rolar linhas já existentes.
Operadores entendem que a atuação tem como fim atender à demanda por dólares típica de fim de ano, da parte principalmente de exportadores.
O BC também deu continuidade, nesta manhã, à rolagem dos swaps cambiais que vencem em dezembro. Até agora, a autoridade monetária rolou o equivalente a 4,732 bilhões de dólares, ou cerca de 43 por cento do lote total, que corresponde a 10,905 bilhões de dólares.
Operadores vêm ressaltando ainda que o baixo volume de negócios, que tem sido a regra nas últimas semanas, deixa o mercado mais sensível a operações pontuais. Por isso, não descartam a possibilidade de mais uma onda de volatilidade.
O mercado também continuava atento aos rumores de que Meirelles possa, eventualmente, substituir Levy. "A conclusão é que (a ida de Meirelles à Fazenda) seria algo positivo e os preços já refletem isso. Agora é esperar para ver as próximas notícias", afirmou o operador de uma corretora internacional.
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