Para Cunha, pedido do PSDB por afastamento não altera decisão sobre impeachment
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), garantiu nesta quarta-feira que a decisão do PSDB de pedir seu afastamento do cargo por causa das acusações de corrupção não altera sua decisão sobre os pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
"(Mudança) nenhuma. Minha decisão vai ser dada de forma técnica. Tenho de proferir decisões que eu consiga chegar aqui e explicar as razões técnicas. Não é uma decisão de motivação política, não haverá nenhuma mudança", disse o deputado, reiterando a previsão de manifestar-se sobre a questão do impeachment até o fim do mês.
Cabe a Cunha, como presidente da Câmara, aceitar ou não pedidos de impedimento da presidente.
O PSDB afirmou, em nota publicada em seu site, que "formalizou nesta quarta-feira posição favorável ao afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do comando da Casa". A bancada do PSDB na Câmara ainda considerou "um desastre" a defesa apresentada por Cunha relativa às acusações de envolvimento e corrupção.
Cunha disse não considerar a manifestação um rompimento, já que não havia uma alianção dele com o PSDB.
"O PSDB não me apoiou na eleição para presidente (da Câmara). O PSDB, aliás, teve um candidato, que foi o Júlio Delgado (PSB-MG), que está investigado na Lava-Jato, acusado de de ter recebido recursos do delator Ricardo Pessoa", disse.
Cunha referiu-se a acusação de Pessoa, que afirmou em depoimento a procuradores da operação que Delgado teria recebido 150 mil reais em doação de sua construtora. Delgado já negou a denúncia, afirmando que se encontrou apenas uma vez com Pessoa e que o dinheiro foi doado de maneira lícita ao diretório do PSB em Minas Gerais.
A bancada do PSDB na Câmara considerou nesta quarta-feira "um desastre" a defesa apresentada por Cunha relativa às acusações de envolvimento e corrupção.
REPATRIAÇÃO
Em entrevista na Câmara, Cunha disse ainda que espera que os deputados concluam ainda nesta quarta-feira a votação do projeto de lei de regularização de bens não declarados no exterior, que faz parte das medidas de ajuste fiscal enviadas pelo governo ao Congresso.
O governo tenta chegar a um acordo em torno de detalhes do projeto, como a divisão dos recursos oriundo das multas a serem cobradas na entrada dos recursos do país, mas o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), acredita que apesar disso a base "está unida para votar" o projeto.
A oposição já anunciou que fará obstrução à votação do projeto.
(Reportagem de Leonardo Goy)
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