Dólar despenca mais de 2% e vai a R$ 3,77, com BC e expectativa de entradas
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em baixa de mais de 2 por cento nesta terça-feira, maior queda sobre o real em mais de um mês, reagindo à atuação do Banco Central no câmbio e a expectativas de ingresso de recursos no país, em um movimento acentuado pelo baixo volume de negócios que tem caracterizado o mercado nos últimos dias.
O dólar recuou 2,39 por cento, a 3,7705 reais na venda, menor nível de fechamento desde.
Foi a maior queda diária desde 24 de setembro, quando a moeda norte-americana recuou 3,73 por cento em reação à atuação conjunta do Tesouro Nacional e do Banco Central para conter a intensa volatilidade que assolava os mercados financeiros locais.
"Há motivos para o dólar cair: o leilão do BC, a perspectiva de fluxo positivo e o fato de que comprar Brasil ficou barato", disse o operador da corretora de um banco nacional, sob condição de anonimato. Ele não acredita, no entanto, que o dólar deve se sustentar em níveis tão baixos, uma vez que, no cenário local, as preocupações econômicas e políticas persistem.
Investidores têm evitado fazer grandes operações nas últimas semanas, reduzindo o volume de negócios, com medo de serem pegos no contrapé em meio ao clima de incertezas.
Nesse contexto, o BC ofertou nesta tarde até 500 milhões de dólares com compromisso de recompra em leilão de duas etapas. Segundo a assessoria de imprensa do BC, a operação não teve como fim rolar contratos já existentes.
"O leilão de linha tira um pouco da pressão sobre o mercado porque oferece proteção em um momento de bastante volatilidade", explicou o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
Operadores afirmaram que o leilão também cumpre o objetivo de atender à demanda sazonal por dólares no fim de ano, sobretudo de exportadores.
Pela manhã, o BC fez ainda o primeiro leilão de swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, para rolar os contratos que vencem em dezembro, vendendo a oferta total de até 12.120 contratos. Se mantiver esse ritmo e vender sempre a oferta total, como tem feito nos últimos meses, a autoridade monetária vai rolar integralmente o lote do mês que vem, equivalente a 10,905 bilhões de dólares.
A queda do dólar sobre o real nesta sessão refletiu ainda expectativas de entradas de recursos no país, que ganhou ainda mais força devido à expectativa de que o projeto que regulariza bens não declarados de brasileiros no exterior seja votado na Câmara dos Deputados nesta semana.
Além disso, operadores citaram expectativas de fluxos de entrada ligadas a operações corporativas. Na véspera, a Hypermarcas anunciou a venda de seu negócio de fabricação e venda de cosméticos para a francesa Coty por 3,8 bilhões de reais.
"(Mas) com uma semana repleta de indicadores e eventos de primeira grandeza, aqui e no exterior, o dólar deve manter sua volatilidade nos próximos dias", disse o operador da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa.
Além do noticiário político no Brasil, ele ressaltou a divulgação de dados sobre o mercado de trabalho norte-americano na quarta-feira e na sexta-feira, que podem trazer mais pistas sobre quando os juros começarão a subir nos Estados Unidos.
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