Dólar amplia queda e vai a R$ 3,80 após ata do Fed
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar ampliou a queda e voltou a 3,80 reais nesta quinta-feira, após a ata do Federal Reserve reforçar apostas de que o banco central norte-americano só elevará os juros no ano que vem, o que tende a favorecer mercados emergentes como o Brasil.
A notícia deu mais combustível ao apetite por risco que vem predominando nos últimos dias nos mercados globais. A moeda norte-americana vinha recuando contra o real desde cedo, um dia após o Tribunal de Contas da União rejeitar as contas do governo do ano passado, decisão amplamente esperada pelo mercado.
Às 16:07, o dólar recuava 1,75 por cento, a 3,8093 reais na venda. Na mínima do dia, recuou 2,02 por cento, a 3,8002 reais, mas chegou a subir 0,75 por cento na máxima do dia, a 3,9062 reais, logo no início dos negócios.
"A avaliação inicial é que (a ata do Fomc) é 'dovish' e os mercados parecem concordar com isso", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta. "Esta tem sido uma semana ótima para o real, ao ponto em que eu começo a me preocupar. Quando a correção vier, pode ser forte".
A ata da reunião de setembro do Fed mostrou que acredita que a economia estava próxima de justificar aumento de juros em setembro, mas integrantes decidiram que era prudente esperar por evidências de que a desaceleração da economia global não está tirando os EUA dos trilhos.
A perspectiva de manutenção dos juros quase zerados nos EUA sustenta a atratividade de investimentos em países emergentes, que oferecem taxas mais altas. O mercado de juros futuros norte-americanos aponta que o aperto monetário só terá início em março que vem.
Após mostrar alguma volatilidade no início dos negócios, refletindo preocupações dos investidores com a situação política no Brasil, o dólar se firmou em queda ante o real durante a manhã. O parecer do TCU será enviado ao Congresso Nacional, que tem a responsabilidade para aprovar ou não as contas do Executivo, e uma rejeição pode dar força a eventual processo de impeachment contra a presidente por crime de responsabilidade fiscal.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta quinta-feira que acha difícil a Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso apreciar ainda neste ano o parecer do TCU.
"(A decisão do TCU) não é o fim do mundo e o mercado está mais tranquilo nos últimos dias. Acredito que o dólar deve permanecer abaixo de 4 reais por mais algum tempo", disse a operadora de uma corretora nacional, sob condição de anonimato.
Banco Central brasileiro deu continuidade nesta manhã à rolagem dos swaps cambiais que vencem em novembro, vendendo a oferta total de até 10.275 contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou 3,069 bilhões de dólares, ou cerca de 30 por cento do lote total, que corresponde a 10,278 bilhões de dólares.
(Por Bruno Federowski)
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