Após cinco altas seguidas, dólar cai ante real com ajustes e Fed
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda frente ao real nesta quarta-feira, ajustando-se após cinco sessões consecutivas de alta e depois que o Federal Reserve, banco central norte-americano, indicar que a possível alta dos juros ocorrerá neste ano na maior economia do mundo, sem grandes novidades.
A moeda norte-americana caiu 1,18 por cento, a 3,3293 reais na venda, após acumular avanço de 6,17 por cento nas últimas cinco sessões. Na véspera, no intradia, a moeda chegou à máxima de 3,4353 reais em 12 anos.
"O movimento hoje foi de correção. O mercado viu que talvez tenha subido muito deste a mudança das metas (fiscais) e, por isso, corrigiu hoje, com a ajuda do cenário externo mais tranquilo também", resumiu o economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto.
À tarde, o Fed manteve a taxa de juros, conforme esperado, e informou que vê melhora da economia e do mercado de trabalho nos Estados Unidos, deixando a porta aberta para o momento de alta de juros.
"O Fed indicou a melhora da economia, mas não deu nenhum sinal claro de que vai subir juros já em setembro", acrescentou Neto.
O avanço da bolsa chinesa nesta quarta-feira, após quedas fortes nas últimas sessões, também corroborou a tranquilidade nesta sessão.
Apesar do alívio, operadores ainda viam espaço para novas altas do dólar, refletindo o quadro doméstico de turbulências políticas e preocupações com a economia.
Essa aposta vem mesmo diante das expectativas de que o Banco Central eleve os juros básicos em mais 0,50 ponto percentual nesta noite, o que tende a aumentar a atratividade dos ativos brasileiros. A Selic está atualmente em 13,75 por cento.
Preocupações com a situação fiscal do Brasil, após o governo cortar suas metas para este e os próximos dois anos, vêm alimentando temores de o país perder seu grau de investimento, corroboradas pela piora da perspectiva da nota brasileira pela Standard & Poor's na véspera.
O JPMorgan aumentou nesta manhã suas projeções para o câmbio, passando a ver a moeda norte-americana a 3,55 reais (3,25 reais antes) em dezembro de 2015 e 3,70 reais (3,40 reais antes) em junho de 2016.
"Embora seja provável que o BC continue com o aperto monetário, acreditamos que o prêmio de risco continuará elevado nos próximos trimestres, ofuscando o maior diferencial de juros", escreveram os analistas Diego Pereira e Cassiana Fernandez em nota a clientes.
Investidores também aguardam sinalizações do BC sobre suas intervenções no câmbio por meio dos swaps cambiais, equivalentes a venda futura de dólares. Segundo operadores, se o BC sinalizar que pretende rolar cerca de 60 por cento do lote para setembro, correspondente a 10,027 bilhões de dólares, como deve fazer com os que vencem em agosto, o mercado entenderá que a autoridade monetária está confortável com o salto recente da moeda dos EUA.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total no leilão de rolagem de swaps cambiais de agosto. Com isso, já rolou o equivalente a 5,977 bilhões de dólares, ou cerca de 56 por cento do lote que vence no mês que vem, que corresponde a 10,675 bilhões de dólares.
(Reportagem adicional de Flavia Bohone)
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