Na Folha: Reduzir meta fiscal é ilusão e pode até aprofundar arrocho, diz Levy
Em meio a uma disputa interna no governo sobre o tamanho do aperto nas contas públicas neste ano, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) disse à Folha que reduzir a meta fiscal é uma "ilusão" e pode até levar a um aprofundamento do arrocho.
Bem-humorado, apesar de derrotas recentes no Legislativo, Levy recebeu a Folha na quintafeira (16) à noite em seu gabinete e foi logo dando seu recado: "Os observadores às vezes têm uma ilusão. 'Ah, então baixou a meta porque acabou o ajuste'. Na verdade, se tiver de baixar, é porque o ajuste tem de continuar, tem de se aprofundar".
Depois de uma hora de entrevista, fez questão de reforçar sua visão sobre a disputa que o coloca em lado oposto ao da ala política do governo e do Ministério do Planejamento, defensores de uma redução imediata da meta fiscal. "É ilusão, 'baixou a meta, então acabou o ajuste'. Não, baixou é porque vai ter mais ajuste", repetiu.
Levy elabora medidas para tentar assegurar a economia de 1,1% do PIB estabelecida pela meta. A ala política quer baixála para 0,6%, a fim de gastar mais. O Planejamento argumenta que ficou impossível cumprila em ano de recessão.
Criticado por falar só em ajuste fiscal num ano de recessão, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) diz que "a fraqueza da economia" não vem das restrições orçamentárias, mas justamente das "incertezas e indefinições" porque o ajuste não está completo.
Segundo ele, os "cenários assustadores", como uma retração de 2% do PIB, não vão acontecer se medidas estruturais reanimarem a economia, e o Brasil não perderá sua nota de bom pagador se conseguir concluir o ajuste.
Folha - O debate do momento na área econômica do governo é se a meta fiscal será ou não reduzida. O sr. concorda com a redução defendida pela ala política e pelo Planejamento?
Joaquim Levy - Não tem fláflu. Os observadores às vezes têm uma ilusão. É importante as pessoas não terem essa ilusão. As pessoas pensam: "Ah, então baixou a meta porque acabou o ajuste". Na verdade, se tiver de baixar a meta, é porque o ajuste tem de continuar, se aprofundar.
Leia a notícia na íntegra no site Folha de S.Paulo.
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