Levy alerta para dificuldades em 2016 se medidas não forem implementadas
(Reportagem de Luciana Otoni)
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, alertou nesta quinta-feira, em entrevista à Rádio CBN, que o país poderá postergar a volta do crescimento caso as medidas de ajuste e de reorganização da economia não sejam implementadas com rapidez.
"Temos que agir rápido. Se não tomarmos ações tanto na parte do ajuste quanto na reorganização da economia vamos postergar a recuperação. Ao invés de 2016 ser ano de crescimento e inflação baixa podemos ter um ano um pouco mais difícil", disse Levy à emissora de rádio.
Levy se reuniu nesta manhã com a equipe da agência de classificação de risco Moody's que está no país recolhendo dados e informações sobre a economia brasileira para eventual revisão da nota de crédito brasileira, atualmente Baa2 com perspectiva negativa.
Levy disse, na entrevista, que expôs à missão da Moody's que a economia brasileira enfrenta desafios no curto prazo, mas está se ajustando para voltar a crescer.
Mesmo reconhecendo que o desempenho fiscal neste ano não está sendo o esperado, o ministro ressaltou que o país está reorganizando as suas contas.
"Não tivemos um fiscal muito apertado, mas demos uma organizada", afirmou o ministro à Rádio CBN.
A meta de superávit primário de 2015 é de 66,3 bilhões de reais, correspondente a 1,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Mas com a fraca arrecadação e gastos elevados, o governo não conseguiu fazer economia para o pagamento de juros da dívida, registrando em 12 meses encerrados em maio déficit nominal de 0,68 por cento do PIB, de acordo com o dado mais recente divulgado pelo BC.
Na entrevista, Levy também defendeu a votação do projeto do senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) que regulariza recursos não declarados de brasileiros no exterior mediante o pagamento de uma alíquota de 17,5 por cento de Imposto de Renda e de uma multa de 17,5 por cento.
Os recursos arrecadados com a cobrança da multa serão utilizados para compor dois fundos recentemente criados que viabilizariam a reforma do ICMS.
O ministro voltou a defender o avanço das medidas que tramitam no Congresso relacionadas à reforma do ICMS, dizendo que a mudança nas regras do imposto estadual faz parte de uma agenda capaz de recolocar o país na rota do crescimento.
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